O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

quinta-feira, 31 de março de 2016

Aprendendo com Jagger e Richards




"(I) Hope I die 
before I get old..." 

A alternativa para envelhecer
é simplesmente morrer cedo.
Por isso, quero continuar a fazer
tudo que me desperta o desejo.
Não importa que o tempo passe,
eu me renovo a todo momento 
que sinto o riff em minhas veias
e vivo o intenso sentimento 
de receber a energia 
da plateia em movimento.
E, quando finalmente chegar
o não querido final momento,
que seja em cima de um palco
e que não haja qualquer lamento.

"I Know... It's only Rock 'n' Roll,
but I like it..." 



São Paulo, 27 de fevereiro de 2016, estádio do Morumbi, tendo o privilégio de assistir os Rolling Stones...

quarta-feira, 30 de março de 2016

Aprendendo a Ser Só



Há oportunidades em que as circunstâncias 
convergem para que eu fique sozinho,
vivendo, em silêncio, cada momento,
guardando, na retina, cada imagem
e escondendo, em sorrisos, cada lágrima.
São nessas horas que se aproveita
o tempo e a quietude da solidão 
para ter a companhia da poesia,
o exercício da reflexão 
e o regenerar
É preciso aprender...
É preciso aprender a viver...
É preciso aprender a viver só...
É preciso aprender a viver e ser só.



São Paulo, na virada da noite de 27 para 28 de fevereiro de 2016.

terça-feira, 29 de março de 2016

Por que me irrito (ou ignoro) discursos bobos...



Vou explicar uma vez.

Veja se dá para entender.

O Brasil está em uma crise política.

Essa crise já se anunciava desde a eleição de 2014, em que houve uma divisão do país, tendo o resultado sido por cerca de 2% de diferença.

Desde então, a oposição tem investido na política de "quanto pior, melhor!".

Ao mesmo tempo, a polícia federal e o ministério público federal têm feito um fantástico trabalho de investigação das entranhas do poder, denunciando o tráfico de influência, corrupção e relações incestuosas da política com o empresariado, expondo as vísceras de um sistema que foi escrito tradicionalmente na base do "caixa 2" e dos "agrados" e "favores".

Como se não bastasse isso, o governo federal (ai, sim, leia-se o PT e aliados, históricos ou de conveniência, como o PMDB) tem se mostrado profundamente incompetente para gerenciar a situação econômica e política.
Assim, chega-se à seguinte situação:

A) impeachment é processo político, por crime de responsabilidade, não recall por incompetência gerencial;

B) toda corrupção deve ser denunciada e combatida, não se limitando a um partido ou a uma figura;

C) o clima de bipolaridade apenas estimula encarar a situação como um jogo, em que se aponta, a todo tempo, alguma "prova definitiva" da culpa, quando o julgamento jurídico não é feito pela opinião pública, mas, sim, pelo judiciário;

D) o julgamento político é feito nas urnas, não se esgotando no eventual impeachment (que pode vir, sim, e não será golpe, se feito dentro das regras constitucionais);

E) #naovaitergolpe é uma frase de efeito, que pode ser uma afirmação contra os lunáticos que sonham com um golpe militar ou querem acabar com as garantias individuais, mas também pode ser manipulado como um chavão para manter o PT no poder (o que tem se tornado insustentável).

Por isso, soa imbecil e manipulador ouvir o discurso preconceituoso contra o PT, quando não acompanhado de um juízo efetivamente crítico.

Discurso contra a corrupção, sim!

Discurso a favor das garantias processuais e constitucionais, sempre!

E esses discursos não são incompatíveis.

O importante é apurar tudo e punir quem deve ser punido.

O processo penal não é feito para punir, mas, sim, para apurar, inclusive absolvendo quem for acusado levianamente.

Quando se coloca a questão em termos de nós e eles, em um "fla-flu jurídico", fecham-se os olhos para as verdadeiras questões importantes, servindo-se de massa de manobra para as disputas intestinas de poder.



Rodolfo Pamplona Filho

27 de março de 2016

segunda-feira, 28 de março de 2016

O viço



Rodolfo Pamplona Filho


E se, de repente,
eu te dissesse que não queria mais
viver no mesmo teto, na mesma cama
e que tudo que planejamos
não era mais essencial pra minha chama

E se, de repente
eu te dissesse que meu coração foi tomado
por uma vontade imensa de viver
que não engloba a rotina
que você tem a me oferecer

E se, de repente,
a pergunta que aparecesse
fosse: "Você não me ama mais?”
ou “Você arranjou outra?"
Seria o comum a se falar
pois rupturas ensejam esse pensar

E se, de repente,
tudo que era sólido
se desfizesse no ar
como grãos de areia nas mãos de uma criança,
caindo incessamente na ampulheta da vida.

Isso tudo nada teria a ver com amor,
pois eu continuarei te amando
da mesma forma pura e feliz...
Isso tudo nada teria a ver com amor,
mas com o viço que eu sempre quis...

Será que este viço se perderá?
Se este viço, sem querer, se perder
não será por outro alguém,
mas pelo próprio destino maduro
de uma essência que quer mais do que se tem.


Salvador, 28 de outubro de 2010.

domingo, 27 de março de 2016

As Lindas Rugas do Amor

Rodolfo Pamplona Filho



A clareza de nosso amor
já desponta sem pudor...
não se pode mais esconder
e nem vinte anos irão esmorecer

...o desejo da sua companhia...
...as doces palavras do nosso dia-a-dia...
...a relação de cumplicidade...
...essa relação de muitas verdades...

O tempo já não existe
e não adianta mais certos fetiches
pois nosso poema é eterno...
...e meu coração está completo.

E se tiver que esperar um tempo,
seja ele qual for,
garanto que, ainda assim,
vou te amar com o mesmo ardor,

pois, mesmo na espera,
dividiremos nossa vida
e cada ruga que desperta
será sempre mais linda.

Salvador, 14 de dezembro de 2010.

sábado, 26 de março de 2016

Tensão Sexual

Rodolfo Pamplona Filho


Há uma estranha tensão
entre dois corpos em atração,
despertada, em um pulsar,
por um perfume, um olhar,
uma palavra proferida, solta no ar
ou, de pele ou cabelo, um leve roçar.

Não se trata de amor,
mas, sim, incontrolável calor,
como a bússola busca o norte,
como um imã atrai o ferro,
como o destino busca a sorte...
Assim é como eu te quero!

De 4 a 6 cordas, pode dar certo
ou pode explodir, longe ou perto,
pois quando o que se vê em hordas
funde-se, misturando tudo,
pode surgir um baixo de cinco cordas
ou uma guitarra sem o mi agudo...

Sei que, como um canalha, serei visto,
mas não quero ser canalha contigo...
Sei que confundem amor com sexo,
mas isto é por demais complexo
quando se deseja mutuamente viver
a realização plena do próprio ser!

Salvador, 13 de dezembro de 2010.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Pelos Filhos

Rodolfo Pamplona Filho





Pelos filhos, fazem-se loucuras,
mata-se ou morre-se, passa-se fome,
sucumbe-se a travessuras,
muda-se até de nome...

Pelo amor aos filhos,
troca-se a aventura pela segurança,
a liberdade pelos trilhos,
a programação pela esperança...

Para ver os filhos crescerem,
renuncia-se a um grande amor,
chora-se até as lágrimas se perderem,
entrega-se aos leões sem medo da dor...

Pela felicidade dos filhos,
abdica-se da individualidade,
esquece-se a própria mortalidade,
vive-se como se não mudasse de idade.

Vivendo para os filhos eternamente,
corre-se o risco de se anular,
de desaprender a ser gente,
de nunca mais voltar a sonhar...

Mas, mesmo assim,
é uma opção consciente em cena...
um investimento sem retorno ou fim...
um sacrifício que vale a pena...

Praia do Forte, 26 de dezembro de 2010.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Vinte Anos

Rodolfo Pamplona Filho




Você esperaria vinte anos por mim?
Esperaria mesmo sem certeza do fim?

Esperaria ainda que sem perspectiva?
Esperaria sem ver sinais de vida?

Esperaria nossos pais falecerem?
Esperaria nossos filhos crescerem?

Esperaria nossa aposentadoria?
Esperaria renovar a luz do dia?

Esperaria diminuir o fogo sexual?
Esperaria esfriar o espirito de Natal?

Esperaria conseguir relaxar?
Esperaria reaprender a brincar?

Esperaria zerar meu trabalho?
Esperaria organizar meu horário?

Esperaria esquecer meu passado?
Esperaria encontrar novo significado?

Esperaria?
Esperaria?

Se você está disposta a enfrentar
tantos sacrifícios, sem demora,
eu não tenho que hesitar:
eu quero você aqui e agora!
Salvador, 13 de dezembro de 2010.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Não te prometo nada

Rodolfo Pamplona Filho



Não te prometo onde morar...
nem tão pouco como não surtar
quando a vontade de estar junto
fortemente apertar...

Não te prometo como agir...
nem tão pouco como não sorrir
quando a vida nos cruzar
e nossos olhos entrelaçar

Não te prometo vida confortável
nem tão pouco rotina estável
quando os sonhos insistirem em minar
toda forma padrão de amar

Não te prometo um anel de brilhantes
nem tão pouco que não aja com rompantes
quando quiser materializar
o que este sentimento tem a falar

E, sabe por que eu não te prometo nada?
porque você sempre me deu
a certeza de todo seu amor
também....
Salvador, 25 de outubro de 2010.

terça-feira, 22 de março de 2016

Deserto

Rodolfo Pamplona Filho




Minha vida se torna um deserto,
se não consigo estar com você...
Por dentro, impera o tédio
e eu sofro por não poder...
... te amar
... te abraçar
... te lançar contra a parede
... e até chamar para brigar...

Agora, eu me valeria de tudo, amado,
para poder estar em seus braços,
sentir todo seu cuidado
e me deleitar nos seu afagos...
E a febre, com certeza, subiria,
mas, não, pela doença instalada,
e, sim, pelo ardor que se cultiva
dessas nossas vidas separadas....


Salvador, 25 de outubro de 2010.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Viver é um risco



Rodolfo Pamplona Filho




Até quando o corpo resiste
a dor de um amor que não se pode ter
porque o pensamento persiste
na sensação plena de ter você

Os sonhos se tornam rotina
viajam por lugares nunca idos
e ao fechar da retina
sucumbem aos mais diversos perigos

de uma palavra dita no meio da noite,
a qual entrega toda uma fantasia...
de um abraço diferente, com cara de açoite,
que concretiza toda nostalgia...

Mas este perigo vale a pena correr
porque nunca antes eu soube amar
e acho que, no momento de morrer,
isso vai ser o que vou levar.

Estamos aprisionados e amordaçados,
presos à liberdade de amar...
estaremos juntos, sempre apaixonados,
mesmo de forma torta, eventual ou a encontrar...

Concordo com você plenamente:
temos que ter muito cuidado,
por compreendermos perfeitamente
todo o risco corrido e criado

por esta paixão fulminante
que nos tomou de repente
e, a todo instante,
quero você em minha frente.

Ter um contato diário seu
me alegra na hora,
e, por mais perigoso que seja o breu,
até o medo vai embora...

até o trânsito fica mais leve
na sua companhia e enlace...
nem notei que chegamos breve...
ou não queria que terminasse?

Claro que tenho consciência, na boa,
de que não devemos deixar rastro
que possa magoar uma outra pessoa
que amamos e não compreende este laço.

Vamos cultivar essa necessidade
tão linda quanto parece
para não passar a vontade,
nem ferir quem não merece.

Mas confesso que é duro
(acho que para nós dois)
reprimir algo tão puro
que fez tanto bem depois...

O fato é que foi rápido demais
e, por isso, temos ansiedade
do que pode acontecer a mais
no mundo da realidade...

Embora não veja a menor perspectiva,
tenho a plena consciência
de que a paixão pode ficar inativa
ou esfriar com o tempo de convivência.

Mas o amor não...
É por isso que posso concordar
tranquilamente, sem emoção,
de que temos de redobrar

os cuidados com os rompantes,
normais em que está apaixonado...
o que eu não tinha há anos antes,
nem quando estava compromissado...

E ela me traz uma adrenalina
sensacional, mesmo morrendo
de receio da opinião feminina
ou da descoberta de um mundo horrendo.

Fique tranqüila que
não estou pressionando,
Só não abro mão de você
e isto estou confessando!

Você é, literalmente,
a minha musa inspiradora...
a droga que mexe com minha mente...
de tudo que vivo, a causadora...

minha reserva saudável de loucura,
que me entorpece e me inebria...
Você é o remédio que cura
a minha vida da monotonia.

Eu também te quero
pois você me deixa feliz...
Viver é um risco sério,
mas você é minha diretriz.

É muito mais que um arriscado plano...
É muito mais do que tudo isso:
Eu simplesmente te amo.
E você sabe bem disso.

Salvador, 25 de outubro de 2010.

domingo, 20 de março de 2016

Quando o dia termina....


Rodolfo Pamplona Filho



E o dia termina
sem teu cheiro em minha roupa...
E a noite começa
sem promessas loucas...

Mas a manhã renovará a esperança...
de te amar a cada nova dança...
Sonhando com cada oportunidade
de renovar um amor de verdade...

E a saudade invade o vento,
toma todo meu pensamento,
arrebata a minha emoção
e fulmina meu coracao...

Nutrindo meu desejo constante
de estar com você a todo instante.
Por isso, esta é a minha sina,
quando o dia termina...

Salvador, 22 de outubro de 2010, no meio do Caia Cultural.

sábado, 19 de março de 2016

A Comodidade que Incomoda

Rodolfo Pamplona Filho




Quando éramos pequenos,
nos ensinaram um ideal de felicidade
de uma vida estável e sem remendos
e de um amor sem insanidade...

Hoje, abrindo minha caixa dos sonhos,
vejo quão reais e bonitos eram,
pois de uma simplicidade e pureza,
que a todos agradava, com certeza!

A comodidade de uma vida perfeita
com família, casa e cozinheira
me transformou, porém, em um ser diferente,
hibernando neste novo presente

e, assim, meu pequeno coração,
dilacerado pelo mundo,
entrou em conflito profundo,
sem vislumbrar qualquer triunfo.

Algo surta dentro de mim
suplicando a por fim
a essa vida perfeita para os outros
e que tem me deixado no desgosto.

Lembro que, a cada dia, tem-se menos ar...
...do que podíamos realizar...
...do que podíamos sonhar...
...na ciranda da vida a caminhar...

O comodismo não pode tomar conta
de forma duradoura e plena
pois o futuro é aqui e agora
e não agüentará tamanha demora.

Salvador, 29 de novembro de 2010

sexta-feira, 18 de março de 2016

Comodidade?


Rodolfo Pamplona Filho




O que fazer
quando ainda se ama um certo alguém,
mas este alguém
não é mais quem se quer?

Por que quando se pensa
estar pisando em terreno firme,
o chão desaparece sob seus pés
tal qual areia movediça?

Por que não se contentar
com a comodidade de um amor tranqüilo
com gosto de fruta mordida?

Por que ansiar pelo risco,
pelo arrepio, pelo suspiro,
pelos sobressaltos da vida?

Porque no dia em que o conforto superar a adrenalina
                       em que a inércia superar o suor
                       em que o mundo parar ao meu redor
                       provavelmente, eu estarei morto...

Salvador, 27 de novembro de 2010.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Sobre o presente e o futuro...


Rodolfo Pamplona Filho


Eu tenho planos para você,
não programações ou agendas...
Já pensei em deixar você...
já olhei tantas vezes para o lado...
mas quando penso em alguém...
é por você que fecho os olhos....

Eu não preciso dizer mais nada.
Eu te amo com toda força do mundo..


Salvador, 26 de novembro de 2010

quarta-feira, 16 de março de 2016

Mais uma noite de saudade...


Rodolfo Pamplona Filho


Chego em casa só,
abro a porta e não ouço ruído.
Meu coração torna-se pó,
pois, sem notícias suas, me deprimo.

A noite chega sem demora
e sonhar já não quero mais...
Preciso de seu colo agora
para que poder dormir em paz.

Nada me falta tanto assim...
...tive filhos lindos...
...plantei árvores, sim...
...escrevi muitos livros...

mas ainda não sou completo,
ainda não posso morrer
ainda há algo em projeto,
pois preciso ter você...

Como chegamos tão longe
nessa nova bela história?
A resposta está onde
seus lábios me beijam sem demora.

Salvador, 05 de dezembro de 2010

segunda-feira, 14 de março de 2016

Soneto do Medalhado


Rodolfo Pamplona Filho



Quando, pela primeira vez,
tem-se reconhecido o seu esforço,
a vida ganha nova tez
e sentimentos entram em alvoroço,

porque ninguém é aceito como profeta
em sua própria terra ou abrigo;
ninguém é aceito como boa meta,
enquanto ainda oferece perigo...

Por isso, é maravilhoso ser lembrado
por seus pares em campo distante,
onde a homenagem é sincera e elegante.

Por isso, é uma honra ser medalhado
por novos e velhos amigos do coração,
a quem dedicarei eterna gratidão.

Vitória/ES, 14 de dezembro de 2010.

domingo, 13 de março de 2016

O Dia mais Feliz da Minha Vida



Rodolfo Pamplona Filho



O dia mais feliz da minha vida
foi o dia em que comecei a viver,
pois nada valia realmente a pena
Antes de você aparecer

No dia mais feliz da minha vida,
recebi você em meus braços!
Nunca tinha visto alguém tão perfeito:
um anjo para guiar meus passos...

No dia mais feliz da minha vida,
chorei tanto até soluçar,
a ponto de sua mãe reclamar
que minha lágrimas iriam você molhar...

No dia mais feliz da minha vida,
eu aprendi finalmente o que é o amor,
pois ninguém sabe o que é amar,
antes de ver da descendência o valor.

O dia mais feliz da minha vida
foi o dia mais importante da minha vida!
O Dia mais Feliz da Minha Vida
Foi o dia em que vc nasceu, minha filha!

Salvador, 20 de junho de 2010,
lembrando 13 de dezembro de 2000
e a dor de 21 de junho de 2009.

sábado, 12 de março de 2016

Sob as folhas do outono de Nova York


Rodolfo Pamplona Filho



Quero te fazer provar novos sabores e esperança,
vou te mostrar tudo que puder,
como quem ensina uma criança
que a vida é boa no que der.

Quero perpetuar esse relacionamento,
que não sucumbe a desejos cômodos,
foge a qualquer regulamento
e clama por vários encontros.

E que, no fim, tudo seja harmonia,
podendo olhar para trás, ligeiro,
e ver quão linda poesia
construímos para o mundo inteiro

e, quem sabe, terminar nossos dias
de uma maneira nada uniforme:
juntos, sorrindo e a caminhar por vias,
sob as folhas do outono de Nova York...
Salvador, 15 de novembro de 2010.

sexta-feira, 11 de março de 2016

Podridão Interna


Rodolfo Pamplona Filho



Há algo de muito ruim
não no mundo, mas em mim!
Há algo que ataca os sentidos
e fulmina todos meus suspiros!

Algo que, do ódio, me faz refém
e, definitivamente, não me faz bem,
mas que não consigo me livrar,
como um vício a me matar.

Até minhas raras qualidades
descambam neste poço de maldades.
Minha gana vira concupiscência.
Minha disciplina, cega obediência

A memória estimula o rancor
O ciúme é filho bastardo do amor
A paciência arma a vingança
O assassino já foi uma criança.

Será que é apenas um mau lado
de um ser perdido em sua dança?
Ou sou somente um sepulcro caiado,
do qual não remanesce esperança?


São Paulo, 21 de novembro de 2010.


quinta-feira, 10 de março de 2016

O Tempo é o Senhor da Razão



Rodolfo Pamplona Filho


Quantas vezes eu gostaria
de alterar a ordem do dia
e poder fazer de forma diferente
o que encontro no tempo presente.

Vejo como eu poderia encontrar alegria
onde, hoje, só vejo melancolia
e descobrir uma felicidade
que perdi pouco a pouco com a idade...

Será que é possível mudar
opções que fiz no caminhar
por não saber o que me esperava
ou o que na minha vida faltava...

Como eu poderia saber ou prever
que o destino reservaria novo prazer,
encontrando novo sentido no viver
e uma forma alternativa de ser...

Ainda terei coragem para novo desafio?
Ainda enfrentarei tudo com brio?
Conseguirei ser outro alguém?
Encontrarei um mundo além?

Dúvidas são uma constante
em uma mudança tão fulminante
e o receio não é uma temeridade
no encontro da essência de verdade!

Conheço o que já tenho e não é perfeito!
Sei o que quero e o que não mais aceito!
A esperança é o gás da Transformação
e o Tempo é o Senhor da Razão...

São Paulo, 20 de novembro de 2010.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Atraverssiamo


Rodolfo Pamplona Filho




Fiquei angustiada
ontem a noite...
Vi-me no filme com você...
a velha história dos "desaparecidos"...

Viajar, conhecer outros lugares,
sempre ao seu lado e de forma leve...
acho que nós nos divertiríamos
até mesmo pelo prazer de estarmos juntos...

Você, metódico
e eu, completamente louca...
bagunçando seu dia.....
"dolce fare niente"...
essa é a nova lei...

Uma coisa é certa.
Nunca me senti tão dependente
de alguém como estou com você,
no sentido bom da palavra.

Eu respiro você, sinto você, sonho com você,
durmo com você, acordo com você...

Para não pirar,
apenas penso que,
se a vida nos deu esse presente,
é porque gostamos de viver e,
com certeza, ela quer que fiquemos juntos...
senão tudo já tinha sido o suficiente
para a nossa separação...

"a vida gosta de quem gosta dela"...
ouvi isso ontem no filme
e sorri sozinha,
pois achei perfeito para nosso amor...

Vamos viver bem...
mesmo que dessa forma meio tortuosa.
Não vamos complicar, nem cobrar...
simplesmente vamos viver juntos.

Felizes e plenos
por termos um ao outro.
A angústia faz parte para ambos...
é uma doença recorrente....
mas essa dor, essa doença,
sempre terá remédio.
E quando a saudade apertar
saberemos como achar um jeito de resolver...

E sabe porque parece
que estamos há muitos anos juntos?
Porque, na verdade, isso tudo que sentimos
foi sempre o que desejamos...
Então não nos parece que
esse sentimento seja atual ou efêmero...

Eu estou disposta a arriscar...
a me machucar,
a sofrer de saudade,
a amar com lealdade,
a ser sua até morrer...
mesmo que você arranje outras,
que você deixe de me amar
e me querer perto,
que você fique puto comigo
quando eu estiver com TPM...
mesmo sem alternativas concretas
de vivermos fisicamente colados....
eu quero viver com você....

"... se perder o equilíbrio no amor
faz parte de ter uma vida equilibrada...",
"... atraverssiamo ..."

Salvador, 14 de outubro de 2010.



terça-feira, 8 de março de 2016

Mulher Ideal




Rodolfo Pamplona Filho


O que é uma mulher ideal?
Definitivamente, não é
alguém que não envelhece,
mas, sim, alguém para quem
o tempo não afeta o humor...
Não é alguém sem defeitos,
mas que aprende a sublimá-los
ou que acostumamos com eles...
E, ainda que brigue de vez em quando,
faça as pazes de forma tão gostosa,
que apague qualquer ressentimento...
Não precisa concordar com tudo,
mas tenha uma sintonia tal,
que saiba seu pensamento
antes de verbalizá-lo...
Esta é a minha mulher ideal!

Atenas, 29 de setembro de 2012.



segunda-feira, 7 de março de 2016

Êxtase


Rodolfo Pamplona Filho



Meu corpo treme em Meca
e eu nem sequer me mexo...
Minha boca abre e seca
de tanto conter meu desejo...
A sensação de estar em sua vida
toma todo meu pensamento
e faz com que toda despedida
seja sempre um lamento.

Mal acostumado
Eu realmente estou
Completamente arriado
pelo seu amor
Nunca estive tão apaixonado
e completamente a seu dispor,
futuro, presente e passado,
entregues a quem me despertou

para uma relação de entrega total,
para um gozo abundante incondicional,
para uma sensação de êxtase profundo,
para um novo olhar para o mundo.

Praia do Forte, 13 de novembro de 2010.

domingo, 6 de março de 2016

Bombas de Hormônios


Rodolfo Pamplona Filho


Como alguém doce e amada
pode ficar rude e interesseira?
Como uma criatura delicada
pode se tornar tão grosseira?
A alternância de humor
é tão grande e irritante
quanto à falta de amor
que, de forma chocante,
demonstra aos que estão
ao seu redor e disposição...

Nada lhe agrada ou lhe traz ganho,
senão simplesmente se isolar
em seu mundo estranho,
secreto e particular,
que ninguém é tacanho
o suficiente para entrar,
pois inexiste humano bom bastante
para levar sua vontade adiante.

Nem a temperatura ambiente
é adequada ao seu prazer:
tudo é muito frio ou quente,
nada presta para seu ser...
já que tudo é ruim demais:
nada verdadeiramente a satisfaz...

É preciso muita paciência
para não perder o controle,
pois o nariz empinado e impertinência
beiram o total descontrole.
O quer dizer da sua auto-suficiência?
É incrível como sabe todas as respostas
para perguntas que a adolescência
há muito deu as costas...

Que mico! Que porre! Que saco!
Ouve-se isto de modo profundo!
Como se fosse normal tudo ser chato
e ser o único incompreendido do mundo!
Será que, um dia, isso vai passar?
Serão exorcizados seus demônios?
Meu Deus, como é difícil lidar
com estas bombas de hormônios!

Praia do Forte, 15 de novembro de 2010,
sobrevivendo a uma adolescente na TPM.

sábado, 5 de março de 2016

Reencontro


Rodolfo Pamplona Filho



Hoje à noite...
mantive meu olhos fixos nas possibilidades dos meus sentimentos
descobri entre conversas poucas que o amor é amplo e que tudo acalenta
me sinto abraçada através dos pensamentos
e neste momento nada mudaria...

Hoje à noite...
não tenho mais dúvidas
que os caminhos escolhidos mudam como o vento
e que através de soluços e risos
o destino nos presenteia.

Hoje à noite...
vou calar e ficar quieta
esperando que um novo dia comece
para que nosso cuidado volte a nos preencher.

Hoje à noite...
Procuro uma resposta para perguntas que não consigo formular
Penso em tudo que vivi e como tudo poderia ter sido
Quero acreditar que o caminho foi o correto
e neste momento nada mudaria...

Hoje à noite...
não tenho mais dúvidas
de que é possível um novo caminho
paralelo ao já traçado que
o destino nos presenteia.

Hoje à noite...
continuarei descansando em paz
na certeza de que vale a pena esperar
para que nosso cuidado volte a nos preencher.

O cuidado em suas palavras
me faz respirar com fadiga
e mostra quanto eu me vejo em você
me deixa segura

A estrada finalmente nos achou
por vezes tortuosa e depressiva
e que nos retirou o chão
quando mais precisávamos

Não penso no perigo
de ter-lhe perto
de que não é errado
ter uma vida pra você
e flutuar por sonhos impossíveis

O cuidado nas palavras sempre se deu,
pois necessário para não machucar
a planta que nasceu ou renasceu
sem ninguém sequer esperar...

A estrada que fez nossos nós
é a mesma estrada que sempre trilhamos
e que não tomou decisões por nós,
mas que, por ela, caminhamos...

Haverá sempre um perigo concreto
de pensar não estar sendo correto
mas não há certo ou errado
quando o impossível é tentado

Se será somente platônico, eu não sei...
Só sei que tem me feito bem...
talvez o destino seja somente emocional
e o encontro eventual ou ocasional...

Isso pouco importa, de fato,
pois o mais relevante retrato
apagou a minha inaptidão do passado
ou imaturidade no contato

Quem disse que o sonho é impossível?
O sonho é sempre real.
Se a realidade não nos é factível,
que o seja o amor espiritual...

FIM?
Início...

Salvador, 10 de setembro de 2010, dialogando sobre passado, presente e futuro...

sexta-feira, 4 de março de 2016

Soneto da Retomada


Rodolfo Pamplona Filho


Sinto que falta algo em minha mão:
são seus dedos entrelaçados ao meu;
sinto que falta algo no coração:
é a adrenalina do beijo seu...

Sinto que meu dia entristece
quando não tenho você por perto...
sinto que, de fato, a vida empobrece
e que meu dia será incompleto,

a menos que eu tenha coragem
de saber que a vida é uma viagem
e que a apatia não é necessária bagagem...

Retomemos o caminho do prazer,
reencontrando a arte de escrever
e fazendo o que fomos feitos para ser.

Salvador, madrugada de 13 de novembro de 2010.

quinta-feira, 3 de março de 2016

DETERMINAÇÃO


Rodolfo Pamplona Filho



DETERMINAÇÃO é a filha mais querida da fé com o esforço;
é a irmã da esperança; mãe da realização;
é DETERMINAR a AÇÃO que se tem em mente
para construir o resultado almejado,
ainda que todas as portas queiram se fechar;
é simplesmente desconhecer (ou desprezar)
o significado da palavra “impossível”
e acreditar que todo sonho é apenas o início da realidade...

2002, para os formandos em Direito da UNIFACS 2002.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Soneto da Sedução


Rodolfo Pamplona Filho




Deslizar por seus cabelos
Viajar em suas curvas
Afagar os seus joelhos
Tocar suas costas nuas

Segurar suas coxas à vontade
Buscar o seu colo com um sorriso
Encontrar nas suas pernas a felicidade
de um gozo celestial e infinito

Descobrir a perfeita mistura
da maciez e firmeza
no sugar de seus seios

Sentir o gosto da sua boca
e o roçar de sua língua
em um beijo sem freios...

Salvador, 09 de agosto de 2010

terça-feira, 1 de março de 2016

Auto-destruição


Rodolfo Pamplona Filho




Chega uma hora em que
seu pai é um estranho
seu irmão, seu inimigo
e você quer ter coragem,
quer acreditar em Deus,
para poder se matar,
mas nem isso você consegue!

É o estupro pelo prazer de ver o medo nos olhos da mulher...
É o cavalo-de-pau em pleno quilômetro de arranque...
É a vontade de cortar os pulsos para ver o sangue escorrer...
É o real apetite por destruição!

É deixar crescer cabelo e barba pela vaidade
de se tornar mais feio ou menos higiênico
somente para ser diferente dos outros.
É um querer-não-querendo que os outros
sintam imensa pena de você
(a piedade é a soberba disfarçada!)
É o orgulho e a dor de ser íntima,
misturados com o desejo de matar alguém
só para sentir como é que é!

Ser doente e doentio,
podre e escorregadio,
escrevendo para não falar,
calando para não amar,
sofrendo para não viver.
É isto que sou: um chato (ou um louco?)

(16.01.92)