O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
O cachorro da minha infância
me ensinou muito mais do que eu poderia ensiná-lo.
Aprendi, com ele, que lealdade e amor não têm preço;
que é possível estar só no meio de um mundo de gente;
e que nunca se é só se há um amigo do lado...
Aprendi que não é loucura conversar sozinho,
pois haverá quem sempre entenda com um olhar
o sentimento de quem não consegue expressar
em palavras o que se carrega dentro do peito
como um segredo que se tem medo de compartilhar...
Aprendi que não é preciso morar junto
para ter a sensação que o outro faz parte da sua vida;
que conviver é a arte do respeito à diferença
e que a alegria do reencontro é a retomada
de uma estrada que nunca foi interrompida...
Aprendi que uma boa caminhada ajuda
a colocar muitas idéias no seu devido lugar...
que hora de carinho é hora somente de carinho,
sem me preocupar com quem está em volta...
e hora de brigar é hora de rosnar e colocar os dentes para fora...
Aprendi que companheirismo significou muito mais
do que comer o mesmo pão junto...
Foi brincar de dois amigos contra o mundo,
dois heróis contra o universo,
dois corações irmanados sem filtros da razão.
Tudo isso eu poderia aprender sozinho
ou com qualquer outro ser humano,
lendo, amando ou simplesmente vivendo...
mas, na verdade, foi mesmo convivendo
com quem, para mim, era muito mais do que gente:
O cachorro da minha infância...
Para Linho (1980-983) e Trois (1985-1990), os cachorros da minha infância
Campina Grande, 08 de maio de 2010
Será que todos nós
não temos uma preferência
por não preferir?
Sua preferência pela
não escolha
é perfeitamente honrável
Já diria Proust:
"A atenção prende
e a rotina liberta"
Coerência é conseguir
dar uma resposta precisa
aos casos que se enfrenta.
Nem sempre arrepender-se é
uma decisão ética,
mas, sim, animalesca.
No Contrato de Ulisses,
prevalece a decisão manifestada
sobre a liberdade de mudar o combinado.
Pode ser um ensaio clínico,
um testamento vital
ou uma viagem à Marte,
em que a vontade de antes
prevalece sobre a vontade do depois,
sem possibilidade de voltar atrás...”
Se eu morrer amanhã,
não vão dizer que eu não tentei
aproveitar cada momento
e cada oportunidade
como se fosse a última
(até isso virar verdade...)
Se eu morrer amanhã,
não vão dizer que eu não lutei
para romper com a anestesia
do marasmo do dia-a-dia
e da mediocridade da acomodação
(até isso virar normal...)
Se eu morrer amanhã,
não vão dizer que eu não amei
cada pessoa com quem convivi,
fazendo com que cada encontro
fosse mais do que um simples bom dia
(até isso virar adeus...)
Se eu morrer amanhã
não vão dizer que eu não vivi
buscando poesia em cada palavra,
buscando amor em cada olhar,
buscando paz em cada lugar
(até isso virar passado...)
Com sinceridade e amor, digo, sem pudor: nao se apaga o que se viveu. Se o trauma ocorreu, é preciso enfrentá-lo, sem menosprezá-lo, com coragem e candura, assumindo nova postura, sem temer a luta ou a força bruta, para aproveitar o presente, sem medo ou receio, e enfrentar o amanhã iminente, independente do meio ou do instrumento que se use, de verdade, para cessar todo lamento e vencer a vulnerabilidade. Para superar um trauma, é preciso renovar a alma, sabendo que a tristeza é normal em qualquer mesa, mas que o mais importante é saber caminhar adiante, pois uma alegria está defronte a você, em um novo horizonte, que somente vai achar quem resolver a vida encarar...