O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Fantasmas Insistentes






Por que erros do passado
insistem em assombrar
quem já os reconheceu
ou simplesmente
se arrependeu?

Por que o mero fato
de ter pisado na bola
não sai da memória,
mesmo quando
não há possibilidade de volta?

Por que ser condenado
pelo equívoco consumado,
se não resiste qualquer desejo
de retomar o contato
com quem só lhe fez mal?

Talvez sejam os mistérios
da complexidade humana,
em que a vontade de mudança
daquilo que não tem esperança
seja a última motivação da vida...

14 de setembro de 2016, no vôo para São Paulo.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Minha Marina



Minha Marina
não é morena,
nem sequer se pintou...

Minha Marina
faz de tudo,
inclusive um favor...

Pode pintar o rosto
e o sete, com gosto,
como tudo que é seu..

Marina, você já é linda
e será sempre linda
com o que Deus deu...

Com você, nunca me aborreci,
nem me zanguei...
Isso, eu posso falar...

pois quando eu chamo Marina,
só sei me alegrar...

Eu já passei por tanta coisa...
Você nem sabe o que é chorar...
Desculpe, Marina minha,
mas nunca deixarei de amar...

Praia do Forte, 04 de julho de 2011.

terça-feira, 25 de junho de 2019

Pontualidade







Achar natural
que outros esperem,
ainda que alguns segundos,
fazer algo que
só interessa a você
é o cúmulo da cara-de-pau
com a falta de noção...
E o pior de tudo
é quando se pede
que tenham consciência
para respeitar
o que só lhe interessa,
seja o embarque
(ou desembarque)
de alguém
ou mesmo
que algo ocorra
como se fosse
a mais importante
de todo o universo.
Como não se irritar
com as desculpas
ou justificativas
para seu atraso?
Ver rostos contritos,
olhos de gato de botas
ou um ar indignado
de quem foi vítima,
e não a causa
do irritante atraso
que prejudica todo mundo,
até mesmo a si...
E quem ousa reclamar,
deixando o silêncio conveniente,
para ser descrito
como um sujeito paranóico,
estressado ou simplesmente chato,
que fica inventando caso
ou querendo aparecer...
Pontualidade é respeito
ao tempo alheio!
E ponto!

Atenas, 29 de setembro de 2012.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

quarta-feira, 19 de junho de 2019

A Voz do Senso Comum




É difícil admitir

que alguém possa saber

mais do que você!

Tenho certeza absoluta

de tudo que falo,

pois somente digo

o que meu cabresto

permite ver...

Quero ir embora,

quando estou com medo,

mesmo quando se está perto

de onde se quer chegar.

Por que só tem isso?

Porque, na realidade,

não enxergo
o que há a mais...

Não estou conseguindo,

mesmo quando, na verdade,

eu nem sequer tentei...

Tenho medo

de fazer tudo aquilo

que nunca fiz antes...



Miami, 16 de janeiro de 2017.

terça-feira, 18 de junho de 2019

Sobre Envelhecer






Acho que a gente
tem que envelhecer
ao lado de alguém
que nos dê vontade de viver:
alguém que nos estimule em tudo;
alguém que seja bom estar do lado.
O bom é ter vontade
de sempre fazer mais,
de ser cada dia melhor
e ter alguém
que viaja junto.
Há gente que
nos deixa estacionado:
tanto faz mudar ou não;
vive-se um dia após outro.
Assim, tudo acaba
virando monotonia,
sem graça,
sem vida...
O bom é saber
como e com quem
envelhecer.


Salvador, 20 de agosto de 2017.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Não tem jeito



Não há como
Nao tem jeito
Ainda me assusto
com toda afirmação peremptória
de inevitabilidade de um resultado...

Não há como
Nao tem jeito
O que é mera tosca impressão
chega como uma determinação
de uma profecia consumada...

Não há como
Nao tem jeito
Como posso lidar
com uma realidade
impossível de se mudar,
só porque nao se quer...

quinta-feira, 13 de junho de 2019

A Alma Doente








O corpo dói 
e pede ajuda 
a quem sequer sentiu 
a força da dor na alma.

A cabeça lateja
e reclama 
de quem não viveu 
a intensidade da alma.

O espírito fraqueja 
e rasteja 
por não conhecer 
a cura da doença da alma.
Praia do Forte, 24 de junho de 2018.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

O Silêncio e a Quietude




É preciso conpreender
a diferença entre
o silêncio e a quietude.
O silêncio comporta
um zumbido ao fundo,
um nervosismo,
como um medo
de fazer som.
A quietude é apenas
ausência e descanso,
independentemente
de haver qualquer
nota no ambiente.
O silêncio é
a respiração presa.
A quietude é
a respiração suave.
O silêncio estremece.
A quietude repousa.
O silêncio oprime.
A quietude liberta.
O silêncio assusta.
A quietude conforta.
O silêncio é
constrangimento,
desespero e dor.
A quietude ê
tranqüilidade,
serenidade e paz.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

Desespero






Ninguém vai saber minhas intenções...
Ninguém vai saber minhas intenções...
...minhas intenções...

Onde é o seu lar?
Onde é o seu deserto?
Prefiro vagar
Sem destino certo
(desespero)
Ninguém vai sair daqui com vida!
Faça o que quer
Faça como quiser
Faça como puder

A vida é muito curta
E a dor é muito grande
Quando não se tem fé,
A paz é um sonho distante
Meus pés estão no chão,
Minha cabeça está na lua,
Minha família está na rua
E eu não sei o que fazer!
Um filho sem o pão
Um choro de criança
Faminta de esperança
Me faz enfrentar... a realidade!

Onde é o seu lar?
Onde é o seu deserto?
Não há saída!
Estou perdido!!!
“Meu Deus, o que fiz?”

Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Rodolfo Ramirez / Cedric Romano
(maio/1988)

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Planejamento Sucessório




Quando, um dia, terminar
a minha jornada terrena,
quero apenas encontrar
a paz em minha pequena

estrada de férteis encontros,
alguns triunfos e acertos,
mas também de desencontros,
reencontros, derrotas e apertos...

Não quero que os que deixo
disputem os poucos bens
que, com muita luta, conquistei,

mas, sim, que encontrem o eixo
da concórdia e harmonia,
não chorando de barriga vazia,

nem tendo a amarga sensação
de desamparo e solidão,
sabendo que eu tive o cuidado
de deixar tudo organizado,

na consciência de minha finitude,
fazendo tudo que eu pude
para, seguindo minha verdade,
distribuir segundo a necessidade

e justiça de uma partilha em vida
de um patrimônio que perece e rui
pois o que é realmente importante

é herdar o orgulho e a saudade doída
somente de quem, em essência, fui,
não do que eu tive na estante.


quarta-feira, 5 de junho de 2019

Poder





Qual é o sentido ​
de conseguir fazer ​
além do que ​
se imagina ter?
Qual é o significado ​
de não haver pecado​
em falar o que pensa ​
sem limites de crença?
Qual é o alcance​
de ditar o lance​
do que se vai respeitar ​
sem espaço para mudar?
Talvez o cumprimento de um dever...​
Talvez o exercício de um prazer...​
Talvez a força que move o ser...​
Talvez simplesmente o poder...


Salvador, madrugada de 26 de abril de 2016.

terça-feira, 4 de junho de 2019

Retomando o Foco e o Fogo

Há momentos em que
o Norte desaparece
e todo o que se quer fazer
simplesmente esvaece...

Não mais que, de repente,
some-se a perspectiva,
como se, no presente,
não valesse viver a vida!

É preciso dar um NÃO
e tomar a decisão
de reencontrar a empolgação,
que proporciona toda emoção!

É fácil seguir o mapa:
basta dar a cara ao tapa
e ter coragem de enfrentar
todas as etapas do caminhar!

Quando não vem a inspiração,
investe-se na transpiração!
É preciso o desafio encarar,
com vontade de acertar!

Nunca diga que é impossível,
nem que não conseguirá,
pois todo obstáculo é transponível
quando você se dedicar!

E tudo dará certo no final,
para usar o velho chavão,
pois é você que constrói, afinal,
o texto, o amor ou a canção.

Então, pare de se lamentar
e ponha mãos à obra,
pois teremos muito a comemorar,
quando chegar a nossa hora!

No final mesmo das contas,
é apenas buscar, em si, novo fôlego
e conseguir ter as tarefas prontas,
retomando o foco e o fogo.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Podar ou Lapidar

Podar é direcionar,
cerceando galhos
que não interessam.
Lapidar é desnudar,
descobrindo a essência
que explica a existência.

Podar é amestrar,
incutindo valores
que se toma como essenciais.
Lapidar é educar verdadeiramente,
mostrando as consequências
possíveis de cada opção.

Podar faz a planta
virar obra de arte
do paisagismo de sua estética.
Lapidar transforma
a pepita em diamante,
revelando o que já existia.

Tanto podar, quanto lapidar
mostram o enorme potencial
do objeto que se aperfeiçoa.
Isto, por si só,
não é algo digno de dó,
mas, sim, de louvor...

Mas há uma diferença fundamental
que afeta o resultado final:
Se podar é cultivar
a beleza que se quer,
lapidar é cuidar
do conteúdo que se é.