Cachaça
Chifre
Problema
Tudo que é difícil de resolver
Tudo que eu nem quero saber
Tudo que me aproxima de morrer.
Salvador, 16 de janeiro de 2018.
Cachaça
Chifre
Problema
Tudo que é difícil de resolver
Tudo que eu nem quero saber
Tudo que me aproxima de morrer.
Salvador, 16 de janeiro de 2018.
A Causa de Tudo
é o que nos faz sofrer
A Causa de Tudo
é o que dá vontade de morrer
A Causa de Tudo
independe do que você faça
A Causa de Tudo
me deixa sem graça
A Causa de Tudo
doi fundo no peito
A Causa de Tudo
me diz respeito
A Causa de Tudo
não é o problema em que você se meteu
A Causa de Tudo
sou eu.
Salvador, 15 de janeiro de 2018
Rodolfo Pamplona Filho
Como seria bom poder controlar
os rumos da vida depois do meu passar,
em uma extensão pós-morte do querer,
como se houvesse luz após o anoitecer.
Ensinaria tudo que não deu tempo de falar...
Protegeria todos aqueles que aprendi a amar...
Apagaria os rastros dos meus erros no caminho...
Confortaria todos que ficaram sem carinho...
Pediria perdão a quem eu magoei...
Explicaria o que sentia quando chorei...
Mostraria o que é o fracasso e a glória...
Tentaria dar um sentido à minha história...
O registro autêntico da minha vontade
A declaração antecipada (e inútil) da minha saudade
A eternização da vida em um único momento
A força simbólica de meu testamento.
Salvador, 23 de maio de 2010
Eu não quero ler jornal,
nem me sentir mal
com problemas do mundo
ou de pensamento profundo.
Eu nem quero mais votar,
para , depois, poder alegar
a ilegitimidade de quem governar
supostamente para me representar.
Quando tudo ruir de demência,
colocarei a culpa no sistema,
justificando minha ausência,
pois é muito mais divertido
colocar a culpa no problema,
em vez de tê-lo resolvido.
Praia do Forte, 18 de fevereiro de 2012.
Ó o auê aí ó!
Digaí!
Você está por cima da carne seca, véi!
Colé, véi! Você vê os pulos que dou, mas não vê os tombos que tomo...
Você é que é de fritar bolinho e beber o caldo...
Não acerte seu relógio pelo dele, pois, na hora do vamos ver, todo mundo se pica...
Valeu, véi! Vou chegando...
Puerto Varas-Chile, 02 de julho de 2012.
Nada do que eu faço é culpa minha!
Toda as minhas influências
e paradigmas comportamentais
ensejaram a internalização
de um gestalt disfuncional!
Sem o devido planejamento,
não há como desenvolver!
Meu comportamento viciado
é fruto de um processo doentio
de codependência forçada!
Preciso urgentemente de
um tratamento holístico integral,
sem internamentos compulsórios,
mas, sim, como resultado
de um diálogo habermasiano
de construção comunicativa
de um consenso democrático
que me permita exercitar,
sem condicionamentos,
a autonomia da vontade...
Sem isso, não há
como responder
por qualquer ato,
pois todo resultado
foi contaminado
pelo desrespeito
da minha individualidade...
Viva a Cultura de Vitimização!
Praia do Forte, 03 de agosto de 2013, lendo Calvin...
Terceira idade
Melhor idade
Qualquer idade
Descobrir-se em um mundo
diferente daquele
que presenciou na infância.
Conhecer aparelhos
que seus descendentes
dominam desde criança.
Frequentar mais funerais que batizados
e ir a casamentos de pessoas,
que poderiam ter sido
seus pajens ou damas de honra...
Falar de remédios e dores
e não ser conversa desagradável...
Ou descrever certos horrores
não ser assunto impublicável...
Chamá-lo de tio, avô ou senhor
e não se incomodar com isso...
Ficar feliz ou envaidecido
quando é chamado de moço
ou quando se lembram
de feitos seus,
realizados há mais de uma década...
Viver o decurso do tempo...
que leva cabelos e traz peso,
mas propicia a sabedoria
e quilometragem da experiência...
Ser idoso não é bom ou ruim,
mas, sim, um estado de fato...
Tornar-se idoso é melhor, enfim,
do que perecer jovem no passado.
Salvador, 05 de maio de 2011.
Eu digo não a quem faz corrupção
Eu digo não a quem aumenta o feijão
Eu digo não a quem faz parte do Centrão
Eu digo não a político ladrão
Eu digo não a quem faz nada no Senado
Eu digo não a seu nobre Deputado
Eu digo não ao governador do Estado
Eu digo não a quem põe povo de lado
Eu digo não à União Ruralista
Eu digo não ao Partido Comunista
Eu digo não ao homem do decreto-lei
Eu digo não ao presidente José Sarney
Eu digo não à perda da inocência
Eu digo não a viver em violência
Eu digo não ao rombo da previdência
Eu digo não a esta falta de decência
Eu digo não a quem só sabe mandar
Eu digo não a quem vive a torturar
Eu digo não a quem mata para calar
Eu digo não à ditadura militar
(1987)
Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Rodolfo Pamplona Filho, Cedric Romano e Jorge Pigeard
História não é destino:
O que, algum dia, eu fui
não pode me condicionar
ao que quero ser
e nem deve me privilegiar!
Não sou obrigado a repetir erros
ou manter os meus acertos!
Saber o que se crê:
É preciso saber o conteúdo
e o objeto da sua confiança !
Fundamentar em evento específico
Certificando a sua convicção
por algo pelo qual vale a pena viver e morrer...
(Se Jesus não ressuscitou, é vã a sua fé...)
A fé que vai mudar
sem impor a mudança:
Não se pode ter vergonha
quando se percebe que está no erro!
Impor sua verdade (a quem quer que seja)
somente desvaloriza a sua própria crença!
Crer deve ser um convite à aceitação!
A fé que aprende a descansar
na certeza do cuidado divino,
a despeito de tudo que sinto!
Por mais que sofra,
- e não se nega o sofrimento -
têm-se sempre a certeza
de que Deus cuida de mim...
A fé que sabe que a familiaridade
com a indefectível verdade
não gera salvação!
Não basta conhecer a liturgia,
mas, sim, ser transformado!
O que liberta é a prática e o testemunho
de que não somente se sabe, mas se vive...
Salvador, 23 de agosto de 2015, domingo...
Não te prometo onde morar...
nem tão pouco como não surtar
quando a vontade de estar junto
fortemente apertar...
Não te prometo como agir...
nem tão pouco como não sorrir
quando a vida nos cruzar
e nossos olhos entrelaçar
Não te prometo vida confortável
nem tão pouco rotina estável
quando os sonhos insistirem em minar
toda forma padrão de amar
Não te prometo um anel de brilhantes
nem tão pouco que não aja com rompantes
quando quiser materializar
o que este sentimento tem a falar
E, sabe por que eu não te prometo nada?
porque você sempre me deu
a certeza de todo seu amor
também....
Salvador, 25 de outubro de 2010.
Minha vida se torna um deserto,
se não consigo estar com você...
Por dentro, impera o tédio
e eu sofro por não poder...
... te amar
... te abraçar
... te lançar contra a parede
... e até chamar para brigar...
Agora, eu me valeria de tudo, amado,
para poder estar em seus braços,
sentir todo seu cuidado
e me deleitar nos seu afagos...
E a febre, com certeza, subiria,
mas, não, pela doença instalada,
e, sim, pelo ardor que se cultiva
dessas nossas vidas separadas....
Salvador, 25 de outubro de 2010.
Promessa celebrada
com evidente fervor,
mas que vale nada
sem qualquer pudor...
Juramentos lançados
com animus de acontecer,
mas totalmente quebrados
sem sequer perceber...
Não saber o que lhe tira o gás:
a tristeza da monotonia
ou a expectativa vazia,
pois o problema não é o que se faz,
mas o que se deixa de fazer:
palavras dadas para não valer...
Salvador, 12 de agosto de 2012.
A vida é um conjunto
de ocorrências aleatórias,
desprovidas de significado
ou qualquer substância.
Nascemos sem qualquer culpa
ou a menor responsabilidade,
sendo expostos, sem misericórdia,
a uma série infinita de humilhações,
projetadas para reforçar
nossa absoluta impotência
diante de um universo
que nunca nos quis...
Mas, ainda assim, resistimos...
Salvador, 12 de agosto de 2012.
Flores de plástico
são muito práticas
para ser amorosas...
Flores de verdade
são muito perenes
para ser perpetuadas...
Flores são como amores:
etéreos e eternos,
materiais e espirituais,
que dizem muito de quem dá,
mas também de quem recebe...
As flores são tudo e são nada
para quem as sente,
no toque, no perfume,
e no contemplar
a beleza que se esvai
ou se dilui com o tempo,
mas cujo significado
jamais passará...
Salvador, 18 de agosto de 2012.
Reformar o lustre
para caber na sala
Aceitar que promessas
não passem de palavras...
Fazer amor sem som ou ardor
para não acordar as crianças
Não clamar por calor
para não criar expectativa
Anestesiar a sede de vida
para evitar a despedida
Levar o dia-a-dia sem vibração
só para não se sentir frustração...
Salvador, 31 de julho de 2012.
Se o mundo acabar este ano,
terei uma terrível frustração,
por ter a sensação
de que não será possível
o mundo conhecer
toda minha poesia
ou de que não consegui saciar
a minha sede de viver,
quando fiz você esperar o filé,
depois de sofrer
com o gosto amargo da tristeza...
O mundo não terminará...
Salvador, 25 de julho de 2012
Alegria
é ver a luz do dia
iluminar os seus cabelos
enquanto passo os meus dedos...
Alegria
é olhar a cama vazia,
mas chorar de felicidade
apenas por saudade...
Alegria
é desprezar a alma fria,
pois um mundo de agonia
não me incomodaria...
Alegria
é ter sua companhia,
pois sua presença ilumina
qualquer momento de minha vida.
Salvador, 12 de maio de 2012.
Doçura é o gosto,
o sentimento
e a vontade.
Doçura é a vida,
a presença
e a saudade
Doçura é o amor,
a certeza
e o frescor.
Doçura, porém,
é a palavra que está além
e significa o investimento
em um sentimento.
Doçura...
Salvador, 12 de maio de 2012.
É preciso ter foco!
Mas como ter
se amar me faz perder?
Se Amar tira o meu foco,
não precisa tirar o seu
e nem precisa tirar de ninguém,
pois não é o amor que tira o foco,
mas, sim, o foco que se dá
ao amor e à vida!
Onde está o seu amor?
Ali estará o seu foco...
Salvador, 09 de junho de 2012.
A você, dedico todas
as canções do universo...
E penso que todas as poesias
são feitas para você,
das mais felizes às mais tristes..
A você, quero dedicar
somente as poesias felizes,
pois, nas tristes,
quero só compartilhar
o choro, o abraço e o ombro...
Prometo fazer
um poema para você
mas apenas recitar
no dia em que puder
ver seu rosto novamente..
Salvador, 09 de junho de 2012.
Apego é sofrimento
Possuir vira tormento
Debater-se para manter
o que possui (ou pensa deter).
Arrasar-se por não querer
passar sem algo específico ter
Por isso, para ser feliz,
aprenda a dizer não,
das coisas, abrir mão...
e pare de se debater...
descobrindo o prazer
de finalmente
e simplesmente
viver...
Santiago/Chile, 27 de junho de 2012.
Na vida, há mais dúvidas
do que certezas...
Não se sabe quanto tempo se vive,
nem o que se terá às mesas...
Uma convicção, porém,
que todos certamente têm
é que impostos pagarão
e, um dia, morrerão...
Eu, porém, tenho a sorte
de mais uma certeza ter:
que nem terminará a morte
o meu amor por você...
Santiago/Chile, 27 de junho de 2012.
Sou um cachorro vira-lata,
solto nas ruas,
em busca de comida
e de carinho...
Procurando um refúgio,
onde possa ser amado
e não ter mais subterfúgio
para me sentir abandonado...
Puerto Varas-Chile, 02 de julho de 2012.
Voce é meu último romance...
Você é, na realidade,
o meu primeiro e único lance,
a quem me entrego de verdade...
Quero amar como se não houvesse
qualquer impedimento ou estrutura,
pois minha alma envelhece,
se não me entrego à doce loucura
de apenas em você pensar...
de nunca me arrepender de tentar
aproveitar cada sensação vivida,
após alguém finalmente encontrar
com quem possa compartilhar
a cama, a palavra e a vida.
Salvador, 09 de junho de 2012.
A Fama encanta
A Fama emociona
A Fama excita
A Fama seduz
A Fama provoca
A Fama instiga
A Fama conduz
a uma ideia tola de glória:
Eu prefiro o êxito
Salvador, 09 de abril de 2023.
Ela escreve... na multidão!
um trecho de crônica, uma canção
um testamento, uma confissão
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!
um conto, um verso ou um recado
talvez uma carta para o namorado
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!
um bilhete, um sonho, uma imagem
um desejo escondido, uma mensagem
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!
uma prece, um poema ou um recado
quem sabe um segredo há muito guardado
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!
Tomo cuidado para não perturbá-la
e, à distância, fico a amá-la,
mas...
Isso não importa
e sim que
Ela escreve... na multidão!
(22.01.92)
Vamos celebrar a vida
vamos viver a liberdade
vamos enfrentar a mudança
que nem sempre vem com a idade
vamos falar sobre o fim da pandemia
vamos testemunhar o alvorecer de um novo dia
vamos renovar as esperanças
vamos brincar novamente como crianças
vamos superar qualquer tragédia
vamos entender que tudo passa
vamos vivenciar a beleza da arte
vamos encontrar no outro a nossa outra parte
vamos respeitar quem pensa diferença
vamos lembrar que todos somos gente
vamos sorrir, chorar e se emocionar de verdade
vamos, na alteridade, descobrir finalmente o que é solidariedade.
Boas-Vindas de Rodolfo Pamplona Filho
Mi casa, Su Casa
Minha casa é sua casa
Este é um espaço
para sair do quadrado!
Deixe do lado de fora
tudo que é pesado
Levante a cabeça
Abra um sorriso
Esqueça o juízo
e seja feliz!
Sente-se à mesa
Sirva-se de uma taça
Repita a sobremesa
Mostre a sua raça
Divida o prato com alguém
Pense adiante (e além!)
Brinde a vida com alegria
Não deixe para outro dia
Aqui é o lugar da felicidade
para ser quem se é de verdade
O momento é agora
e o caminho é para frente!
Salvador, hoje e sempre!
No vasto universo das criações,
o direito do autor é o guardião
de histórias, canções e inspirações,
que fluem da mente com devoção.
Cada palavra, nota ou imagem,
é como um filho, uma herança,
a merecer respeito e homenagem
para preservar sua importância e relevância.
Na tela, no papel ou na melodia,
o autor derrama sua alma e paixão!
E o direito autoral é a garantia
de que seu trabalho não será em vão.
Que sejam reconhecidos e protegidos
os frutos do talento e da dedicação!
Para que os criadores sejam aplaudidos
e perpetuem sua marca na criação.
Só assim será enaltecida
a figura humana do autor,
não permitindo que a centelha divina
seja apagada (ou substituída) por um computador.
Salvador, 29 de março de 2024.