terça-feira, 23 de agosto de 2016

Quando se domestica o Sagrado...


Rodolfo Pamplona Filho 

Quando o sagrado é domesticado​
e se esquece que não há lugar santo,​
mas, sim, santidade; 

Quando o deslumbramento é esquecido ​
e a proximidade vira intimidade​
e, não, reverência; 

Quando a Palavra caduca​
e se perde a atualidade da essência,​
que não se torna existência. 

Quando o ensinamento torna-se lei​
e todos se apegam à letra​
e, não, ao espírito; 

Quando a surpresa não convence​
e se confunde a fé​
com admiração; 

Quando a resposta converte-se em desculpa​
e se quer impor respeito,​
e, não, inspiração; 

Quando se perde de vista a universalidade,​
que existe em cada individualidade,​
e o mundo se divide em nós e eles,​
entre o bem e o mal, ​
em um monopólio dos interesses ​
das nossas verdades particulares,​
o véu não se rasga,​
o milagre não se realiza ​
e a cruz perde todo o sentido... 

Salvador, 07 de agosto de 2016, refletindo sobre Lucas 4, 14-30.  

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