O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

terça-feira, 17 de junho de 2025

Migalhas de Carinho

 



Eu mendigo

migalhas de seu carinho

como um cachorrinho

junto de sua mesa,

na esperança de, um dia,

encher minha barriga vazia

e meu coração sedento...




Salvador, 16 de janeiro de 2014


segunda-feira, 16 de junho de 2025

A Angústia como Companheira






Ter a angústia como companheira

 é viver mais das faltas

 do que das presenças


Ter a angústia como companheira

 é acreditar mais na previsão do tempo

 do que no céu lá fora


Ter a angústia como companheira

é perder a alegria e a vibração,

por causa do que não pode ser mudado


Ter a angústia como companheira

 é não experimentar por medo

 do que pode sentir...


Ter a angústia como companheira

 é querer viver em outro mundo

 em vez de reconstruí-lo pouco a pouco.


Ter a angústia como companheira

 é não aproveitar o tempo que resta

 enquanto se espera pelo inevitável fim.




No avião para Brasília, em conexão para Vitória, 21 de agosto de 2015

domingo, 15 de junho de 2025

Desmascarando o Canalha






Você se diz infinito,

acreditando que

seu poder é ilimitado,

mas está errado!


Você não passa de

um acidente da natureza,

um câncer da criação,

um tumor com ilusões de grandeza...


É hora de extirpá-lo...

jogando-o no lixo, que é o seu lugar,

para que eu dance sobre seu caixão

e escarre em sua sepultura...


Apenas mais irritantes que

as trombetas da moralidade alheia

(pois a própria não vale nada...)

só os sepulcros caiados

que posam de vestais nas cerimônias,

sem pudor da sua podridão interior...




Praia do Forte, 09 de março de 2011.

sábado, 14 de junho de 2025

Botões e Flores

 





Há botões que não viram flores,

brotos que não viram ramos

gotas que não fazem chuva

andorinhas que não fazem Verão!

Não chore pelo que não veio,

nem por aquilo que podia ser,

pois só se sente o que se viveu

e somente se sabe o que se sentiu...



Salvador, 14 de agosto de 2013.


sexta-feira, 13 de junho de 2025

Soneto das Cores

 





Ó, Deus, não me tire a luz

que me permite e seduz

ver a explosão de cores

ou um caledoscópio de amores!


Os raios que invadem a retina

permitem vislumbrar a sina

de quem não tem a felicidade

de conhecer a diversidade,


pois dominar a paleta do amor

é ser Senhor da mais bela arte

que transforma toda parte,


convertendo o cinza em cor,

para, no mundo, ser franco

e nunca mais ver em preto e branco.



Salvador, 07 de janeiro de 2012.


quinta-feira, 12 de junho de 2025

Soneto do Querer

 




 



Eu quero ter seu amor todo tempo

e a cada simples momento,

como se um incontido vento

me tomasse cada argumento...


Eu quero gritar para o mundo

tudo que carrego no peito

como um vazio sem fundo

que só é repleto no leito


onde descobri o imenso prazer

de compartilhar com você

a cama, os sonhos e a vida,


pois não há sede maior

do que quando se está só

no instante da partida.




Na Ponte Aérea Recife-Salvador, 26 de novembro de 2011.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Bom dia, flores do dia! (Soneto)





Como é bom celebrar

a chegada de um novo dia,

sem esconder a alegria

de os amigos reencontrar!


É maravilhoso ter o prazer

de, a cada manhã, saudar

aqueles que saem para trabalhar,

estudar ou simplesmente viver


Se houve tristeza no dia anterior,

pense apenas que já passou,

pois todo mal se esvazia


quando um sorriso ilumina a face

e a frase mais linda nasce:

"Bom dia, flores do dia!"


Guayaquil, 01 de outubro de 2013.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Duplo Soneto Ao Melhor Amigo



 


Perdoe-me se eu nunca disse antes,

mas eu te amo muito, meu amigo:

nada na minha vida é relevante,

se eu não puder contar contigo.


Acordei assustado de madrugada,

pois sonhei que tinhas ido embora,

Por isso, corri para, em palavras,

registrar o que senti agora:


se, por acaso, eu me for

antes da tua partida,

guardas bem esta despedida


pois significa o fim do torpor,

que aprisionava meu sentimento

para fazer este testamento:


na vida, fui, de tudo, um pouco:

sucesso e fracasso, médico e louco,

gozo e cansaço, perda e laço,

lágrima e amasso, soco e abraço.


Mas nada valeu mais a pena

do que descobrir a pequena

jóia que dois homens de verdade

podem fazer para a eternidade


saber que não importa a distância,

nem o choro incontido de criança,

ou o inevitável decurso do tempo,


O mundo jamais verá algo mais puro

do que a amizade que rompe muros

e dura mais do que o sopro do vento.




Buenos Aires, 21 de junho de 2011, 4:30 am.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Soneto da Sintonia Infalível





Ainda que divididos pelo Atlântico

e por fusos horários incompatíveis,

o que um sente de um lado,

o outro automaticamente responde.


Se um levanta assustado,

encontrará o outro conectado,

como se a energia gerada

fosse automaticamente repassada.


É realmente impressionante,

como tudo surge em um instante,

permitindo a imediata compreensão


pois o que, para muitos, é acaso,

para mim, é o mais evidente traço

de uma sintonia infalível de paixão.




Pamplona/Espanha, 03 de outubro de 2012.


domingo, 8 de junho de 2025

Testamento

 





Como seria bom poder controlar

os rumos da vida depois do meu passar,

em uma extensão pós-morte do querer,

como se houvesse luz após o anoitecer.


Ensinaria tudo que não deu tempo de falar...

Protegeria todos aqueles que aprendi a amar...

Apagaria os rastros dos meus erros no caminho...

Confortaria todos que ficaram sem carinho...


Pediria perdão a quem eu magoei...

Explicaria o que sentia quando chorei...

Mostraria o que é o fracasso e a glória...

Tentaria dar um sentido à minha história...


O registro autêntico da minha vontade

A declaração antecipada (e inútil) da minha saudade

A eternização da vida em um único momento

A força simbólica de meu testamento.




Salvador, 23 de maio de 2010