O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Musicando a Tristeza

 




Rodolfo Pamplona Filho



Musiquemos a sensação...

A tristeza é inspiração...

O que machuca também ensina

e o sofrimento não precisa

ser uma eterna sina...

Somos movidos  a amor

e - porque não dizer? - a dor...

Somos o Som e a Dor...


Brasília, 14 de março de 2013.

domingo, 29 de novembro de 2020

Ansiedade


 



Rodolfo Pamplona Filho


Ansiedade causa desconforto 

Insegurança 

Nervosismo


Ansiedade causa revolta

Instabilidade 

Histerismo


Ansiedade causa dor

Transtorno 

Depressão 


Ansiedade causa marcas

que abalam

o coração 


Mas pare para pensar

ansiedade por outro olhar:

ansiedade é também 

porque não controlamos o tempo

para fazer andar mais rápido

e chegar no momento 

pelo qual ansiamos 


Ansiedade é apenas a prova

de que queremos muito 

o que está por porvir 

é que tem tudo 

para ser inesquecível...


Controlemos a ansiedade

e aguardemos o porvir!


Salvador, 16 de novembro de 2020.

sábado, 28 de novembro de 2020

Hipocrisia Útil







Rodolfo Pamplona Filho


Na porta do elevador,

ela me diz: - Bom dia!

Eu abaixo os olhos

e digo: - Bom dia!

E a vida continua...


Subimos silenciosos,

cada um para seu andar,

como se momentos embaraçosos

não interferissem no andar

E a vida continua...


E a vida continua...

E a vida...

E...

?


Salvador, 08 de março de 2013.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Minha Justificativa




Rodolfo Pamplona Filho


Álibi 

Disfarce 

Desculpa

Enganação 

Tudo armado 

só para dizer não!

O que se inventa

para não assumir

o que realmente 

faz ou fez,

dos ovos, o frigir

para todos, fingir

para o mundo, fugir

na vida, não se permitir.


Salvador, 15  de novembro de 2020.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Oportunidades

 





Rodolfo Pamplona Filho 


Oportunidades surgem

e despreza-las

é sintoma de empáfia


Oportunidades passam

e não aproveitá-las

é o início da depressão


Oportunidades vão embora

e perdê-las

é arrepender-se pelo resto da vida.


São Paulo, 20 de novembro de 2016.

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

A Maior Tentação da Vida

 



Rodolfo Pamplona Filho


Diaba

Demônia 

Seu olhar paralisa 

qualquer reação 


Anjo caído 

Satanás 

Sua beleza ilumina 

qualquer ambiente 


Como o mundo é diferente 

quando a gente se apaixona

por alguém tão exigente,

uma verdadeira amazona,


que cavalga minha mente

e faz vir à tona,

assim tão de repente,

o que a vida proporciona:


um amor tão envolvente,

que acende minha testosterona,

para que um dia, a gente 

possa fazer uma maratona 


de amor sem fim,

de carinhos, enfim,

pois tudo que eu quero

é ter você para mim.


Salvador, 15 de novembro de 2020.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

A gente era feliz e não sabia





Rodolfo Pamplona Filho


quando o máximo da produção 

era uma novela de época;

quando demorava no trânsito 

há mais de uma década;

quando reclamava do calor

antes do aquecimento global;

quando sonhar com um amor 

era o caminho natural;

quando fazia refeição 

em viagem de avião;

quando era a inflação 

nossa maior preocupação;

quando tínhamos de decorar 

toda a taboada;

quando o carburador 

era a peça mais complicada;

quando tínhamos de nos preparar 

para uma sabatina;

quando podíamos caminhar

da casa até a esquina;

quando éramos inocentes 

do que está ao nosso redor;

quando éramos só sementes

e não estávamos sós...


No voo para Brasilia, na madrugada de 29 de novembro de 2016.


segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Rede de Tapasteiro




Rodolfo Pamplona Filho


A vida é um ciclo pesqueiro,

como uma rede de tapasteiro:

o que parece um refúgio corriqueiro 

também pode ser um puçá traiçoeiro...


Em vez de nadar à vontade 

na espera do sorriso ou da nuance,

quer-se a pura comodidade 

do conforto ao seu alcance 


sem perceber que o leito

pode ser armadilha fatal,

cujo único certeiro efeito 


e ser a cilada mortal 

que mostra haver dia de pescador

e dia de morrer de pavor...


Salinas de Margarida, 02 de novembro de 2020.

domingo, 22 de novembro de 2020

O Lado Bom das Coisas



Rodolfo Pamplona Filho


Na vida, tudo tem

seu lado bom e seu lado mal

e o mais importante, afinal,

é saber com que olhar

se vai tudo enfrentar.


Eu não vou lamentar

se não nos deixam ver

o segundo tempo do jogo:

eu agradeço por ter

visto o primeiro com você...


Também não choro

por termos perdido o vôo

e chegado atrasado no show,

mas, sim, fico feliz por ter ido

e visto seu esforço incontido...


Eu não reclamo, nem no íntimo,

por você não agüentar meu ritmo,

mas, sim, acho sensacional

a sua vontade descomunal

de tentar me acompanhar...


Não se trata de acomodação,

nem de vil subserviência,

mas, na verdade, é dar razão

à mais clara consciência

de que a paz é a melhor solução.


Eu não tenho tudo

que realmente gostaria

e, nem de longe,

o que eu poderia,

mas encontro felicidade


em compartilhar, de verdade,

uma relação de parceria,

que, longe de ser fria,

é um porto tranqüilo e seguro,

onde encontro um amor puro,


pois o lado bom das coisas

é não ter qualquer medo

de, sem perder o próprio zelo,

entregar-se totalmente,

vivendo apenas o presente.


Salvador, 30 de setembro de 2011.

sábado, 21 de novembro de 2020

O Ornitorrinco e o Pensamento Científico





Rodolfo Pamplona Filho


O verificacionista

acha que é possível

atingir a verdade.

O cético acha, na vista,

não ser possível,

logo não há verdade

(ou nada há a alcançar...)

É preciso ser falsificacionista,

para aprender com o errar...


A falseabilidade é a base

para se aproximar da verdade.

Por isso, são pilares:

a prática da testabilidade,

o substrato da corroboração

(o desenvolvimento como tradição)

e a força da verossimilhança

como lógica provável que alcança

a proximidade da realidade.


Se não fizer isso,

confunde-se fé com ciência...

Se não fizer isso,

perde-se a esperança na crença...

Se não fizer isso,

despreza-se a consciência...

Se fizer isso,

pode-se a mente abrir...

Graças a isso,

o ornitorrinco pode existir...


Salvador, 04 de outubro de 2011.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Soneto para Seus Cabelos




Rodolfo Pamplona Filho


Sinto um maravilhoso perfume

que me encanta e inebria,

trazendo, de repente, a lume

a minha louca fantasia


de ver seus cabelos correrem

como um rio negro caudaloso,

que faz meus nervos tremerem

em seu ritmo gostoso e impetuoso,


que desce as corredeiras

de suas costas altaneiras

e vem tranquilo repousar


em pontas tentadoras,

fascinantes e voadoras,

onde quero descansar...


Salvador, 05 de outubro de 2011.

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Convicção da Condição de Cativo

 





Rodolfo Pamplona Filho



O que fazer quando

não se tem mais jeito?

Resignar-se

e aceitar a impossibilidade

ou tentar se rebelar

na luta por um espaço ao sol?


A resposta parece óbvia,

pois a visão média

do homem normal

é de que ninguém deve se conformar

em passar mal

como se não fosse possível

construir um outro final!


Todavia, isso não é pacífico,

pois não existe padrão

para o que carrega na mente

ou no coração...


Sabe o tipo de gente

que não muda

e não tenta mudar nada?

Pessoas, para quem

as coisas são

por que sempre foram feitas assim

e que esta é

a única forma de fazer?


É a postura

de que nada mais tem jeito,

de que a tristeza é a amiga do peito,

de que o mundo é eterna prisão,

de que há problemas sem solução...


Para eles, eu digo:

a vida pode ser melhor, meu amigo!

Para toda tempestade, há abrigo...

Livre-se, finalmente, da CCC:

Convicção da Condição de Cativo!



Salvador, 26 de maio de 2011.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Soneto do Sono

 




Rodolfo Pamplona Filho

Há dias em que o olho pesa,

o cansaço se manifesta,

a boca insiste no bocejo

e todo o meu sincero desejo


é que o mundo pare totalmente

para que descansem corpo e mente,

renovando o ânimo e a vontade

de viver tudo de verdade...


Pois, de fato, persiste

e da forma mais triste

um único e doloroso sentir,


consistente no lamento,

resumido em um só pensamento:

"por favor, me deixem dormir!"


Salvador, 19 de dezembro de 2011.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Proposta de Amor Eterno

 




Rodolfo Pamplona Filho


Quero fazer uma promessa

de encontrar a felicidade,

registrando-a na pele

como uma linda tatuagem,

marcada a ferro e fogo,

em carne viva e pulsante,

como nunca feito antes.


É a proposta definitiva

de um amor fortíssimo,

eterno e entregue,

que não vai deixar você

nunca mais se sentir

sem o arrebatamento

que faz a vida valer a pena.


Desejo poder levar você

aonde ninguém mais levou...

Quero ensinar o poder

do mais puro e sincero amor...

Você vai aprender a ser amado

com uma força tão intensa,

como ninguém amou até então!


Preciso fazer você entender

o quanto é lindo, fisicamente

(porque a beleza da sua alma,

você já conhece definitivamente).

Quero ser a amiga, a companheira,

a amante gostosa, fogosa parceira,

doida de tesão por seu cheiro...


Serei a mulher, a aluna, a inspiração que só dá amor, prazer, emoção.

Eu quero ser a cura efetiva

para os males do seu coração,

o aconchego da sua atávica solidão, seu divertimento, sua leveza,

sua sina, sua única certeza.


Porque é isso que você merece ter...

E é o que eu tenho para dar...

Esta é uma proposta para valer,

sem prazo para expirar...

Por isso, depois de tudo discorrer,

somente me cabe perguntar:

você me aceita assim?


New York, 15 de setembro de 2011

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Sobre um aprazível por do sol

 




Rodolfo Pamplona Filho


Qual é o sentido de parar

para simplesmente admirar

o instante perfeito do por do sol?

Ver o que todos vêm e não percebem

Guardar o que nem todos captam

Entender o que ninguém apreende


O por do sol

é mais do que

um horário de crepúsculo:

é a intensidade de um momento,

é o cessar de todo lamento,

é a força de um movimento..


Há muitas formas

e diversos ângulos

de se ver um por do sol:

tentando descrever o indizível,

testemunhando o incrível,

descobrindo o aprazível...


É preciso sentir a luz,

compreender o que seduz

e descobrir o que induz

a treinar um novo olhar,

acelerar o raciocinar

e viver para fotografar...


Rio de Janeiro, no Restaurante “Aprazível”, 09 de outubro de 2011.

domingo, 15 de novembro de 2020

Sobre o Ato de Cultuar



Rodolfo Pamplona Filho


Será que há uma mínima pista

do mistério que envolve os seus

seguidores fiéis de um artista,

de um político ou um Deus?


A idolatria ou fascinação

é de tamanha proporção

que não faz diferença

qual é o motivo da crença:


o encantamento estético,

um projeto técnico ou ético

ou a esperança da salvação,

na busca visceral por redenção.


Embora em qualquer lugar

se possa exercitar o louvar,

há sempre um lugar para tal ato,

seja um templo, palácio ou teatro.


Somente as suas canções

merecem ser entoadas,

como se outras versões

devessem ser rejeitadas...


E suas palavras impõem respeito,

proporcionando ordens ou prazer,

seja "Aleluia", "Eu Prometo",

"Toca Raul" ou "Bota pra fuder"...


Mas, ao contrário do que se pensa,

cultuar não é um problema,

desde que se saiba o que se avença,

para não cair em um velho esquema


de ser mera bucha de canhão,

vitima inocente de manipulação,

por quem quer apenas dominar

o que você tem a lhe dar:


sua vida, sua alma ou seu dinheiro,

doando-se por inteiro,

não, infelizmente, para seu bem,

mas para o deleite de alguém


que nem acredita no que você crê,

mas faz questão de parecer

que está além do que se vê,

sonhando pelo que ainda há de ser...


Por isso, pratique o seu culto,

da forma que lhe soar normal,

não cedendo ao interesse oculto

de pouco valer seu gosto pessoal...


... e seja feliz...


Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2011.

sábado, 14 de novembro de 2020

Soneto da Compreensão

 





Rodolfo Pamplona Filho


O que custa, sinceramente,

olhar com os olhos dos outros,

sentir a apreensão alheia

e dividir as dores vividas?


Custa o inestimável preço

da coragem de sair do casulo,

descobrir um novo mundo,

saber existir algo oculto.


Eu quero beleza do riso inesperado,

da lágrima e choro compartilhado,

da solidariedade sem explicação.


Viver de verdade é não ser algoz:

nada é de pedra entre nós,

salvo a indestrutível compreensão.


Salvador, 11 de outubro de 2011.

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

Resiliência

 




Rodolfo Pamplona Filho


É preciso

Gentileza

Nobreza

Compreensão

Atenção


É preciso

Amor incomensurável

Carinho inesgotável

Gratidão inestimável

Dedicação interminável


É preciso

Receber o porvir

Resistir

Reagir

Reconstruir


É preciso

Decência

Obediência

Paciência

Insistência


É preciso

Resiliência


Salvador, 11 de outubro de 2011.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Sensação de Anonimato

 




Rodolfo Pamplona Filho


Ficar sozinho na multidão,

sem ser reconhecido,

como apenas mais um peão

no tabuleiro vivido,

apenas observando

o que se passa na confusão,

em silêncio,

arrebatado pela admiração,

como se as palavras

fossem completamente inúteis

para transmitir

o estranho sentimento

de total isolamento,

em que viver o momento

é mero passatempo,

ansiando por um contato

que possa gerar, de fato,

alguma forma de conforto

em um espirito já morno,

cujo único retrato

é a sensação de anonimato.


Salvador, 11 de outubro de 2011.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

A mentira e a fantasia




Rodolfo Pamplona Filho


É preciso diferenciar

A mentira e a fantasia.

Enquanto a primeira

é pura destruição,

a segunda ajuda

no processo de construção.


Na mentira, há intenção

de iludir com uma enganação,

em que não há possibilidade

de dizer ser outra visão da verdade,

já na fantasia, o que há

é uma nova forma de encarar

a nua, crua e dura realidade

com uma pitada de criatividade.


Seja Papai Noel

ou a inocente cegonha,

não há porque ter vergonha

do que um dia se creu,

pois mesmo um Deus

já foi desacreditado,

por quem está do seu lado

e nada aconteceu...


Brasília, 15 de outubro de 2011.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Soneto do Instinto de Caçador




Rodolfo Pamplona Filho


Olhos de Tigre, presa localizada.

Desejo de Leão, cheiro de morte.

Respiração Controlada

como a preparar um bote


Entender como necessidade,

o que pode ser pura vontade...

Loucura e/ou sede quente

na manifestação de sua mente


Fazer do seu próprio ambiente

seu locus de caça consciente

como um terreno a demarcar


Instinto de caçador que não cessa

é essa sua sina e promessa

que vem te mover ou assustar.

Brasília, 15 de outubro de 2011.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Testando Deus





Rodolfo Pamplona Filho


Há gente que quer Deus provar,

não somente para experimentar,

mas também como um teste

de quem não tem ciência

de que há algo que rege

a sua vida e existência,

em uma espiritual convicção,

que não aceita demonstração,

por não haver jurisdição

que possa propor uma solução.


Se alguém precisa de prova

para ter plena certeza

do que se renova

e não está à mesa,

vai quebrar a cara,

desprazendo a jóia rara

de simplesmente acreditar

que existe força a controlar

o universo e o presente,

independente do que sente.


Falta sincera receptividade

e acolhimento de verdade,

fazendo juízo temerário

de quem se esconde no armário,

pois, consigo, condescendente

mas cruel com qualquer outra gente.

Só crê quem se submete

Só ama quem é pecador

Só sofre quem se mede

Só chora quem sabe o que é dor


Por isso, não ache que pode

explicar racionalmente

a um mundo que explode,

sem saber o que está em sua mente,

o que significa, enfim,

cultuar quem não tem fim,

pelo menos para aqueles

que se encontraram como seres,

decidindo louvar o invisível,

o que, para outros, é impossível.


Na síntese apertada

desta lição meio apressada,

a conclusão a se tomar

é simples como respirar:

viva tranquilamente sua fé e paixão,

sem se preocupar com a razão;

ou recuse, respeitosamente,

aquilo que levam à sua lente...

Aceite os dogmas seus,

mas não queira testar Deus!


Salvador, 24 de outubro de 2011.

domingo, 8 de novembro de 2020

Podar ou Lapidar

 


Rodolfo Pamplona Filho


Podar é direcionar,

cerceando galhos

que não interessam.

Lapidar é desnudar,

descobrindo a essência

que explica a existência.


Podar é amestrar,

incutindo valores

que se toma como essenciais.

Lapidar é educar verdadeiramente,

mostrando as consequências

possíveis de cada opção.


Podar faz a planta

virar obra de arte

do paisagismo de sua estética.

Lapidar transforma

a pepita em diamante,

revelando o que já existia.


Tanto podar, quanto lapidar

mostram o enorme potencial

do objeto que se aperfeiçoa.

Isto, por si só,

não é algo digno de dó,

mas, sim, de louvor...


Mas há uma diferença fundamental

que afeta o resultado final:

Se podar é cultivar

a beleza que se quer,

lapidar é cuidar

do conteúdo que se é.


Salvador, 23 de outubro de 2011.

sábado, 7 de novembro de 2020

Soneto da Mudança

 






Rodolfo Pamplona Filho


O que se compreendia de um jeito

pode ser entendido de outro...

O que parecia um defeito

hoje pode valer ouro.


Não ache que nada muda

pois pode ser tarde mais

quando a onda lenta e surda

trouxer a tona o que estava por trás


A ilusão da estabilidade

é mais uma desculpa

para não assumir a culpa


de não perceber a verdade

de que a única constante devida

é a mudança constante na vida.


Congonhas, na conexão de Salvador para Cuiabá, 28 de outubro de 2011.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Soneto da Fé na Humanidade

 







Rodolfo Pamplona Filho


Não perca a capacidade

de ser decepcionado,

achando que a humanidade

somente fará tudo errado.


Descubra que é possível, sim,

surgir algo completamente puro

de onde não se esperava, assim,

nada mais do que um coração duro.


Saber as causas ajuda muito

a dimensionar as consequências

e saber quais são as suas crenças,


pois blasfemar contra tudo é

aceitar sua arrogância como doença

ou confessar sua própria falência.


Congonhas, na conexão de Cuiabá para Salvador, 30 de outubro de 2011.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Sede de Saber

 





Rodolfo Pamplona Filho


Quanto mais se sabe,

mais se quer saber...

Quanto mais se viver,

mais se quer viver


Aprender é sede macia

que nunca sacia:

fome que não se mata,

fogo que não se apaga.


No dia que você disser, tonto,

que está finalmente pronto

para mais nada aprender,


pode cessar todo desejo

e esquecer o gosto de um beijo,

pois não há mais porque viver.


Congonhas, na conexão de Cuiabá para Salvador, 30 de outubro de 2011.

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Soneto da Falta de Inspiração




Rodolfo Pamplona Filho


Algumas vezes, tenho vontade,

quase uma visceral necessidade

de colocar no papel ou no teclado

idéias que pululam em meu telhado,


mas, por alguma  inexplicável,

fico completamente instável

e não consigo realmente traduzir

em palavras o que quero exprimir...


talvez seja uma crise temporária

ou mesmo o inicio da decadência,

mas o certo é que toda essência,


independentemente da faixa etária,

precisa exercitar firme a razão

para superar a falta de Inspiração.


Congonhas, na conexão de Cuiabá para Salvador, 30 de outubro de 2011.

terça-feira, 3 de novembro de 2020

Ritmos do Amor

 




Rodolfo Pamplona Filho


Um coração elegante e maduro

parece chorar em silêncio...

como um violino antigo e duro

que se calou em um momento tenso,


mas também pode ser latino,

doendo ruidoso, aos gritos,

ao som de um bolero argentino

ou de um tango de gardel, infinito...


a tristeza pode vir mansinha,

meio bossa nova ou rock and roll...

pode nem saber onde estou


mas vai procurar sua casinha,

batucando para superar toda dor

nos múltiplos ritmos do amor...


Congonhas, na conexão de Cuiabá para Salvador, 30 de outubro de 2011.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Fato, versão, boato ou Fake News

 





Rodolfo Pamplona Filho


Fato, versão, boato ou Fake News

No mundo contemporâneo,

não dá mais para acreditar

em nada que se lê 

ou mesmo que se vê.

Tudo que se diz 

pode ser um pouco de tudo:

pode ser fato;

pode ser boato;

pode ser apenas uma versão;

ou, da verdade, uma inversão,

no que se chama fake news...


Fato, versão, boato ou Fake News

Fato é o que ocorreu,

mas isso ninguém poderá 

realmente descrever;

Versão é a visão do fato,

que alguém assim entender;

Boato é o que se ouviu,

mas não se viu ou testemunhou;

e Fake News são as teorias 

que se constroem maldosamente 

em torno do que aconteceu supostamente.


Fato, versão, boato ou Fake News?

Não sei.

E é pouco provável que

alguém, de imediato,

possa saber ou diferenciar.


Salvador, 17 de agosto de 2020.

domingo, 1 de novembro de 2020

Vivências e Experiências

 




Rodolfo Pamplona Filho


Viver não deve ser

simplesmente sobreviver 

Viver deve ser 

um constante experimentar 

em que cada dia

traga novas sensações, 

em que a magia 

toque os corações

e que a ousadia 

rompa os grilhões 

de quem tem a mente vazia

apegada aos mesmos padrões.


Experiências 

que ocorreram e 

Oportunidades 

que não se realizaram

são o aprendizado 

que as vivências permitem 

construir um novo futuro.