O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Amor em Fases


Amor em Fases

Rodolfo Pamplona Filho

Apaixonei-me pela ninfeta de 14
Conheci a jovem de 34
Entreguei-me à mulher de 54
Envelheci feliz com a senhora de 74
Amei-a intensamente em todas as suas fases...

San Francisco, 30 de setembro de 2010.


domingo, 29 de novembro de 2015

O Absurdo Nosso de Cada Dia


O Absurdo Nosso de Cada Dia
Rodolfo Pamplona Filho

A cada dia que passe,
entendo menos o meio que vivo,
em que se precisa explicitar o óbvio,
como se fosse vital advertir do evidente.

Vejo placas que não compreendo:
Proibido pegar carona em ônibus...
Fale com o motorista só o necessário...
Não jogue lixo nas ruas...
Dê descarga após usar o sanitário...

Vejo expressões que não entendo:
Hora extra habitual...
Opção obrigatória...
Demais como coisa boa...
Monstro como alguém do bem...

Vejo tratamentos que não entendo:
Tio sem parentesco...
Mestre sem Mestrado...
Doutor sem Doutorado...
na verdade, sem um curso sequer...

Pedir desculpas por qualquer coisa...
Ultrapassar o velho sinal vermelho de Caetano...
Insistir quando já se repetiu o não...
É difícil pensar em alemão,
pois não há limites para a idiotice coletiva
que não cansa de manter viva
a esperança de, um dia, surpreender...

Salvador, 08 de setembro de 2010, pensando em alemão...

sábado, 28 de novembro de 2015

Morrer é Doce!


Morrer é Doce!
Rodolfo Pamplona Filho

Quando em meu peito, romper-se a corrente
Que a alma me prende à dor de viver
Não quero por mim, nem uma lágrima,
Nem um suspiro, nem um sofrer...
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu passamento.
Não quero que um sorriso
Se apague pelo fim do meu triste tormento!

Viver foi peregrinar no deserto,
Procurando achar o que não estava escondido,
viver foi submergir no tédio,
Tentando encontrar o que já estava perdido
Quando se esgotar o meu suspiro,
Não desfolhe por mim sequer uma flor!
Não tornai outro ente matéria inútil.
Sozinho, da morte, deixai-me o torpor!

No meu epitáfio, escrevas:
Foi homem e, pela vida, passou
Como nas horas de um pesadelo
Que só, com a bela senhora, acordou

Descansem meu leito solitário
À sombra de um triste cipreste,
Numa floresta há muito esquecida
Onde não usurpem o que ainda me reste.
Este parece ser meu desejo final
Neste esperado momento de verdade nua.
Eis-me pronto para beijar a bela senhora
E ver como a morte é doce e crua!
(1989)

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

A Banalização da Morte


A Banalização da Morte
Rodolfo Pamplona Filho

A TV divulga, a rádio anuncia,
o jornal comunica
o saldo das mortes do final de semana...
o trânsito, o acidente doméstico
ou a costumeira e pontual queima de arquivo...

Normal...

Ouvimos impassíveis,
tomando o café nosso de cada dia,
no meio das notícias políticas
ou da alegria ou tristeza com
o resultado do jogo do nosso time...

Normal...

Não há espaço para indignação,
nem mesmo há tempo para isso...
A informação passa por
nossos olhos e ouvidos
como uma brisa imperceptível...

Normal...

O sangue escorre das imagens,
do som e dos papéis...
mas não se sente nada...
Anestesia coletiva, difusa e impessoal...
A apatia e a indiferença
não fazem acepção de pessoas...

Normal...
Normal?

Salvador, 16 de agosto de 2010, uma segunda-feira sangrenta...

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

O Fim do Amor


O Fim do Amor
Rodolfo Pamplona Filho

Qual é o fim do amor?
O que move alguém a achar
que não pode viver sem amar?

Qual é o fim do amor?
Por que algo tão maravilhoso
pode ser tão doloroso?

O que alimenta o amor?
As promessas? A parceria?
Os sonhos? Ou a hipocrisia?

O que alimenta o amor?
O respeito? A tolerância?
Os filhos? A esperança?

O que mantém vivo o amor?
O desejo? A vontade?
O medo? A necessidade?

O que mantém vivo o amor?
A fidelidade? O carinho dado?
A cumplicidade? Ou o papel assinado?

Qual é o fim do amor?
O casamento? A monotonia?
O divórcio? Ou a ironia?

Qual é o fim do amor?
Eu não sei...
pois o fim do amor é amar...

Salvador, 12 de abril de 2010

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

O Remédio Amargo


O Remédio Amargo
Rodolfo Pamplona Filho

Pode chegar um momento em suas vidas
Em que a Paixão se torna amizade,
para depois virar educação;
em que Tom Jobim e Vinícius de Moraes viram Kid Abelha,
em que o “Eu sei que vou te amar”
vira “o nosso amor se transformou em bom dia”;
em que a sua identidade de amante
é convertida em ser pai ou mãe de alguém...

Pode chegar um momento em suas vidas
em que o sexo se torna burocrático,
como um ponto a ser batido
ou um dever a ser agendado;
em que qualquer coisa é motivo para dizer não,
como se precisasse de algo para dizer não...
ou quando o “não quero”, “não pode”, “não faço”, “não vou”
se tornam mais comuns do que o “eu te amo”...

Pode chegar um momento em suas vidas,
em que não há mais gota d’água a esperar,
pois o cálice já transbordou há muito;
em que o silêncio é menos constrangedor
do que ouvir a voz do ente antes amado,
em que a ansiedade de conhecer o outro
é substituída pelo marasmo absurdo
da convivência com falta de assunto...

Pode chegar um momento em suas vidas
em que o resgate dos sentimentos de outrora
é visto como uma chatice ou perda de tempo;
em que as lembranças de momentos felizes
são vistas como um “mico” de um passado distante
em que a tentativa de diálogo é interrompida
por um bocejo ou por um olhar no infinito;
em que se percebe que o desrespeito tem perdão,
mas a monotonia não tem solução...

Pode chegar um momento em suas vidas,
em que se discute compatibilização de horários,
como se o que se tornou um já tivesse desvirado;
em que o trabalho dá prazer e o prazer dá trabalho,
onde o stress é preferível à companhia do outro;
em que vale pena se submeter voluntariamente
a um instrumento de tortura medieval,
em que passar a vida esperando a morte não soa assim tão mal...

Pode chegar um momento em suas vidas,
em que a promessa não consegue mais prevalecer;
em que a experiência derrota a esperança;
em que não faz mais sentido permanecer...
em que não há mais nada a fazer,
senão tomar o remédio amargo,
na agonia que o veneno feche e cicatrize a ferida,
em vez de provavelmente matar o paciente.

Rio de Janeiro, 24 de abril de 2010

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Rima Rica


Rima Rica
Rodolfo Pamplona Filho

Nada é tão belo que se retrate
melhor do que a tessitura de seus seios:
maciez e firmeza de alto quilate,
poucos sabem seus segredos mas... eu sei-os!

O fogo do desejo nasceu ao vê-la,
brilhando como tocha a iluminar o caminho
de quem procura o norte em uma estrela
na esperança imortal de não permanecer sozinho.

Quem se encantou com seus cabelos disserta
sobre a sensação de ir ao céu em um instante;
quem já chorou por você diz: certa
mulher nasceu para viver distante...

Dos seus lábios, quero, ao menos, um selo
que, na falta de mais, já me aquece...
Olhar para seu corpo e não tê-lo
é decretar o fim da nossa espécie.

Somente aquele que, no paraíso, habita
pode compreender o que se passa aqui:
a concupiscência quase infinita
pela oportunidade de você me ouvir...

Vestirei a minha roupa de gala,
se isso puder deixá-la feliz.
Meu nirvana é abraçá-la
E retirar finalmente esta cicatriz

de uma saudade que me martiriza
como um cigarro que me mata enquanto trago...
como um exército que invade a divisa...
como quem percebe o tamanho do estrago...

Chega uma hora em que se quer vergonha na cara
para ter coragem de ter a cabeça ereta
e saber que todo grito, um dia, cala
e todo alvo, algum momento, alguém acerta!

De quem eu seria, se seu não fosse?
A quem dedicaria este sangue espesso
que flui intenso, vermelho e doce
da ferida aberta que agradeço?

Toda tristeza, a vitória espalma
e da lamentação, eu mesmo declino,
ao conseguir preencher a minha alma
com seu amor, que é o mesmo destino.

No vôo para João Pessoa/PB, 18 de julho de 2010.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Esperança


Esperança
Rodolfo Pamplona Filho

O futuro há de ser melhor do que o presente
e infinitamente superior ao passado recente,
pois guarda em sim um querer
que se renova a cada alvorecer

Não é o amor que difere o homem dos outros animais...
Não é a falta de guerra que garante a paz...
Não é a pesquisa lógica que impulsiona à solução...
Não é o remédio que traz calma ao coração...

É a força que move o doente à cura...
É o que faz a alma se manter pura...
É o que se sente no sorriso da criança...
É a mais clara forma de fé: a esperança!

Viver é o exercício da persistência
em um mundo que mina sua resistência
com armadilhas dolorosas nos pontos mais sensíveis,
criando obstáculos cada dia mais terríveis...

Mas nada disso realmente importa
quando a sensação que bate à nossa porta
é uma confiança inexplicável no amanhã
com um renascer da vontade a cada manhã...

Salvador, 23 de maio de 2010
Para Micael...

domingo, 22 de novembro de 2015

Jorge, um Guitarrista


Jorge, um Guitarrista

Eu conheci um guitarrista que se chamava Jorge
Ele tinha uma “Golden” e tocava legal
e na sua vitrolinha, só tinha Rock’n’Roll
Iron Maiden, Bon Jovi, Guns ‘n’ Roses, A.C. D. C.
Mas Jorge, de repente, resolveu mudar
Ele pegou a sua guitarra e começou a tocar

E dos acordes que ele deu saiu um axé
Aí eu disse para ele: Meu irmão, qual é?!

Mas o Jorge não ouvia e continuou a tocar
E essa sua mudança não queria mais parar

Ele trocou a distorção pelo reggae do negão
Ele trocou o ACDC pelos filhos de Gandhi

E o Jorge resolveu mudar para Salvador
Um paraíso para uns, para outros um terror
Uma terra onde o profano se mistura com a fé
E para aparecer, o músico precisa tocar axé

E ele começou a curtir
O que ele ouvia ali
Araketu, Olodun
Eta Terra d’Oxum!

Para completar, o Jorge decidiu mudar seu visual
E queimou os seus cabelos para ficar mais sensual
Com penteado Rastafari, ele saiu para desfilar
E se mudou para o Pelourinho, onde agora era o seu lugar

E logo ele que falou que dessa água não beberia...
Pois agora engoliu a água, o encanamento e até a pia...

E toda a galera não acredita nesta mudança:
Ver aquele metaleiro com o cabelo em trança

Mas apesar de tudo, o Jorge está feliz
Pois até foi convidado prá tocar lambada em Paris

E essa foi a história de um cara que eu conheci
E que para falar a verdade, eu nunca mais o vi
Só espero um dia encontrá-lo no maior astral
Tocando a sua guitarra em pleno carnaval!

Letra e Música: Rodolfo Pamplona Filho
(1990)

sábado, 21 de novembro de 2015

Canção do Exílio (se Gonçalves Dias nascesse na Bahia)



Canção do Exílio (se Gonçalves Dias nascesse na Bahia)
Rodolfo Pamplona Filho

“Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.”

Minha terra tem palmeiras,
onde canta o Sabiá;
mas também há outras coisas
que valem a pena apreciar...

Minha terra tem coqueiros,
cujos côcos têm uma água doce;
tão feliz eu não seria,
se baiano eu não fosse

Há um mar verde-azulado
que parece não ter fim,
com uma brisa de beijo salgado
de uma mulher que só diz sim...

Há um clima maravilhoso,
em que imperam o sol e o calor
e onde um inverno rigoroso
se limita a chuva e a frescor.

E uma comida abençoada por Deus,
que é uma mistura democrática de heranças,
convivendo negros, índios e europeus,
ensinando o respeito ao outro desde crianças.

Minha terra tem musicalidade
e um artista em cada cidadão,
fazendo festa em cada canto da cidade,
pois ser feliz não custa um único tostão.

Minha terra tem um povo hospitaleiro,
que trata o visitante como um amigo,
recebendo-o em seu ambiente caseiro,
como se fosse um companheiro antigo.

“Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.”

Não permita Deus que eu morra
e perca toda esta alegria...
sem que lembre dos amores
que deixei na minha Bahia

Não permita Deus que eu morra,
sem que eu volte para lá;
sem que eu reveja meus amores
que não existem por cá;
sem que eu chore horrores,
até reencontrar o meu lugar.

Salvador, 10 de julho de 2010

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Sorrisos


Sorrisos
Rodolfo Pamplona Filho

Todo sorriso é um enigma
mais difícil que o da esfinge
pois não há saída: ele nos devora,
seja alegre ou seja triste!

Cada dente exposto,
cada expressão no rosto
contém uma mensagem
Cada olhar brilhante,
cada riso vibrante
transmite uma imagem

Ela sorri para mim?
Ou ela sorri de mim?
Compreender é tão difícil
quanto se espera um “sim”!
Não se sabe se um sorriso
é um beijo ou uma ironia!
Não se sabe se um sorriso
emana sarcasmo ou poesia!

Por isso mesmo,
repito sempre o lugar comum:
“Sorria sempre, mesmo
que seja um sorriso triste!
Pois antes um sorriso triste
do que a tristeza
de não saber sorrir!”

(1991)
Musicado por Iuri Lemos Vieira em 2006

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Canção da Partida sem Despedida


Canção da Partida sem Despedida
Letra e Música: Rodolfo Pamplona Filho

Você não pensa em sua vida,
mas sabe que o tempo
corre como um louco
e está contra você!
Você se perde em si mesmo,
pensando que o prazer
dura para sempre
no gozo do poder...
Cara limpa é uma bobagem
quando o corpo não reclama
e o bom é curtir
o aqui e o agora
Trinta anos não é tarde
para começar a vida,
mas é cedo demais
para ir embora
Mas outros já foram há
mais tempo do que isso...
Há formas dolorosas
de descobrir...
toda a verdade!

Será que vale a pena
Viver intensamente?
Será que vale a pena
Partir sem despedir?
Se viver já é um risco,
todo instante é precioso,
mas isso é sem sentido
quando não se teve medo
de viver cada momento
como se esse fosse último
E a decadência ajuda
A pensar o impensável...
Será que realmente
mortes são precoces?
Ou a nossa história
já está limitada?
Que jeito de terminar
quando mal se começou
se o vazio faz sofrer
Sua sina, então, é...
... sobreviver...

Não há o que julgar
Não há o que condenar
Há apenas a saudade
e a lembrança de um tempo
em que as Jam´s e as piadas
venciam a madrugada
e o sonho era o gás
para por o pé na estrada...
Quando o riff é uma lágrima
e o solo a depressão,
parece até gostoso
morrer como um rock star...
Tudo isso para não ver
a terrível frustração
de não realizar
o que se ama fazer...
A angústia invade o peito...
A dor vem aquecer...
o nó que toma a garganta
Quem sabe se vou...
... sobreviver...

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Rompendo


Rompendo

E, de repente, o silêncio!!!
E o que era unidade
virou dois corpos abraçados
(mas não era a mesma coisa!)
E o silêncio persiste!!!
Palavras são emitidas,
mas parece não haver som
Confesso: estou com medo
(ela também!)
Medo de quê???
Medo de perdê-la
e nunca mais tê-la...
... de volta ... em meus braços
O rádio está ligado,
mas o silêncio continua... (insuportável!!!)
Fala-se sobre qualquer coisa,
mas o silêncio continua...
Será o fim?
Ou será apenas a explosão de outra neurose?
Enquanto escrevo,
meu corpo sua e treme!
Será febre?
Será medo?
Será que vou conseguir encontrar
alguém que eu goste de abraçar
alguém com quem eu possa conversar
alguém que eu possa amar,
sem ser você, amiga?
Acho difícil,
Acho impossível,
acho insuportável!
Mas, então, por que, meu Deus, por que?
Por que meu coração está confuso desse jeito?

Se eu a amo,
por que hesito?
Se não a amo,
por que existo?
Vejo seus olhos marejados
Sinto que ela vai chorar.
Se tenho vontade, por que não grito logo que a quero?
que a amo?
que a desejo?
Porque...
... sou imaturo
... sou um idiota
... sou influenciado por palavras que não vem da minha boca
nem da minha alma
nem do meu coração.
Mas, mesmo assim,
e por isso mesmo,
eu hesito quando
quando tudo seria bem mais fácil
e bem mais simples
se eu (mente, alma e coração)
apenas dissesse:

Meu amor, quero ficar contigo o resto de minha vida!

(11.10.92)

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Natureza


Natureza

Quando as cores da aquarela
Se tornarem uma só
Quando a vida, então bela,
Virar fogo, virar pó

Quando o verde virar cinza
E o céu não for anil
Vida não era mais vida,
Homem-bicho será vil

Quando o sangue derramado
Escorrer por minha mão
Lembrarei que, algum dia,
Já vivi em comunhão

E era belo, e era lindo
E era tudo o meu viver:
Homem-planta, homem-flor,
Homem-homem, Homem-ser

Não sabia que havia
Vida pura e sem dor
Bicho e homem, seres iguais,
Já viveram com amor

(1990)

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Paradoxos


Paradoxos
Rodolfo Pamplona Filho

A pólvora foi criada para ajudar na caça e na remoção de obstáculos para edificações...
... não para matar...

A faca foi criada para cortar comida e auxiliar no trabalho
... não para matar...

O remédio foi criado para curar doenças
... não para matar...

A guilhotina foi criada para cortar papéis e outros materiais
... não para matar...

O automóvel foi criado para facilitar o transporte das pessoas...
... não para matar...

O avião foi criado para fazer deslocamentos por grandes distâncias
... não para matar...

O homem nasce para ser feliz e fazer os outros felizes...
... não para matar...
... não para se matar...
... não para não amar...

Maceió, 03 de setembro de 2010

domingo, 15 de novembro de 2015

Give Me


Give Me

Give me all your love
Give me all your soul
Give me all your got, mother fucker
Or you´ll never gonna see my show
Tell me all your thoughts
Tell me all your dreams
Tell me all you feel, mother fucker
Or you’ll always be alone
...you’ll never be the same
if you follow this way...

I can understand
if you’re ashamed
But if you don’t see what you do:
FUCK YOU!!!

(1992)
Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Rodolfo Ramirez e Cedric Romano

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Fantasia Fugaz II


Fantasia Fugaz II

Loucos são os que pensam
Haver padrões para uma mente
Destroços de cultura
De um mundo tão doente
Homem: ser ambíguo
Pois sua sina é a incerteza
Fruto produzido em sua própria natureza
Sem respostas, cem questões
No infinito das ilusões

Fronteiras do Inconsciente
São como sonhos: tênues linhas
As mudanças de lágrimas para risos
Têm a complexidade da noite para o dia
da tristeza para alegria

Vida, margens duma porção,
Um todo preenchendo metade,
O ciclo da dualidade
Lucidez e Loucura,
Tangentes da Razão,
Mas são frágeis correntes entrelaçadas
Numa mesma...
... canção!

Fantasia fugaz fluindo...
... como uma...
... canção!!!
Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Jorge Pigeard
(1992)

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Testamento


Testamento
Rodolfo Pamplona Filho

Como seria bom poder controlar
os rumos da vida depois do meu passar,
em uma extensão pós-morte do querer,
como se houvesse luz após o anoitecer.

Ensinaria tudo que não deu tempo de falar...
Protegeria todos aqueles que aprendi a amar...
Apagaria os rastros dos meus erros no caminho...
Confortaria todos que ficaram sem carinho...

Pediria perdão a quem eu magoei...
Explicaria o que sentia quando chorei...
Mostraria o que é o fracasso e a glória...
Tentaria dar um sentido à minha história...

O registro autêntico da minha vontade
A declaração antecipada (e inútil) da minha saudade
A eternização da vida em um único momento
A força simbólica de meu testamento.

Salvador, 23 de maio de 2010

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A Tristeza que corrói (Soneto da Depressão)



A Tristeza que corrói (Soneto da Depressão)
Rodolfo Pamplona Filho

Muitas vezes, falta-me o fogo
sem qualquer motivo aparente,
como um vazio que preenche o todo...
como uma saudade do presente...

É uma nostalgia do que não se viveu
É o gosto amargo do que não se provou
É a dor da ferida que não se abriu
É a mágoa daquilo que não se buscou

Solidão terrível na multidão
Sensação conhecida de apatia
Tristeza estranha que contagia

Choro contido na escuridão
Silêncio quase ensurdecedor
Carência evidente de amor

Salvador, 22 de agosto de 2010

terça-feira, 10 de novembro de 2015

A Comodidade que Incomoda

Rodolfo Pamplona Filho




Quando éramos pequenos,
nos ensinaram um ideal de felicidade
de uma vida estável e sem remendos
e de um amor sem insanidade...

Hoje, abrindo minha caixa dos sonhos,
vejo quão reais e bonitos eram,
pois de uma simplicidade e pureza,
que a todos agradava, com certeza!

A comodidade de uma vida perfeita
com família, casa e cozinheira
me transformou, porém, em um ser diferente,
hibernando neste novo presente

e, assim, meu pequeno coração,
dilacerado pelo mundo,
entrou em conflito profundo,
sem vislumbrar qualquer triunfo.

Algo surta dentro de mim
suplicando a por fim
a essa vida perfeita para os outros
e que tem me deixado no desgosto.

Lembro que, a cada dia, tem-se menos ar...
...do que podíamos realizar...
...do que podíamos sonhar...
...na ciranda da vida a caminhar...

O comodismo não pode tomar conta
de forma duradoura e plena
pois o futuro é aqui e agora
e não agüentará tamanha demora.





Salvador, 29 de novembro de 2010

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Deserto

Rodolfo Pamplona Filho





Minha vida se torna um deserto,
se não consigo estar com você...
Por dentro, impera o tédio
e eu sofro por não poder...
... te amar
... te abraçar
... te lançar contra a parede
... e até chamar para brigar...

Agora, eu me valeria de tudo, amado,
para poder estar em seus braços,
sentir todo seu cuidado
e me deleitar nos seu afagos...
E a febre, com certeza, subiria,
mas, não, pela doença instalada,
e, sim, pelo ardor que se cultiva
dessas nossas vidas separadas....
Salvador, 25 de outubro de 2010.

domingo, 8 de novembro de 2015

Não te prometo nada

Rodolfo Pamplona Filho






Não te prometo onde morar...
nem tão pouco como não surtar
quando a vontade de estar junto
fortemente apertar...

Não te prometo como agir...
nem tão pouco como não sorrir
quando a vida nos cruzar
e nossos olhos entrelaçar

Não te prometo vida confortável
nem tão pouco rotina estável
quando os sonhos insistirem em minar
toda forma padrão de amar

Não te prometo um anel de brilhantes
nem tão pouco que não aja com rompantes
quando quiser materializar
o que este sentimento tem a falar

E, sabe por que eu não te prometo nada?
porque você sempre me deu
a certeza de todo seu amor
também....
Salvador, 25 de outubro de 2010.

sábado, 7 de novembro de 2015

Vinte Anos

Rodolfo Pamplona Filho









Você esperaria vinte anos por mim?
Esperaria mesmo sem certeza do fim?

Esperaria ainda que sem perspectiva?
Esperaria sem ver sinais de vida?

Esperaria nossos pais falecerem?
Esperaria nossos filhos crescerem?

Esperaria nossa aposentadoria?
Esperaria renovar a luz do dia?

Esperaria diminuir o fogo sexual?
Esperaria esfriar o espirito de Natal?

Esperaria conseguir relaxar?
Esperaria reaprender a brincar?

Esperaria zerar meu trabalho?
Esperaria organizar meu horário?

Esperaria esquecer meu passado?
Esperaria encontrar novo significado?

Esperaria?
Esperaria?

Se você está disposta a enfrentar
tantos sacrifícios, sem demora,
eu não tenho que hesitar:
eu quero você aqui e agora!


Salvador, 13 de dezembro de 2010.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Caricatura de Si Mesmo

Rodolfo Pamplona Filho




Eu não quero virar
uma caricatura de mim mesmo...
Fazendo o que
as pessoas já esperam
que eu farei,
por já ter feito antes
e por parecer
que sempre irei fazer...
Eu não quero
contar as mesmas historias,
rir das mesmas piadas,
chorar as mesmas lagrimas
e viver as mesmas emoções...
Eu quero surpreender
e nem sempre saber
o que farei, comerei
ou mesmo sentirei...
Eu só quero ser
uma única coisa...
Eu só quero ser eu mesmo


Porto Alegre, 13 de abril de 2013

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Soneto da Especulação Imobiliária

Rodolfo Pamplona Filho


Qual é o preço a se pagar
para conseguir um teto
não somente para morar,
mas para estar perto



de quem se ama de verdade
e quer proteger da realidade
de um clima cruel e violento
digno de um carcará sanguinolento?

Valor algum é suficiente
para significar o espaço da gente,
onde se pode realmente descansar!

Por isso, não há como não desejar
que sofra uma morte vicária
quem vive de especulação imobiliária!


Mainz, 03 de maio de 2013.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Cadáver Vivo

Rodolfo Pamplona Filho





Acordar, comer
Banhar-se, vestir
Trabalhar, beber
Deslocar-se, dormir
Não saber o que mais fazer?
Quem sabe, talvez, viver?
Ver que um dia passa
sem, de nada, achar graça
é finalmente perguntar:
será que morri e
me esqueceram de enterrar?


Salvador, 13 de junho de 2013, após uma sessão de analise junguiana.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Constatação Óbvia

Rodolfo Pamplona Filho




Quanto mais o tempo passa,
quanto mais velho eu fico,
mais a vida adulta parece ser
aquele treco frustrante e idiota
que te impede de ler HQ's...


Salvador, 28 de julho de 2013.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Biografia Revisionista

Rodolfo Pamplona Filho



A história é uma ficção,
criada para convencer
de que acontecimentos
são compreensíveis
e de que a vida tem
uma ordem e uma direção.
É por isso que os fatos
são reinterpretados
quando valores mudam...
É preciso sempre ter
novas versões justificadoras
de novos (e velhos) preconceitos...



Praia do Forte, 03 de agosto de 2013, lendo Calvin...

domingo, 1 de novembro de 2015

A Ignorância é um direito?

Rodolfo Pamplona Filho


Eu não quero ir para a escola.
Eu não quero aprender
Eu não quero aprender nada
Eu não quero aprender nada novo
Eu não quero aprender nada de novo




Já sei tudo
Já sei tudo que quero
Já sei tudo que quero saber
Já sei até mais que quero saber
Eu gostava mais das coisas quando não sabia nada sobre elas...

Logo, concluo que
estou sendo lesado;
estou sendo violentado;
estou sendo educado;
estou sendo educado contra minha vontade...

Então, ser ignorante é um direito?
Não sei!
Mas também não quero descobrir...


Praia do Forte, 03 de agosto de 2013, lendo Calvin...