O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Soneto do Último Romance...


Rodolfo Pamplona Filho
Voce é meu último romance...
Você é, na realidade,
o meu primeiro e único lance,
a quem me entrego de verdade...

Quero amar como se não houvesse
qualquer impedimento ou estrutura,
pois minha alma envelhece,
se não me entrego à doce loucura

de apenas em você pensar...
de nunca me arrepender de tentar
aproveitar cada sensação vivida,

após alguém finalmente encontrar
com quem possa compartilhar
a cama, a palavra e a vida.

Salvador, 09 de junho de 2012.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Cachorro Vira-Lata


Rodolfo Pamplona Filho
Sou um cachorro vira-lata,
solto nas ruas,
em busca de comida
e de carinho...
Procurando um refúgio,
onde possa ser amado
e não ter mais subterfúgio
para me sentir abandonado...

Puerto Varas-Chile, 02 de julho de 2012.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Certezas da Vida


Rodolfo Pamplona Filho
Na vida, há mais dúvidas
do que certezas...
Não se sabe quanto tempo se vive,
nem o que se terá às mesas...
Uma convicção, porém,
que todos certamente têm
é que impostos pagarão
e, um dia, morrerão...
Eu, porém, tenho a sorte
de mais uma certeza ter:
que nem terminará a morte
o meu amor por você...

Santiago/Chile, 27 de junho de 2012.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Apego



Rodolfo Pamplona Filho
Apego é sofrimento
Possuir vira tormento
Debater-se para manter
o que possui (ou pensa deter).
Arrasar-se por não querer
passar sem algo específico ter
Por isso, para ser feliz,
aprenda a dizer não,
das coisas, abrir mão...
e pare de se debater...
descobrindo o prazer
de finalmente
e simplesmente
viver...

Santiago/Chile, 27 de junho de 2012.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Dedicatória da Saudade



Rodolfo Pamplona Filho
A você, dedico todas
as canções do universo...
E penso que todas as poesias
são feitas para você,
das mais felizes às mais tristes..
A você, quero dedicar
somente as poesias felizes,
pois, nas tristes,
quero só compartilhar
 o choro, o abraço e o ombro...
Prometo fazer
um poema para você
mas apenas recitar
no dia em que puder
ver seu rosto novamente..

Salvador, 09 de junho de 2012.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Foco


Rodolfo Pamplona Filho
É preciso ter foco!
Mas como ter
se amar me faz perder?
Se Amar tira o meu foco,
não precisa tirar o seu
e nem precisa tirar de ninguém,
pois não é o amor que tira o foco,
mas, sim, o foco que se dá
ao amor e à vida!
Onde está o seu amor?
Ali estará o seu foco...

Salvador, 09 de junho de 2012.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Doçura



Rodolfo Pamplona Filho
Doçura é o gosto,
o sentimento
e a vontade.

Doçura é a vida,
a presença
e a saudade

Doçura é o amor,
a certeza
e o frescor.

Doçura, porém,
 é a palavra que está além
e significa o investimento
em um sentimento.

Doçura...

Salvador, 12 de maio de 2012.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Alegria


Rodolfo Pamplona Filho
Alegria
é ver a luz do dia
iluminar os seus cabelos
enquanto passo os meus dedos...

Alegria
é olhar a cama vazia,
mas chorar de felicidade
apenas por saudade...

Alegria
é desprezar a alma fria,
pois um mundo de agonia
não me incomodaria...

Alegria
é ter sua companhia,
pois sua presença ilumina
qualquer momento de minha vida.

Salvador, 12 de maio de 2012.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Se o mundo acabar este ano



Rodolfo Pamplona Filho
Se o mundo acabar este ano,
terei uma terrível frustração,
por ter a sensação
de que não será possível
o mundo conhecer
toda minha poesia
ou de que não consegui saciar
a minha sede de viver,
quando fiz você esperar o filé,
depois de sofrer
com o gosto amargo da tristeza...
O mundo não terminará...

Salvador, 25 de julho de 2012

domingo, 11 de dezembro de 2016

Flores



Rodolfo Pamplona Filho
Flores de plástico
são muito práticas
para ser amorosas...
Flores de verdade
são muito perenes
para ser perpetuadas...
Flores são como amores:
etéreos e eternos,
materiais e espirituais,
que dizem muito de quem dá,
mas também de quem recebe...
As flores são tudo e são nada
para quem as sente,
no toque, no perfume,
e no contemplar
a beleza que se esvai
ou se dilui com o tempo,
mas cujo significado
jamais passará...

Salvador, 18 de agosto de 2012.

sábado, 10 de dezembro de 2016

O Canto do Cisne





Rodolfo Pamplona Filho
A proximidade da despedida
faz com que a melodia
mais encantadora
seja continuamente entoada,
como a forçosamente lembrar
os momentos de fascinação
que ficaram no passado
e que nunca voltarão...
Assim, sai de cena o Cisne,
dando lugar, no palco da vida,
a quem viverá o futuro...

Madrid, 06 de outubro de 2012.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Mágoas


Rodolfo Pamplona Filho
Há quem prefira
vender uma amizade
por um cachê artístico;
desprezar um amor puro
por ouvir a opinião de uma prima;
desprestigiar o trabalho alheio
para tentar se auto-afirmar;
esquecer uma fraternidade solidária
para soar de vítima da situação;
humilhar com ar de superioridade
a efetivamente investigar o ocorrido;
tripudiar a imagem de colegas
para posar de voz da maioria;
blefar descaradamente e sem pudor
do que aceitar ajuda desinteressada;
ignorar a presença e o cumprimento
em vez de tentar um diálogo honesto;
fazer troça da desgraça alheia
para se sentir aceito no grupo;
perseguir incansavelmente
por não tolerar o diferente;
jogar fora a chance de fazer o Bem,
para se deleitar com seu veneno...

Isso só gera mágoa,
que vira raiva,
até se converter,
se houver o remédio
do esquecimento,
em profunda indiferença,
mesmo sendo cicatriz,
que não se apaga,
para ensinar
em quem vale confiar...

Pamplona, 03 de outubro de 2012, pensando sobre o passado...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Todo mundo é vítima



Rodolfo Pamplona Filho
Todo mundo é vítima
e ninguém assume a culpa
Todo mundo é vítima
e se pode fugir da luta
Todo mundo é vítima
e se empurra a responsabilidade
Todo mundo é vítima
e não se muda nada de verdade
Todo mundo é vítima
e há argumento para tudo
Todo mundo é vítima
e punir é um absurdo
Todo mundo é vítima

No Trem de Madrid para Pamplona, 02 de outubro de 2012.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Soneto da Sintonia Infalível



Rodolfo Pamplona Filho
Ainda que divididos pelo Atlântico
e por fusos horários incompatíveis,
o que um sente de um lado,
o outro automaticamente responde.

Se um levanta assustado,
encontrará o outro conectado,
como se a energia gerada
fosse automaticamente repassada.

É realmente impressionante,
como tudo surge em um instante,
permitindo a imediata compreensão

pois o que, para muitos, é acaso,
para mim, é o mais evidente traço
de uma sintonia infalível de paixão.

Pamplona/Espanha, 03 de outubro de 2012.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Morrer é Doce!



Rodolfo Pamplona Filho

Quando em meu peito, romper-se a corrente
Que a alma me prende à dor de viver
Não quero por mim, nem uma lágrima,
Nem um suspiro, nem um sofrer...
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu passamento.
Não quero que um sorriso
Se apague pelo fim do meu triste tormento!

Viver foi peregrinar no deserto,
Procurando achar o que não estava escondido,
viver foi submergir no tédio,
Tentando encontrar o que já estava perdido
Quando se esgotar o meu suspiro,
Não desfolhe por mim sequer uma flor!
Não tornai outro ente matéria inútil.
Sozinho, da morte, deixai-me o torpor!

No meu epitáfio, escrevas:
Foi homem e, pela vida, passou
Como nas horas de um pesadelo
Que só, com a bela senhora, acordou

Descansem meu leito solitário
À sombra de um triste cipreste,
Numa floresta há muito esquecida
Onde não usurpem o que ainda me reste.
Este parece ser meu desejo final
Neste esperado momento de verdade nua.
Eis-me pronto para beijar a bela senhora
E ver como a morte é doce e crua!
(1989)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Impotência



Rodolfo Pamplona Filho
Sofro
a frustração
de não realizar o que quero fazer.
Sinto
a sensação
de incompletude permanente do ser.
Choro
pela emoção
de não saber mais o que dizer.
Morro
pela razão
de não ter o que lutar para viver.
São Paulo, 06 de novembro de 2010.

sábado, 3 de dezembro de 2016

O Coro de Chorus




Rodolfo Pamplona Filho
Em um universo próprio,
há espaço para a obsessão,
em que a busca do som perfeito
acaba em fascinação...

Duas ondas senoidais
com a fase invertida.
Dois áudios exatamente iguais,
com defasagem escolhida.

Divertir-se com o rate e o depth,
ou mexer com a afinação,
e não é flanger, nem vibrato,

mas, sim, um perfeito substrato
de um coro de Chorus das galáxias,
a sonoridade para levar ao túmulo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Frutos e Louros



Rodolfo Pamplona Filho
Somos extensão
das nossas raízes
Somos resultados
de nossas diretrizes
Imaginar que somos autônomos
em relação ao passado
é cultivar uma ingenuidade
de quem se acha isolado,
e não parte de uma história,
como se qualquer glória
pudesse ser atribuída
a um ato único de valor,
e não a toda uma vida
de luta, dedicação e dor.


Lucas 6, 43 Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto.

No voo para Brasilia, na madrugada de 29 de novembro de 2016, pensando na noite de 27 de novembro de 2016.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Sobre Ser



Rodolfo Pamplona Filho

Você não é
o que você acha que é
Você não é
o que as pessoas acham que você é.
Nem eu, nem você somos
o que a vida fez de nós dois
O que nós somos
não pode ser sabotado
por aquilo que nos tornamos

Salvador, domingo, 27 de novembro de 2016.