O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Soneto da Despedida do Apaixonado


Soneto da Despedida do Apaixonado

Rodolfo Pamplona Filho
Toques delicados e sorrisos leves,
sob a brisa do mar, ao anoitecer,
e os lábios sabem exatamente o que querem
quando o adeus tem que ocorrer

Preste atenção nos meus olhos:
eles brilham feito ouro
pois desejam, como poucos,
o teu amor sem decoro.

É difícil esquecer teu gosto
e ter que aceitar novos beijos
para manter nossos postos....

Meu coração está no abismo
e anuncia, a cada esquina, sem cinismo,
que a direção pode mudar..
Salvador, 29 de outubro de 2010.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Xenofobia


Xenofobia

Rodolfo Pamplona Filho

A raiz da xenofobia
é o medo de se perder
no tipo de amor e simpatia
que o mundo não quer ver.
É um clichê através dos anos,
desde o inicio dos tempos:
que, quanto mais seres encontramos,
mais nos isolemos...

A história não se cansa
de ver o ódio aberto
a quem se arrisca na dança
de um papel outrora incerto.
O universo está repleto
de histórias de amantes
que não ficam por completo,
só por ser de lugares distantes...

Romeu e Julieta, como exemplo,
é a pior história do universo do homem,
pois, em vez de celebrar um tempo
de amor entre desiguais no nome,
consagra a sua derrota
como se fosse a forma de paz
para a única resposta
da busca por algo a mais...

Por que ter medo de olhar para o lado?
Por que ter ódio do diferente?
Somente pelo temor escancarado,
virtual ou evidente,
de ser "contaminado"
por uma forma influente
de pensar, de crer,
de amar ou de ser...

A melhor forma de combater
o preconceito a outra crença
é se misturar, a não poder,
até não perceber a diferença...
O meio perfeito de terminar,
por completo, a discriminação
é não ter medo de buscar
a pura e simples miscigenação.

Praia do Forte, 30 de dezembro de 2010.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Vivendo Antônimos


Vivendo Antônimos

Rodolfo Pamplona Filho
Realmente, o que aconteceu
parece um sonho (ou um pesadelo?)
Um sonho que jamais imaginaríamos
realizado em tão pouco tempo...

Talvez por isso,
esteja sendo,
ao mesmo tempo,
tão maravilhoso e angustiante.

Sinto que encontrei uma musa
que me deixa à vontade
para fazer tudo que quero,
o que, definitivamente, é algo raro...

Perto de você, sinto-me, simultaneamente,
mais homem e mais mulher,
o que, em si, já é uma contradição,
mas que você entende perfeitamente...

Estar com você me faz bem.
Na verdade,
estar com você
é viver antônimos...

Quero viver
da forma que der...
da forma que for...
pois é isso que sinto quando perto de você...

Anseio por oportunidades assim,
mas, ao mesmo tempo,
quero me doutrinar e disciplinar
para não ficar tão dependente...

Se fosse somente carnal,
seria muito fácil de controlar...
Mas quero me convencer
que posso controlar isso também...

Se é difícil ficarmos juntos o resto da vida?
De forma alguma!
É a coisa mais fácil do mundo,
só não sei como...

É uma sensação
que beira à estranheza,
pois ficamos anos sem nos conhecer
e nunca sentimos falta verdadeiramente disso!

De repente, porém, parece que
o ar falta se não tiver um contato...
Nunca senti tanta ansiedade
Nunca senti tanta necessidade

na espera de um OK,
de uma resposta,
de uma mensagem,
de um abraço...

Você é meu macho e minha fêmea,
minha razão e minha loucura,
meu amor angelical
e meu tesão próximo do incontrolável...

Perto de você, sou forte e frágil,
sou lento e ágil,
proteção e dependência,
saciedade ou carência...

Vejo-me vivendo com você
(da forma que for),
brigando, sentindo sua falta,
amando, falando, chorando...

tudo com você é bom e bem..
é perfeito pra mim, paixão,
e, por isso, também
não pretendo abrir mão.

Sinto, hoje, que sempre quis
alguém forte e sensível;
que me deixasse acolhida e segura
(essa é a palavra que mais define você pra mim);

que quisesse dormir comigo
sem ter que pensar sempre em sexo;
que, mesmo não sendo,
ficasse frágil e dependente dele.

Sinto que você, no fundo,
queria uma mulher ao lado
que inspirasse a viver,
a escrever e a rir à toa...

sem métodos ou rotinas...
uma mulher que, ao mesmo tempo,
fosse forte e se tornasse frágil
com um abraço seu;

uma mulher que instigasse
suas fantasias mais abstratas,
suas vontades mais loucas
e não te julgasse pelos seus desejos;

O que é isso?
Sei que é amor...
Sei que é atração...
Sei que é paixão...

Mas é também algo
diferente de tudo que já senti...
Precisamos trabalhar isso...
Até para poder sobreviver a isso...

E manter este amor
pelo resto de nossas vidas,
sem machucar ninguém...
Vivamos. Também...
Salvador, 14 de outubro de 2010.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

O viço


O viço

Rodolfo Pamplona Filho
E se, de repente,
eu te dissesse que não queria mais
viver no mesmo teto, na mesma cama
e que tudo que planejamos
não era mais essencial pra minha chama

E se, de repente
eu te dissesse que meu coração foi tomado
por uma vontade imensa de viver
que não engloba a rotina
que você tem a me oferecer

E se, de repente,
a pergunta que aparecesse
fosse: "Você não me ama mais?”
ou “Você arranjou outra?"
Seria o comum a se falar
pois rupturas ensejam esse pensar

E se, de repente,
tudo que era sólido
se desfizesse no ar
como grãos de areia nas mãos de uma criança,
caindo incessamente na ampulheta da vida.

Isso tudo nada teria a ver com amor,
pois eu continuarei te amando
da mesma forma pura e feliz...
Isso tudo nada teria a ver com amor,
mas com o viço que eu sempre quis...

Será que este viço se perderá?
Se este viço, sem querer, se perder
não será por outro alguém,
mas pelo próprio destino maduro
de uma essência que quer mais do que se tem.
Salvador, 28 de outubro de 2010.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

As Lindas Rugas do Amor


As Lindas Rugas do Amor

Rodolfo Pamplona Filho
A clareza de nosso amor
já desponta sem pudor...
não se pode mais esconder
e nem vinte anos irão esmorecer

...o desejo da sua companhia...
...as doces palavras do nosso dia-a-dia...
...a relação de cumplicidade...
...essa relação de muitas verdades...

O tempo já não existe
e não adianta mais certos fetiches
pois nosso poema é eterno...
...e meu coração está completo.

E se tiver que esperar um tempo,
seja ele qual for,
garanto que, ainda assim,
vou te amar com o mesmo ardor,

pois, mesmo na espera,
dividiremos nossa vida
e cada ruga que desperta
será sempre mais linda.
Salvador, 14 de dezembro de 2010.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Tensão Sexual


Tensão Sexual

Rodolfo Pamplona Filho
Há uma estranha tensão
entre dois corpos em atração,
despertada, em um pulsar,
por um perfume, um olhar,
uma palavra proferida, solta no ar
ou, de pele ou cabelo, um leve roçar.

Não se trata de amor,
mas, sim, incontrolável calor,
como a bússola busca o norte,
como um imã atrai o ferro,
como o destino busca a sorte...
Assim é como eu te quero!

De 4 a 6 cordas, pode dar certo
ou pode explodir, longe ou perto,
pois quando o que se vê em hordas
funde-se, misturando tudo,
pode surgir um baixo de cinco cordas
ou uma guitarra sem o mi agudo...

Sei que, como um canalha, serei visto,
mas não quero ser canalha contigo...
Sei que confundem amor com sexo,
mas isto é por demais complexo
quando se deseja mutuamente viver
a realização plena do próprio ser!
Salvador, 13 de dezembro de 2010.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Pelos Filhos


Pelos Filhos

Rodolfo Pamplona Filho

Pelos filhos, fazem-se loucuras,
mata-se ou morre-se, passa-se fome,
sucumbe-se a travessuras,
muda-se até de nome...

Pelo amor aos filhos,
troca-se a aventura pela segurança,
a liberdade pelos trilhos,
a programação pela esperança...

Para ver os filhos crescerem,
renuncia-se a um grande amor,
chora-se até as lágrimas se perderem,
entrega-se aos leões sem medo da dor...

Pela felicidade dos filhos,
abdica-se da individualidade,
esquece-se a própria mortalidade,
vive-se como se não mudasse de idade.

Vivendo para os filhos eternamente,
corre-se o risco de se anular,
de desaprender a ser gente,
de nunca mais voltar a sonhar...

Mas, mesmo assim,
é uma opção consciente em cena...
um investimento sem retorno ou fim...
um sacrifício que vale a pena...

Praia do Forte, 26 de dezembro de 2010.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Vinte Anos


Vinte Anos

Rodolfo Pamplona Filho
Você esperaria vinte anos por mim?
Esperaria mesmo sem certeza do fim?

Esperaria ainda que sem perspectiva?
Esperaria sem ver sinais de vida?

Esperaria nossos pais falecerem?
Esperaria nossos filhos crescerem?

Esperaria nossa aposentadoria?
Esperaria renovar a luz do dia?

Esperaria diminuir o fogo sexual?
Esperaria esfriar o espirito de Natal?

Esperaria conseguir relaxar?
Esperaria reaprender a brincar?

Esperaria zerar meu trabalho?
Esperaria organizar meu horário?

Esperaria esquecer meu passado?
Esperaria encontrar novo significado?

Esperaria?
Esperaria?

Se você está disposta a enfrentar
tantos sacrifícios, sem demora,
eu não tenho que hesitar:
eu quero você aqui e agora!
Salvador, 13 de dezembro de 2010.

domingo, 23 de dezembro de 2012

Não te prometo nada


Não te prometo nada

Rodolfo Pamplona Filho
Não te prometo onde morar...
nem tão pouco como não surtar
quando a vontade de estar junto
fortemente apertar...

Não te prometo como agir...
nem tão pouco como não sorrir
quando a vida nos cruzar
e nossos olhos entrelaçar

Não te prometo vida confortável
nem tão pouco rotina estável
quando os sonhos insistirem em minar
toda forma padrão de amar

Não te prometo um anel de brilhantes
nem tão pouco que não aja com rompantes
quando quiser materializar
o que este sentimento tem a falar

E, sabe por que eu não te prometo nada?
porque você sempre me deu
a certeza de todo seu amor
também....
Salvador, 25 de outubro de 2010.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Deserto


Deserto

Rodolfo Pamplona Filho
Minha vida se torna um deserto,
se não consigo estar com você...
Por dentro, impera o tédio
e eu sofro por não poder...
... te amar
... te abraçar
... te lançar contra a parede
... e até chamar para brigar...

Agora, eu me valeria de tudo, amado,
para poder estar em seus braços,
sentir todo seu cuidado
e me deleitar nos seu afagos...
E a febre, com certeza, subiria,
mas, não, pela doença instalada,
e, sim, pelo ardor que se cultiva
dessas nossas vidas separadas....
Salvador, 25 de outubro de 2010.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Viver é um risco


Viver é um risco

Rodolfo Pamplona Filho
Até quando o corpo resiste
a dor de um amor que não se pode ter
porque o pensamento persiste
na sensação plena de ter você

Os sonhos se tornam rotina
viajam por lugares nunca idos
e ao fechar da retina
sucumbem aos mais diversos perigos

de uma palavra dita no meio da noite,
a qual entrega toda uma fantasia...
de um abraço diferente, com cara de açoite,
que concretiza toda nostalgia...

Mas este perigo vale a pena correr
porque nunca antes eu soube amar
e acho que, no momento de morrer,
isso vai ser o que vou levar.

Estamos aprisionados e amordaçados,
presos à liberdade de amar...
estaremos juntos, sempre apaixonados,
mesmo de forma torta, eventual ou a encontrar...

Concordo com você plenamente:
temos que ter muito cuidado,
por compreendermos perfeitamente
todo o risco corrido e criado

por esta paixão fulminante
que nos tomou de repente
e, a todo instante,
quero você em minha frente.

Ter um contato diário seu
me alegra na hora,
e, por mais perigoso que seja o breu,
até o medo vai embora...

até o trânsito fica mais leve
na sua companhia e enlace...
nem notei que chegamos breve...
ou não queria que terminasse?

Claro que tenho consciência, na boa,
de que não devemos deixar rastro
que possa magoar uma outra pessoa
que amamos e não compreende este laço.

Vamos cultivar essa necessidade
tão linda quanto parece
para não passar a vontade,
nem ferir quem não merece.

Mas confesso que é duro
(acho que para nós dois)
reprimir algo tão puro
que fez tanto bem depois...

O fato é que foi rápido demais
e, por isso, temos ansiedade
do que pode acontecer a mais
no mundo da realidade...

Embora não veja a menor perspectiva,
tenho a plena consciência
de que a paixão pode ficar inativa
ou esfriar com o tempo de convivência.

Mas o amor não...
É por isso que posso concordar
tranquilamente, sem emoção,
de que temos de redobrar

os cuidados com os rompantes,
normais em que está apaixonado...
o que eu não tinha há anos antes,
nem quando estava compromissado...

E ela me traz uma adrenalina
sensacional, mesmo morrendo
de receio da opinião feminina
ou da descoberta de um mundo horrendo.

Fique tranqüila que
não estou pressionando,
Só não abro mão de você
e isto estou confessando!

Você é, literalmente,
a minha musa inspiradora...
a droga que mexe com minha mente...
de tudo que vivo, a causadora...

minha reserva saudável de loucura,
que me entorpece e me inebria...
Você é o remédio que cura
a minha vida da monotonia.

Eu também te quero
pois você me deixa feliz...
Viver é um risco sério,
mas você é minha diretriz.

É muito mais que um arriscado plano...
É muito mais do que tudo isso:
Eu simplesmente te amo.
E você sabe bem disso.
Salvador, 25 de outubro de 2010.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Quando o dia termina....


Quando o dia termina....

Rodolfo Pamplona Filho
E o dia termina
sem teu cheiro em minha roupa...
E a noite começa
sem promessas loucas...

Mas a manhã renovará a esperança... 
de te amar a cada nova dança...
Sonhando com cada oportunidade
de renovar um amor de verdade...

E a saudade invade o vento,
toma todo meu pensamento,
arrebata a minha emoção
e fulmina meu coracao...

Nutrindo meu desejo constante
de estar com você a todo instante.
Por isso, esta é a minha sina,
quando o dia termina...
Salvador, 22 de outubro de 2010, no meio do Caia Cultural.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A Comodidade que Incomoda


A Comodidade que Incomoda

Rodolfo Pamplona Filho
Quando éramos pequenos,
nos ensinaram um ideal de felicidade
de uma vida estável e sem remendos
e de um amor sem insanidade...

Hoje, abrindo minha caixa dos sonhos,
vejo quão reais e bonitos eram,
pois de uma simplicidade e pureza,
que a todos agradava, com certeza!

A comodidade de uma vida perfeita
com família, casa e cozinheira
me transformou, porém, em um ser diferente,
hibernando neste novo presente

e, assim, meu pequeno coração,
dilacerado pelo mundo,
entrou em conflito profundo,
sem vislumbrar qualquer triunfo.

Algo surta dentro de mim
suplicando a por fim
a essa vida perfeita para os outros
e que tem me deixado no desgosto.

Lembro que, a cada dia, tem-se menos ar...
...do que podíamos realizar...
...do que podíamos sonhar...
...na ciranda da vida a caminhar...

O comodismo não pode tomar conta
de forma duradoura e plena
pois o futuro é aqui e agora
e não agüentará tamanha demora.
Salvador, 29 de novembro de 2010

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Comodidade?


Comodidade?

Rodolfo Pamplona Filho
O que fazer
quando ainda se ama um certo alguém,
mas este alguém
não é mais quem se quer?

Por que quando se pensa
estar pisando em terreno firme,
o chão desaparece sob seus pés
tal qual areia movediça?

Por que não se contentar
com a comodidade de um amor tranqüilo
com gosto de fruta mordida?

Por que ansiar pelo risco,
pelo arrepio, pelo suspiro,
pelos sobressaltos da vida?

Porque no dia em que o conforto superar a adrenalina
                       em que a inércia superar o suor
                       em que o mundo parar ao meu redor
                       provavelmente, eu estarei morto...

Salvador, 27 de novembro de 2010.