O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O Dia


Rodolfo Pamplona Filho

É hoje o dia!
E o sangue dá nova pulsada
como um atleta de corrida...
Será que, antes da chegada,
já será despedida?

É hoje o dia!
E a ansiedade
toma todo o corpo,
como se a vontade
aproximasse o porto...

É hoje o dia!
Mas que desespero!
A cada minuto de espera,
tenho um pesadelo
de que serei esquecido na terra...

É hoje o dia!
Tenho a esperança
de que tudo vai dar certo
toda vez que vem a lembrança
de que o momento está perto!

É hoje o dia!
Recebi a confirmação
de que não houve desistência,
o que faz meu coração
renovar sua resistência!

É hoje o dia!
É agora a hora!
Por isso, sem demora,
farei o que sempre quis:
apenas ser feliz.

Salvador, 26 de agosto de 2011.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Amigo



Rodolfo Pamplona Filho (2001)

“Amigo é o pai ou o irmão,
que a gente elege pelo coração;
é alguém para dividir o pão,
o sonho, a lágrima e a canção;
é aquele que abraça com vontade,
sem medo de falar sempre a verdade.
E mesmo que isso não seja lá muito agradável,
também é saber dizer não com um sorriso amável.
É alegrar-se com a vitória e consolar na derrota...
É perguntar como está e aguardar a resposta...
É partilhar a risada, o ombro e o ouvido...
Esse é o sentido da palavra AMIGO.”

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

De repente, você...


Rodolfo Pamplona Filho

Sua mão me fez buscar o caminho
que há muito procurei
nos seus olhos, notei o cantinho
que há muito desejei

A vida me deu rasteiras
que eu nunca esperei.
mas o céu não limitou o espaço
que eu sempre acreditei

Assim. construí minha vida.
caminhando com sensatez
e, de repente, você aparece
como nunca imaginei...

San Francisco, 30 de setembro de 2010.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Felicidade



Rodolfo Pamplona Filho

Para ser feliz,
você não precisa procurar
até cansar...
...alguém para amar...

Para ser feliz,
você não precisa ter filhos
como se a descendência
fosse o único sentido de viver...

Para ser feliz,
você não precisa ter um bom emprego
para vender, por alto que seja o valor,
o inestimável gosto de seu suor

Para ser feliz,
você não precisa ter casa própria
pois um teto apenas serve
para proteger do frio e do sol

Para ser feliz,
você não precisa ser popular
como se a aceitação alheia
fosse a coisa mais importante da vida

Para ser feliz,
você não precisa viajar o mundo todo
já que conhecer a si mesmo
é a maior viagem de toda a vida

Para ser feliz,
você não precisa ter um Deus
Pois Ele estará no mesmo lugar
Independentemente da sua fé

Para ser feliz,
você não precisa ter amigos
embora isso ajude muito
nos momentos de solidão

Para ser feliz,
você não precisa ter conhecimento
pois conhecer como as coisas funcionam
nunca trouxe alegria a ninguém

Para ser feliz,
você não precisa ter dinheiro
pois, na morte, ninguém reclama
por não ter investido mais na bolsa

Para ser feliz,
você não precisa sequer ter saúde
já que nem todo doente
é um pessimista incorrigível

Para ser feliz,
você não precisa mais
do que estar vivo
e aprender a viver só...
e só...

Ciudad Real, 26 de setembro de 2008, e
Madrid, 05 de outubro de 2009

sábado, 19 de dezembro de 2015

Momentos Refletidos...



Momentos Refletidos...

Ela escreve... na multidão!
um trecho de crônica, uma canção
um testamento, uma confissão
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!
um conto, um verso ou um recado
talvez uma carta para o namorado
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!
um bilhete, um sonho, uma imagem
um desejo escondido, uma mensagem
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!
uma prece, um poema ou um recado
quem sabe um segredo há muito guardado
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!

Tomo cuidado para não perturbá-la
e, à distância, fico a amá-la,
mas...
Isso não importa
e sim que
Ela escreve... na multidão!

(22.01.92)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Adoção Afetiva


Rodolfo Pamplona Filho
A vida me contemplou
com filhos maravilhosos,
tanto no sangue,
quanto no coração!

Isso se dá, com fé,
pois, definitivamente,
a paternidade não é
uma biologia permanente.

É muito mais do que isso:
é uma eleição de paradigma
de quem assume o compromisso
de não ser um enigma.

Apadrinha-se, torna-se companheiro,
confidente, ombro amigo e parceiro.
Comemora-se junto, chora-se também,
da verdade biológica, vai-se além...

A paternidade por adoção afetiva
honrou-me com um carinho
que nem todos têm na vida...
que não se compreende sozinho...

mas que é a prova mais dura
de que pessoas podem se amar
e se entregar de forma pura,
sem qualquer outro interessar,

como deveria ser, aliás,
em qualquer verdadeira relação
de um afeto que não volta atrás...
de uma escolha consciente de devoção.

Aracaju, 07 de outubro de 2010.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Saudade de Casa



Rodolfo Pamplona Filho

Por vezes, tenho vontade de chorar...
Sei o motivo, mas não consigo controlar
Há um vácuo que preenche o que era completo
Uma carência de beijo, dengo e afeto

Não sei o que é pior: a distância ou a despedida;
O romper do contato no momento da partida
Um olhar para trás, um abraço apertado,
um aceno tristonho, um olhar desolado...

Como uma dor machuca tanto sem ferir?
Como dominar o que posso apenas sentir?
A paz é arrancada desde a raiz
Uma marca viva que não vira cicatriz...

Pense duas vezes antes de reclamar
Dos problemas da vida, da rotina do lar...
Há tristeza que ninguém sabe como se mede
Só se valoriza o que se tem quando se perde

A lágrima vem solta e quente
Quem negar isso apenas mente
mas faz bem, porque, como um rio
leva o fel para um outro lado vazio....

A cada alvorecer, há uma nova esperança...
que surge inocente, como sorriso de criança,
mudando planos e rumos, batendo asa,
tudo por causa da saudade de casa...

Ciudad Real, 09 de setembro de 2008

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Wilderness


Wilderness

How many times
have you heard my shy voice
telling feelings that
don’t have meaning in words?

How many times
must I tell you that I miss you
while a storm of tears
keep crumbling from my face

And even if
the sky should fall down
and the ocean
turns to a desert

I won’t
be afraid of passion
‘cause the more you love,
the more you grown

So, do you think it’s over
and time will pass
like summer rain
So, do you think you can let me
with my wilderness
waiting for a call,
wishing you were here again

Letra e Música: Rodolfo Pamplona Filho (1992)

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Perdendo a Fé


Rodolfo Pamplona Filho
Será possível definir o momento
em que se passa a crer em algo?
Se isto for aceitável,
por que não o seria
o instante em que se perde a fé?
A fé como a certeza
no que não se vê...
A fé como a esperança
que não se está só...
A fé como a motivação
para ainda confiar em alguém...

A fé não se explica: sente-se...
como um sopro no calor,
um abraço no temor,
uma luz na escuridão,
uma pausa na aflição...
A fé consola e acalma,
traz paz ao fundo da alma,
transforma a derrota em vitória
e muda o sentido da história.

Em que se perde a fé?
No homem, na lição,
na promessa, na salvação,
no governo, no projeto,
no caminho estreito e reto...
Perde-se fé na igreja
ou na comunidade,
na capacidade benfazeja
de falar a verdade...

Há como não perder a fé,
quando isto soa inevitável?
Há como permanecer de pé,
diante do inominável?
Há como acreditar na graça,
sem esperar um salvador?
Perder a fé é uma desgraça...
E isto é desolador,

pois o que se pode fazer quando
se descobre ter perdido a fé?
Reencontrar a estrada de outrora,
como se tantos passos
já não tivessem sido dados?
Como se tantas experiências
não tivessem diferentes lados?
Como se fosse possível desprezar
toda a vida posterior?
Como se a vontade pudesse apagar
singelamente toda dor?

Perdi a fé,
perdendo a fé...
Salvador, 07 de novembro de 2010.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Resposta




Eu respondo com o silêncio
Dos que foram forçados...
... a calar...
... por ter coragem
Eu respondo com as lágrimas
Das mães da Plaza de Mayo...
... que choraram...
... de verdade
Eu respondo com o sangue
Jorrado e derramado...
... na Praça da Paz...
... onde se fez a guerra
Eu respondo com a dor,
A dor que torturados...
...que morreram por não pensar...
... igual a quem tinha...
O poder...
... para mudar
O poder...
... para fazer sofrer
e matar.

(1991)
Letra e Música: Rodolfo Pamplona Filho

domingo, 13 de dezembro de 2015

Filhas crescem

Filhas crescem

Rodolfo Pamplona Filho
O bebê que vi nascer
e carreguei no colo
desabrochou com a primavera
de um tempo que não para...
E se viu menina...
E se viu moça...
E se viu mulher...
E se viu mãe...
Mãe de meu neto...
Retomando o ciclo,
carregando o bastão
e redescobrindo a gênese,
que nunca terminará...


Rio de Janeiro, noite de 20 de setembro de 2013, refletindo sobre o tema e uma musica de John Mayer no Rock in Rio.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Direito Skinhead


Direito Skinhead
Rodolfo Pamplona Filho

Princípio da Truculência Máxima:
In dubio, pau no réu..
Tal qual em “O Pequeno Príncipe”,
você se torna eternamente responsável
pelas empresas que cria...
Afinal de contas,
o processo judicial não pode
ter sensação de coito interrompido...

Quebra de sigilo fiscal,
bancário, telefônico e pessoal:
tudo isso é fichinha
para o que se está
disposto a fazer,
para, em seu entender,
cumprir o seu dever...

Bloquear suas contas,
restringir o seu crédito,
mandar prendê-lo,
se deixassem...
Não há limites
para a sede de justiça,
ainda que seja para beber
todo o seu sangue e seu suor...

Quando o Direito
não é respeitado,
tanto na vida,
quanto no processo...

Quando o Direito
parece ser apenas
um conto de fadas
ou uma história de Carochinha...

Quando o Direito
reconhece que não há
limites para a criatividade humana
quando se quer manobrar para não honrar,
fugir ou fraudar direitos...

Quando o Direito
definitivamente
precisa ser reinventado
para ser efetivado,
não há mais salvação:
É o tempo e lugar
do Direito Skinhead!

Salvador, 04 de setembro de 2010, estressado em um sábado...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Meretrizes da Zona Sul (extended version)


Meretrizes da Zona Sul (extended version)

São como rosas,
cheias de espinhos;
são como pedras,
mudando caminhos;
anjos das alcovas, com lábios de mel...
vidas amargas, no mais puro fel...
Ela são
Rainhas da Noite, de uma “Noite de Blues”!
Pobres mulheres!
Meretrizes da Zona Sul

Corpos maculados,
com almas tão puras
Feras escondidas
em doces criaturas.
Preferem a dor do que a solidão,
vendendo a si próprias, em busca do pão.
Ela são
Rainhas da Noite, de uma “Noite de Blues”!
Pobres mulheres!
Meretrizes da Zona Sul

Deusas pagãs
Senhoras da Vida
Fêmeas amadas
Temidas, feridas
São bichos selvagens em jaula de pedra
Crianças perdidas no meio da selva
Ela são
Rainhas da Noite, de uma “Noite de Blues”!
Pobres mulheres!
Meretrizes da Zona Sul

“É melhor ser meretriz do que ser ladrão” (será mesmo?)
“Vendo meu corpo, mas não vendo minha alma!” (será mesmo?)

Letra e Música: Rodolfo Pamplona Filho
(2004)

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Gratidão


Gratidão
Rodolfo Pamplona Filho

Gratidão não se exige,
não se pede, nem se espera...
É presente de um coração puro,
que não vê outra forma de agir,
na memória da marca do passado
e do alívio do auxílio no desespero...

Por isso, a ingratidão machuca
como punhaladas nas costas,
como um tapa no rosto,
como uma dor fatal no peito...

O ingrato merece mais do que repúdio:
é pena de morte no coração,
que se fecha em uma ferida purulenta,
cujos bálsamos somente são
o ostracismo ou a ressurreição do perdão...

Reconhecer-se grato é o exercício da verdadeira humildade,
que é saber que, sozinho, não se consegue nada,
pois conquistas isoladas são vitórias de Pirro,
em que obter o resultado não significa necessariamente desfrutá-lo...

Gratidão é a resposta sincera
que o afeto exige por coerência!
É a marca que renova a esperança,
que não é a última que morre, posto imortal,
mas, sim, a certeza de que
ainda se pode ter fé na humanidade

Maceió, 03 de setembro de 2010