O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Rompendo



Rodolfo Pamplona Filho

E, de repente, o silêncio!!!
E o que era unidade
virou dois corpos abraçados
(mas não era a mesma coisa!)
E o silêncio persiste!!!
Palavras são emitidas,
mas parece não haver som
Confesso: estou com medo
(ela também!)
Medo de quê???
Medo de perdê-la
e nunca mais tê-la...
... de volta ... em meus braços
O rádio está ligado,
mas o silêncio continua... (insuportável!!!)
Fala-se sobre qualquer coisa,
mas o silêncio continua...
Será o fim?
Ou será apenas a explosão de outra neurose?
Enquanto escrevo,
meu corpo sua e treme!
Será febre?
Será medo?
Será que vou conseguir encontrar
alguém que eu goste de abraçar
alguém com quem eu possa conversar
alguém que eu possa amar,
sem ser você, amiga?
Acho difícil,
Acho impossível,
acho insuportável!
Mas, então, por que, meu Deus, por que?
Por que meu coração está confuso desse jeito?

Se eu a amo,
por que hesito?
Se não a amo,
por que existo?
Vejo seus olhos marejados
Sinto que ela vai chorar.
Se tenho vontade, por que não grito logo que a quero?
que a amo?
que a desejo?
Porque...
... sou imaturo
... sou um idiota
... sou influenciado por palavras que não vem da minha boca
nem da minha alma
nem do meu coração.
Mas, mesmo assim,
e por isso mesmo,
eu hesito quando
quando tudo seria bem mais fácil
e bem mais simples
se eu (mente, alma e coração)
apenas dissesse:

Meu amor, quero ficar contigo o resto de minha vida!

(11.10.92)

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Sorrisos


Rodolfo Pamplona Filho

Todo sorriso é um enigma
mais difícil que o da esfinge
pois não há saída: ele nos devora,
seja alegre ou seja triste!

Cada dente exposto,
cada expressão no rosto
contém uma mensagem
Cada olhar brilhante,
cada riso vibrante
transmite uma imagem

Ela sorri para mim?
Ou ela sorri de mim?
Compreender é tão difícil
quanto se espera um “sim”!
Não se sabe se um sorriso
é um beijo ou uma ironia!
Não se sabe se um sorriso
emana sarcasmo ou poesia!

Por isso mesmo,
repito sempre o lugar comum:
“Sorria sempre, mesmo
que seja um sorriso triste!
Pois antes um sorriso triste
do que a tristeza
de não saber sorrir!”

(1991)
Musicado por Iuri Lemos Vieira em 2006

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Esperança



Rodolfo Pamplona Filho

O futuro há de ser melhor do que o presente
e infinitamente superior ao passado recente,
pois guarda em sim um querer
que se renova a cada alvorecer

Não é o amor que difere o homem dos outros animais...
Não é a falta de guerra que garante a paz...
Não é a pesquisa lógica que impulsiona à solução...
Não é o remédio que traz calma ao coração...

É a força que move o doente à cura...
É o que faz a alma se manter pura...
É o que se sente no sorriso da criança...
É a mais clara forma de fé: a esperança!

Viver é o exercício da persistência
em um mundo que mina sua resistência
com armadilhas dolorosas nos pontos mais sensíveis,
criando obstáculos cada dia mais terríveis...

Mas nada disso realmente importa
quando a sensação que bate à nossa porta
é uma confiança inexplicável no amanhã
com um renascer da vontade a cada manhã...

Salvador, 23 de maio de 2010
Para Micael...

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

A Banalização da Morte



Rodolfo Pamplona Filho

A TV divulga, a rádio anuncia,
o jornal comunica
o saldo das mortes do final de semana...
o trânsito, o acidente doméstico
ou a costumeira e pontual queima de arquivo...

Normal...

Ouvimos impassíveis,
tomando o café nosso de cada dia,
no meio das notícias políticas
ou da alegria ou tristeza com
o resultado do jogo do nosso time...

Normal...

Não há espaço para indignação,
nem mesmo há tempo para isso...
A informação passa por
nossos olhos e ouvidos
como uma brisa imperceptível...

Normal...

O sangue escorre das imagens,
do som e dos papéis...
mas não se sente nada...
Anestesia coletiva, difusa e impessoal...
A apatia e a indiferença
não fazem acepção de pessoas...

Normal...
Normal?

Salvador, 16 de agosto de 2010, uma segunda-feira sangrenta...

domingo, 27 de agosto de 2017

Morrer é Doce!



Rodolfo Pamplona Filho

Quando em meu peito, romper-se a corrente
Que a alma me prende à dor de viver
Não quero por mim, nem uma lágrima,
Nem um suspiro, nem um sofrer...
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu passamento.
Não quero que um sorriso
Se apague pelo fim do meu triste tormento!

Viver foi peregrinar no deserto,
Procurando achar o que não estava escondido,
viver foi submergir no tédio,
Tentando encontrar o que já estava perdido
Quando se esgotar o meu suspiro,
Não desfolhe por mim sequer uma flor!
Não tornai outro ente matéria inútil.
Sozinho, da morte, deixai-me o torpor!

No meu epitáfio, escrevas:
Foi homem e, pela vida, passou
Como nas horas de um pesadelo
Que só, com a bela senhora, acordou

Descansem meu leito solitário
À sombra de um triste cipreste,
Numa floresta há muito esquecida
Onde não usurpem o que ainda me reste.
Este parece ser meu desejo final
Neste esperado momento de verdade nua.
Eis-me pronto para beijar a bela senhora
E ver como a morte é doce e crua!
(1989)

sábado, 26 de agosto de 2017

O Dia

Rodolfo Pamplona Filho

É hoje o dia!
E o sangue dá nova pulsada
como um atleta de corrida...
Será que, antes da chegada,
já será despedida?

É hoje o dia!
E a ansiedade
toma todo o corpo,
como se a vontade
aproximasse o porto...

É hoje o dia!
Mas que desespero!
A cada minuto de espera,
tenho um pesadelo
de que serei esquecido na terra...

É hoje o dia!
Tenho a esperança
de que tudo vai dar certo
toda vez que vem a lembrança
de que o momento está perto!

É hoje o dia!
Recebi a confirmação
de que não houve desistência,
o que faz meu coração
renovar sua resistência!

É hoje o dia!
É agora a hora!
Por isso, sem demora,
farei o que sempre quis:
apenas ser feliz.

Salvador, 26 de agosto de 2011.

sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Poliamorismo




Rodolfo Pamplona Filho

Por que não se pode
amar mais de uma pessoa
ao mesmo tempo?
Por que o ato de amar
exige uma exclusividade artificial,
como se o coração pudesse
ser controlado como
um bicho de estimação?

Para alguém ser completo,
é possível que haja mais de uma peça
para formar um todo,
que não é um quebra-cabeça,
mas, sim, um complexo prisma,
cujas faces são complementares,
não havendo verdade ou mentira,
pois tudo dependerá do ângulo que se mira...

Eu quero amar você eternamente,
mas não quero deixar de amar ninguém...
Eu quero ficar com você o resto da vida,
mas isso não significa viver só a dois...
Meu amor não é uma cabine simples,
com apenas dois lugares:
é um mar com vários ecossistemas,
uma galáxia com diversas estrelas...

Eu não quero a clandestinidade
de viver um amor marginal...
Quero uma relação de maturidade
em que haja entrega total,
sem a ilusão da única cara metade,
vivendo o múltiplo afeto da vida real.

San Francisco, 28 de setembro de 2010.

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Nem tudo pode ser para agora






Rodolfo Pamplona Filho

Eu tenho de aprender que
nem tudo pode ser para agora...
uma vida não se constrói
na virada de uma noite...
um exemplo não se toma
com uma única atitude...
uma família não se forma
com uma única paixão.

Eu tenho de aprender que
nem tudo pode ser para agora...
Roma não foi edificada
em um único dia...
uma carreira não se consolida
com uma única obra...
uma poesia não se faz
com um único verso...

Eu tenho de aprender que
nem tudo pode ser para agora...
um abraço caloroso
não significa algo mais...
um olhar encantador
não significa mais que um olhar...
falar “eu te amo”
não significa se entregar...

Eu tenho de aprender que
nem tudo pode ser para agora?
Por que não tentar?
Por que não agora?
Por que não?

Salvador, 19 de setembro de 2010, aprendendo a viver novamente...

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O poema que se perdeu






Rodolfo Pamplona Filho

Ontem, perdi um poema.
Apaguei-o, sem querer,
na multidão de meus textos
e não terei como recuperá-lo,
pois o sentimento de outrora
não pode mais ser vivido,
já que, se pudesse viver de novo,
nova vida eu teria
e não o mesmo caminho
que não necessariamente seguiria...

Racionalmente, quero reproduzir
a idéia que insiste em se repetir
pelo brilho do momento da criação
ou do sentimento traduzido à perfeição.
Quero me apaixonar de novo
pela surpresa da palavra lida,
pelo gosto do abraço imaginado
e pelo arrepio na pele provocado.

Resgatar o que não se aproveitou
de um passado que não volta atrás
é uma metáfora da própria vida
em que se quer, hoje,
viver o que se perdeu
e amar o que já não existe mais...

San Francisco, 29 de setembro de 2010.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Para um amor secreto






Rodolfo Pamplona Filho

Querido
Você nem imagina como estou ligada em você...
Você nem imagina como estou ligada a você
Eu me emociono só de pensar
em como seria maravilhoso
ouvir nossas musicas com você...

Descobrir sua essência, além da casca,
fez despertar o amor e a ansiedade de estar perto.
Quero ficar com você em meu colo, vendo o por do sol até a lua iluminar sua face...
Quero fazer um cafuné, deslizando minha mão sobre seus cabelos, ate sentir sua pele...
Quero beijar seu rosto delicadamente, ate fazer você acreditar que não está sonhando...
Quero até mesmo brigar com você, só para ter o prazer da reconciliação...

Você tem um efeito perturbador em mim...
É um sentimento forte, que toma todo meu pensamento...
que me anestesia em alguns momentos
quando imagino nossas vontades reunidas...
E a única coisa que me faz melhorar é chorar...
mas é um choro de alívio e de esperança
de que, algum dia, poderemos
rir juntos e felizes...
...apenas por estar pertos um do outro.
...e você tentar me calar...
...e eu continuar falando que nem uma matraca...
...e você rir porque se diverte comigo...
...e porque não consigo disfarçar
meu nervosismo
de ter transformado
essa fantasia em realidade...

Você é parte de mim,
não como um agente externo,
mas como um complemento de mim mesmo.
Nosso amor não tem amarras, nem barreiras...
e é como um primeiro namoro...
no qual ficamos ávidos por um contato...
na palavra e no carinho...
Não consigo mais pensar na minha vida sem ter você.

Você está fora de todo tipo de definição.
Não posso dizer que é meu amigo,
nem amante, nem ficante,
nem pretendente, nem confidente...
não há rótulos....
Não somos nada disso e, dificilmente, alguém compreenderia esta relação.
Ela está fadada a permanecer apenas na publicidade de nossas almas e corações.

É como se você fosse eu...
como se meu pensamento estivesse em você.....
Por isso que me completa....
e ninguém me entende...
então ninguém entenderia você, dessa forma, na minha vida...

San Francisco, 25 de setembro de 2010.

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Masturbação Intelectual





Rodolfo Pamplona Filho

É fácil impressionar os incautos
com linguagem gongórica nos autos,
repleta de neologismos
e recheada de estrangeirismos...

Arrotar uma cultura
que, definitivamente, não é pura
e que é impossível conquistar
em apenas uma vida a estudar...

Palestrar como se estivesse em ação
verdadeiramente em masturbação,
em busca solitária de prazer fútil
sem criar algo concreto ou útil...

Falar autores que ninguém ouviu falar
e escrever textos que ninguém lerá...
ou, se lerem, não entenderão,
já que não foram feitos
para ser compreendidos pela razão...

Manifestar seu pensamento
como se fosse o ressoar lento
da palavra sagrada de um Deus
tão arrogante que precisa dos seus
servos para bajulação no universo
e vitimas para seu sadismo perverso...

Tudo isso se vê e se sente
em muitos e diversos ambientes,
mas é quase onipresente
em todo ser vivente,
que, por estar há muito ausente,
esqueceu o que é ser inteligente.

Salvador, 10 de dezembro de 2010.

domingo, 20 de agosto de 2017

Voando pela primeira vez...





Rodolfo Pamplona Filho

As mãos gelam
As pernas pesam
Sinto um frio na barriga
que nunca senti antes

Embarque encerrado
A porta foi lacrada
Uma voz informa instruções...
...de emergência?

Quero uma mão para apertar,
um ombro para chorar,
um ouvido para gritar
tudo que tenho a relatar...

O motor é ligado...
Vejo a terra tremer...
Tudo começa a se deslocar
Meu Deus, onde fui parar?

Sinto que estamos subindo
Engulo em seco e abro os olhos
Respiro fundo e tomo coragem
de, finalmente, olhar a janela...

E tudo se acalma
com a beleza do mundo diminuindo,
com a certeza de que não estou caindo
com as nuvens do tapete de algodão
com um novo olhar longe do chão

E tudo se acalma
com um horizonte que é uma pintura
com a bonança depois da loucura
com a paz que se tem na altura
com um medo que fácil se cura

Voando pela primeira vez...

Para a menina que sentou ao meu lado, em pleno vôo da Azul, 26/10/2010

sábado, 19 de agosto de 2017

A Mais Linda Noite de Amor




Rodolfo Pamplona Filho

Quero passar a noite com você,
sentindo o gosto bom de sua boca,
respirando o perfume do seu corpo
e acariciando o seu rosto...

Quero segurar firme seus cabelos,
olhando direto em seus olhos,
passando a língua em sua pele
e abraçando forte o seu tronco...

Quero beijar cada parte do seu ser,
até ficar completamente sem ar
de tanto amor, de tanto amar...

E quero terminar esta noite casta
sem me entregar ao desejo carnal,
dormindo em seu seio um sono angelical.

Aracaju, 08 de outubro de 2010.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Green Eyes







Rodolfo Pamplona Filho

Once upon a time,
a man was looking for peace,
but all he found was darkness,
until he knows a special face:
Green Eyes...

Once in a life,
everyone has a chance
to learn the meaning
of beauty in the space:
Green Eyes...

Once, twice or a lot of times,
everybody has to live
with the hope of, finally,
be forever happy and young at heart;
Green Eyes...

There's no more seek
for a place to rest
There's no more need
to be always the best
All you really want to be with
It's... Green Eyes

Salvador, 19 de janeiro de 2011.

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Imagine a cena...


Rodolfo Pamplona Filho


Imagine a cena...
Eu, sozinha,
banho tomado,
camisola de seda
e uma taça de vinho...

Estou feliz por estar só
pois, neste momento,
poderei dormir tranqüila,
imaginando você ao meu lado
e me fazendo acreditar
que o que sinto
é o amor mais puro
e perfeito que já tive...

Sinto sua falta
e queria muito mesmo
estar aí com você....
Na verdade,
essa vontade
nunca vai passar
pois descobri em você
minha extensão...
minha essência
e meu maior prazer..

Pensa em mim, amor!
Eu, de minha parte,
não tiro você da cabeça,
nem do coração...

Salvador, 30 de outubro de 2010.


terça-feira, 15 de agosto de 2017

O mais Poderoso Golpe



Rodolfo Pamplona Filho

Quando você me maltrata
e me joga às traças,
como um brinquedo
que não se quer mais,
eu já não brigo, nem reclamo
e assisto impassível
a indiferença do seu desdém,
esperando um dia
em que eu possa reagir,
não com a violência
dos injustiçados
ou a truculência
dos revoltados,
mas, sim, com a suavidade
de quem ama
e voltou a se sentir amado...
Meu mais poderoso golpe
é e sempre será o meu beijo...

Santiago/Chile, 28 de junho de 2012.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A Perda da Inocência 3



Rodolfo Pamplona Filho

Procuro pelos heróis
que povoaram minha infância
e que velavam por nós
nas nossas lembranças...
Mas como considerar relevante
alguém com roupa colante,
quando se tem de passar
por um detector de metais,
para ir à escola, viajar
ou apenas se sentir em paz?
Como encontrar inspiração
quando os visionários reais
tiveram como retribuição
balas, um enterro e nada mais?
Será que tenho abrir mão
dos sonhos da imaginação,
pagando o alto preço
de ter de usar o pretexto
de que buscar a segurança
é perder a esperança
de que um Deus irá me proteger
para simplesmente compreender
que não há mais nada a fazer,
senão cada dia viver,
cuidando apenas de mim,
até o inevitável fim...

Campinas, 15 de novembro de 2015, no voo de volta a Salvador, meio desiludido com o mundo e a vida...

domingo, 13 de agosto de 2017

Exemplo

Rodolfo Pamplona Filho

Exemplo é ensinar com gestos,
conduta e comprometimento,
não somente com palavras
que se perdem com o vento...

O que adianta reclamar de ética
quando se frauda o ponto,
mete-se um atestado,
finge-se que não é consigo?

Como se exigir o cumprimento,
se faz tudo incompleto,
não capricha nas próprias tarefas,
orgulha-se das suas pendências?

Moral se compreende teoricamente,
mas não se aprende sem se viver,
não se internaliza sem sofrer
ou se testemunha sem saber.

A lição se aprende finalmente
quando o verbo se faz carne,
o ideal sai do armário
e a promessa vira ação.


São Paulo, 07 de junho de 2013, mas pensando em um péssimo exemplo
visto em Praia do Forte em 30 de maio de 2013.

sábado, 12 de agosto de 2017

Sábio Conselho (o poema)




Rodolfo Pamplona Filho

Aprenda
a não mais querer
sempre ser
o super homem,
assumindo tudo
ao mesmo tempo.
Vá cortando
o que for possível,
principalmente
o que dá
mais aborrecimento
que satisfação.
E tudo que não puder
ser sumariamente eliminado,
como o trabalho de subsistência,
batalhe para ajustar
para que seja mais prazer
do que sobrevivência
e aceite, resignado
(o que é diferente de passivo),
o que não puder ser alterado
ou não estiver a seu alcance.
Agir assim
parece mais difícil
do que realmente é,
porque a gente
não muda os outros,
mas pode mudar a si próprio...
Queira viver melhor,
desejando isso...
Simplesmente
comece
a rever
sua forma
de encarar a vida.


Salvador, 05 de setembro de 2013.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Soneto da Sintonia Infalível


Rodolfo Pamplona Filho

Ainda que divididos pelo Atlântico
e por fusos horários incompatíveis,
o que um sente de um lado,
o outro automaticamente responde.

Se um levanta assustado,
encontrará o outro conectado,
como se a energia gerada
fosse automaticamente repassada.

É realmente impressionante,
como tudo surge em um instante,
permitindo a imediata compreensão

pois o que, para muitos, é acaso,
para mim, é o mais evidente traço
de uma sintonia infalível de paixão.

Pamplona/Espanha, 03 de outubro de 2012.

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Soneto da Relação Cama, Mesa e Banho


Rodolfo Pamplona Filho

Adoro a idéia de uma relação
em uma nova e abrangente versão,
talvez com diferente tamanho,
na cama, mesa e banho...

Cama, por tudo que explode
ou, no mínimo, se pode
fazer em cima ou por causa dela
 (e não necessariamente nela);

Mesa, por ser uma refeição
de mil talheres de satisfação
e de inesgotável prazer;

e banho, por limpar da monotonia,
saciando minha sede, outrora  vazia,
com toda a plenitude do viver.

Salvador, 30 de julho de 2012.

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Vida sem Graça



Rodolfo Pamplona Filho

Fazer aniversário sem comemorar
Ouvir música sem cantar
Dormir cedo no Réveillon
Transar sem fazer som
Ir para New York e não curtir
Broadway ou Central Park
Contar piadas sem sequer sorrir
ou algo que, enfim, marque...
Querer carinho sem receber
Viver como se fosse inevitável sofrer...

Santiago/Chile, 26 de junho de 2012.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Como não entristecer?


Como não entristecer?

Rodolfo Pamplona Filho
Como não entristecer
quando seu parceiro
prefere comer uma marmita
em vez de almoçar fora com você?
Como não entristecer
se a sua carência
é vista como stress
ou crise de meia idade?
Como não entristecer
se o suposto desejo por você
é facilmente substituído
por uma ida ao mercado?
Como não entristecer
se tudo que se vive
é motivo para crise
e não se vê como sair?
Como não entristecer?

Salvador, 31 de julho de 2012.

domingo, 6 de agosto de 2017

Madrugada


Rodolfo Pamplona Filho

Fazer amor de madrugada
é mais do que parte do refrão
de uma inesquecível canção:
é a esperança de se ter
ainda muito a viver
em matéria de prazer...


Guayaquil, 01 de outubro de 2013.

sábado, 5 de agosto de 2017

Vida Morna

Rodolfo Pamplona Filho

Nem quente, nem frio...
Apenas morno...
Sem novas sensações
ou quaisquer emoções...
Em que um presente
de aniversario
é difícil demais de ser concedido,
mesmo que seja apenas
alguns momentos de seu tempo...
Mas nada disso importa...
É tudo sensibilidade exacerbada
como se bater à porta
fosse fazer nada...
E a vida segue igual...


São Paulo, 23 de junho de 2013

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

O Segredo da Felicidade


Rodolfo Pamplona Filho

O segredo da felicidade é
não esperar nada com vida...
não esperar nada pela vida...
não esperar nada na vida...
não esperar nada da vida...


Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2013, antes do show do Black Sabbath, refletindo sobre expectativas e frustrações....

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Todo mundo é vítima


Todo mundo é vítima

Rodolfo Pamplona Filho
Todo mundo é vítima
e ninguém assume a culpa
Todo mundo é vítima
e se pode fugir da luta
Todo mundo é vítima
e se empurra a responsabilidade
Todo mundo é vítima
e não se muda nada de verdade
Todo mundo é vítima

e há argumento para tudo
Todo mundo é vítima
e punir é um absurdo
Todo mundo é vítima

No Trem de Madrid para Pamplona, 02 de outubro de 2012.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Triste Fim?


Rodolfo Pamplona Filho

Será o fim?
Triste fim...
Na verdade, tudo muda...
Só não muda a mudança...
Tudo muda...
As mudas voltarão a florescer...
e os mudos e os mundos também...
Por aí...
Os exemplos vão ficar
e os trilhos voltarão a se encaixar...
depois...

Salvador, 24 de agosto de 2013, batendo papo com Bernardo Lima no What's up..

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Proteção



Rodolfo Pamplona Filho

Como você me protegeria,
se fosse meu marido?
Como você me mostraria
o sentimento de ter guarida
nesta longa estrada da vida?

Como você me abraçaria,
se eu fosse sua mulher?
Como você me entregaria
o seu corpo e seu coração
para cantar juntos uma canção?

Como a vida seria,
se isso não fosse uma fantasia,
se o sonho virasse verdade
e se o delírio se tornasse realidade,
convertendo a solidão em proteção.

Salvador, 12 de maio de 2012.