O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Soneto do Último Romance...


Rodolfo Pamplona Filho
Voce é meu último romance...
Você é, na realidade,
o meu primeiro e único lance,
a quem me entrego de verdade...

Quero amar como se não houvesse
qualquer impedimento ou estrutura,
pois minha alma envelhece,
se não me entrego à doce loucura

de apenas em você pensar...
de nunca me arrepender de tentar
aproveitar cada sensação vivida,

após alguém finalmente encontrar
com quem possa compartilhar
a cama, a palavra e a vida.

Salvador, 09 de junho de 2012.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Cachorro Vira-Lata


Rodolfo Pamplona Filho
Sou um cachorro vira-lata,
solto nas ruas,
em busca de comida
e de carinho...
Procurando um refúgio,
onde possa ser amado
e não ter mais subterfúgio
para me sentir abandonado...

Puerto Varas-Chile, 02 de julho de 2012.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Certezas da Vida


Rodolfo Pamplona Filho
Na vida, há mais dúvidas
do que certezas...
Não se sabe quanto tempo se vive,
nem o que se terá às mesas...
Uma convicção, porém,
que todos certamente têm
é que impostos pagarão
e, um dia, morrerão...
Eu, porém, tenho a sorte
de mais uma certeza ter:
que nem terminará a morte
o meu amor por você...

Santiago/Chile, 27 de junho de 2012.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Apego



Rodolfo Pamplona Filho
Apego é sofrimento
Possuir vira tormento
Debater-se para manter
o que possui (ou pensa deter).
Arrasar-se por não querer
passar sem algo específico ter
Por isso, para ser feliz,
aprenda a dizer não,
das coisas, abrir mão...
e pare de se debater...
descobrindo o prazer
de finalmente
e simplesmente
viver...

Santiago/Chile, 27 de junho de 2012.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Dedicatória da Saudade



Rodolfo Pamplona Filho
A você, dedico todas
as canções do universo...
E penso que todas as poesias
são feitas para você,
das mais felizes às mais tristes..
A você, quero dedicar
somente as poesias felizes,
pois, nas tristes,
quero só compartilhar
 o choro, o abraço e o ombro...
Prometo fazer
um poema para você
mas apenas recitar
no dia em que puder
ver seu rosto novamente..

Salvador, 09 de junho de 2012.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Foco


Rodolfo Pamplona Filho
É preciso ter foco!
Mas como ter
se amar me faz perder?
Se Amar tira o meu foco,
não precisa tirar o seu
e nem precisa tirar de ninguém,
pois não é o amor que tira o foco,
mas, sim, o foco que se dá
ao amor e à vida!
Onde está o seu amor?
Ali estará o seu foco...

Salvador, 09 de junho de 2012.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Doçura



Rodolfo Pamplona Filho
Doçura é o gosto,
o sentimento
e a vontade.

Doçura é a vida,
a presença
e a saudade

Doçura é o amor,
a certeza
e o frescor.

Doçura, porém,
 é a palavra que está além
e significa o investimento
em um sentimento.

Doçura...

Salvador, 12 de maio de 2012.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Alegria


Rodolfo Pamplona Filho
Alegria
é ver a luz do dia
iluminar os seus cabelos
enquanto passo os meus dedos...

Alegria
é olhar a cama vazia,
mas chorar de felicidade
apenas por saudade...

Alegria
é desprezar a alma fria,
pois um mundo de agonia
não me incomodaria...

Alegria
é ter sua companhia,
pois sua presença ilumina
qualquer momento de minha vida.

Salvador, 12 de maio de 2012.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Se o mundo acabar este ano



Rodolfo Pamplona Filho
Se o mundo acabar este ano,
terei uma terrível frustração,
por ter a sensação
de que não será possível
o mundo conhecer
toda minha poesia
ou de que não consegui saciar
a minha sede de viver,
quando fiz você esperar o filé,
depois de sofrer
com o gosto amargo da tristeza...
O mundo não terminará...

Salvador, 25 de julho de 2012

domingo, 11 de dezembro de 2016

Flores



Rodolfo Pamplona Filho
Flores de plástico
são muito práticas
para ser amorosas...
Flores de verdade
são muito perenes
para ser perpetuadas...
Flores são como amores:
etéreos e eternos,
materiais e espirituais,
que dizem muito de quem dá,
mas também de quem recebe...
As flores são tudo e são nada
para quem as sente,
no toque, no perfume,
e no contemplar
a beleza que se esvai
ou se dilui com o tempo,
mas cujo significado
jamais passará...

Salvador, 18 de agosto de 2012.

sábado, 10 de dezembro de 2016

O Canto do Cisne





Rodolfo Pamplona Filho
A proximidade da despedida
faz com que a melodia
mais encantadora
seja continuamente entoada,
como a forçosamente lembrar
os momentos de fascinação
que ficaram no passado
e que nunca voltarão...
Assim, sai de cena o Cisne,
dando lugar, no palco da vida,
a quem viverá o futuro...

Madrid, 06 de outubro de 2012.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Mágoas


Rodolfo Pamplona Filho
Há quem prefira
vender uma amizade
por um cachê artístico;
desprezar um amor puro
por ouvir a opinião de uma prima;
desprestigiar o trabalho alheio
para tentar se auto-afirmar;
esquecer uma fraternidade solidária
para soar de vítima da situação;
humilhar com ar de superioridade
a efetivamente investigar o ocorrido;
tripudiar a imagem de colegas
para posar de voz da maioria;
blefar descaradamente e sem pudor
do que aceitar ajuda desinteressada;
ignorar a presença e o cumprimento
em vez de tentar um diálogo honesto;
fazer troça da desgraça alheia
para se sentir aceito no grupo;
perseguir incansavelmente
por não tolerar o diferente;
jogar fora a chance de fazer o Bem,
para se deleitar com seu veneno...

Isso só gera mágoa,
que vira raiva,
até se converter,
se houver o remédio
do esquecimento,
em profunda indiferença,
mesmo sendo cicatriz,
que não se apaga,
para ensinar
em quem vale confiar...

Pamplona, 03 de outubro de 2012, pensando sobre o passado...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Todo mundo é vítima



Rodolfo Pamplona Filho
Todo mundo é vítima
e ninguém assume a culpa
Todo mundo é vítima
e se pode fugir da luta
Todo mundo é vítima
e se empurra a responsabilidade
Todo mundo é vítima
e não se muda nada de verdade
Todo mundo é vítima
e há argumento para tudo
Todo mundo é vítima
e punir é um absurdo
Todo mundo é vítima

No Trem de Madrid para Pamplona, 02 de outubro de 2012.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Soneto da Sintonia Infalível



Rodolfo Pamplona Filho
Ainda que divididos pelo Atlântico
e por fusos horários incompatíveis,
o que um sente de um lado,
o outro automaticamente responde.

Se um levanta assustado,
encontrará o outro conectado,
como se a energia gerada
fosse automaticamente repassada.

É realmente impressionante,
como tudo surge em um instante,
permitindo a imediata compreensão

pois o que, para muitos, é acaso,
para mim, é o mais evidente traço
de uma sintonia infalível de paixão.

Pamplona/Espanha, 03 de outubro de 2012.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Morrer é Doce!



Rodolfo Pamplona Filho

Quando em meu peito, romper-se a corrente
Que a alma me prende à dor de viver
Não quero por mim, nem uma lágrima,
Nem um suspiro, nem um sofrer...
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu passamento.
Não quero que um sorriso
Se apague pelo fim do meu triste tormento!

Viver foi peregrinar no deserto,
Procurando achar o que não estava escondido,
viver foi submergir no tédio,
Tentando encontrar o que já estava perdido
Quando se esgotar o meu suspiro,
Não desfolhe por mim sequer uma flor!
Não tornai outro ente matéria inútil.
Sozinho, da morte, deixai-me o torpor!

No meu epitáfio, escrevas:
Foi homem e, pela vida, passou
Como nas horas de um pesadelo
Que só, com a bela senhora, acordou

Descansem meu leito solitário
À sombra de um triste cipreste,
Numa floresta há muito esquecida
Onde não usurpem o que ainda me reste.
Este parece ser meu desejo final
Neste esperado momento de verdade nua.
Eis-me pronto para beijar a bela senhora
E ver como a morte é doce e crua!
(1989)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Impotência



Rodolfo Pamplona Filho
Sofro
a frustração
de não realizar o que quero fazer.
Sinto
a sensação
de incompletude permanente do ser.
Choro
pela emoção
de não saber mais o que dizer.
Morro
pela razão
de não ter o que lutar para viver.
São Paulo, 06 de novembro de 2010.

sábado, 3 de dezembro de 2016

O Coro de Chorus




Rodolfo Pamplona Filho
Em um universo próprio,
há espaço para a obsessão,
em que a busca do som perfeito
acaba em fascinação...

Duas ondas senoidais
com a fase invertida.
Dois áudios exatamente iguais,
com defasagem escolhida.

Divertir-se com o rate e o depth,
ou mexer com a afinação,
e não é flanger, nem vibrato,

mas, sim, um perfeito substrato
de um coro de Chorus das galáxias,
a sonoridade para levar ao túmulo.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Frutos e Louros



Rodolfo Pamplona Filho
Somos extensão
das nossas raízes
Somos resultados
de nossas diretrizes
Imaginar que somos autônomos
em relação ao passado
é cultivar uma ingenuidade
de quem se acha isolado,
e não parte de uma história,
como se qualquer glória
pudesse ser atribuída
a um ato único de valor,
e não a toda uma vida
de luta, dedicação e dor.


Lucas 6, 43 Porque não há boa árvore que dê mau fruto, nem má árvore que dê bom fruto.

No voo para Brasilia, na madrugada de 29 de novembro de 2016, pensando na noite de 27 de novembro de 2016.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Sobre Ser



Rodolfo Pamplona Filho

Você não é
o que você acha que é
Você não é
o que as pessoas acham que você é.
Nem eu, nem você somos
o que a vida fez de nós dois
O que nós somos
não pode ser sabotado
por aquilo que nos tornamos

Salvador, domingo, 27 de novembro de 2016.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

A gente era feliz e não sabia


Rodolfo Pamplona Filho

quando o máximo da produção 
era uma novela de época;
quando demorava no trânsito 
há mais de uma década;
quando reclamava do calor
antes do aquecimento global;
quando sonhar com um amor 
era o caminho natural;
quando fazia refeição 
em viagem de avião;
quando era a inflação 
nossa maior preocupação;
quando tínhamos de decorar 
toda a taboada;
quando o carburador 
era a peça mais complicada;
quando tínhamos de nos preparar 
para uma sabatina;
quando podíamos caminhar
da casa até a esquina;
quando éramos inocentes 
do que está ao nosso redor;
quando éramos só sementes
e não estávamos sós...

No voo para Brasilia, na madrugada de 29 de novembro de 2016.


terça-feira, 29 de novembro de 2016

Oportunidades


Rodolfo Pamplona Filho 

Oportunidades surgem
e despreza-las
é sintoma de empáfia

Oportunidades passam
e não aproveitá-las
é o início da depressão

Oportunidades vão embora
e perdê-las
é arrepender-se pelo resto da vida.

São Paulo, 20 de novembro de 2016.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Hipocrisia Útil




Rodolfo Pamplona Filho

Na porta do elevador,
ela me diz: - Bom dia!
Eu abaixo os olhos
e digo: - Bom dia!
E a vida continua...

Subimos silenciosos,
cada um para seu andar,
como se momentos embaraçosos
não interferissem no andar
E a vida continua...

E a vida continua...
E a vida...
E...
?

Salvador, 08 de março de 2013.

domingo, 27 de novembro de 2016

Musicando a Tristeza


Rodolfo Pamplona Filho
Musiquemos a sensação...
A tristeza é inspiração...
O que machuca também ensina
e o sofrimento não precisa
ser uma eterna sina...
Somos movidos  a amor
e - porque não dizer? - a dor...
Somos o Som e a Dor...

Brasília, 14 de março de 2013.

sábado, 26 de novembro de 2016

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

O Ocaso



Rodolfo Pamplona Filho
Dos dias
Do calor
Das vidas
Do amor
De nada
De tudo
Do nada
Do mundo


Bogotá, 05 de outubro de 2013, em conexão para o Brasil, olhando o entardecer...

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Migalhas de Carinho


Rodolfo Pamplona Filho

Eu mendigo
migalhas de seu carinho
como um cachorrinho
junto de sua mesa,
na esperança de, um dia,
encher minha barriga vazia
e meu coração sedento...

Salvador, 16 de janeiro de 2014

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

A Angústia como Companheira



Rodolfo Pamplona Filho

Ter a angústia como companheira
 é viver mais das faltas
 do que das presenças

Ter a angústia como companheira
 é acreditar mais na previsão do tempo
 do que no céu lá fora

Ter a angústia como companheira
 é perder a alegria e a vibração,
 por causa do que não pode ser mudado

Ter a angústia como companheira
 é não experimentar por medo
 do que pode sentir...

Ter a angústia como companheira
 é querer viver em outro mundo
 em vez de reconstruí-lo pouco a pouco.

Ter a angústia como companheira
 é não aproveitar o tempo que resta
 enquanto se espera pelo inevitável fim.

No avião para Brasília, em conexão para Vitória, 21 de agosto de 2015

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Desmascarando o Canalha


Rodolfo Pamplona Filho

Você se diz infinito,
acreditando que
seu poder é ilimitado,
mas está errado!

Você não passa de
um acidente da natureza,
um câncer da criação,
um tumor com ilusões de grandeza...

É hora de extirpá-lo...
jogando-o no lixo, que é o seu lugar,
para que eu dance sobre seu caixão
e escarre em sua sepultura...

Apenas mais irritantes que
as trombetas da moralidade alheia
(pois a própria não vale nada...)
só os sepulcros caiados
que posam de vestais nas cerimônias,
sem pudor da sua podridão interior...

Praia do Forte, 09 de março de 2011.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Botões e Flores


Rodolfo Pamplona Filho

Botões e Flores
Rodolfo Pamplona Filho
Há botões que não viram flores,
brotos que não viram ramos
gotas que não fazem chuva
andorinhas que não fazem Verão!
Não chore pelo que não veio,
nem por aquilo que podia ser,
pois só se sente o que se viveu
e somente se sabe o que se sentiu...


Salvador, 14 de agosto de 2013.

domingo, 20 de novembro de 2016

Soneto das Cores


Rodolfo Pamplona Filho

Ó, Deus, não me tire a luz
que me permite e seduz
ver a explosão de cores
ou um caledoscópio de amores!

Os raios que invadem a retina
permitem vislumbrar a sina
de quem não tem a felicidade
de conhecer a diversidade,

pois dominar a paleta do amor
é ser Senhor da mais bela arte
que transforma toda parte,

convertendo o cinza em cor,
para, no mundo, ser franco
e nunca mais ver em preto e branco.

Salvador, 07 de janeiro de 2012.

sábado, 19 de novembro de 2016

Soneto do Querer



Rodolfo Pamplona Filho

Eu quero ter seu amor todo tempo
e a cada simples momento,
como se um incontido vento
me tomasse cada argumento...

Eu quero gritar para o mundo
tudo que carrego no peito
como um vazio sem fundo
que só é repleto no leito

onde descobri o imenso prazer
de compartilhar com você
a cama, os sonhos e a vida,

pois não há sede maior
do que quando se está só
no instante da partida.

Na Ponte Aérea Recife-Salvador, 26 de novembro de 2011.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Bom dia, flores do dia! (Soneto)


Rodolfo Pamplona Filho
Como é bom celebrar
a chegada de um novo dia,
sem esconder a alegria
de os amigos reencontrar!

É maravilhoso ter o prazer
de, a cada manhã, saudar
aqueles que saem para trabalhar,
estudar ou simplesmente viver

Se houve tristeza no dia anterior,
pense apenas que já passou,
pois todo mal se esvazia

quando um sorriso ilumina a face
e a frase mais linda nasce:
"Bom dia, flores do dia!"


Guayaquil, 01 de outubro de 2013.

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Duplo Soneto Ao Melhor Amigo


Rodolfo Pamplona Filho

Perdoe-me se eu nunca disse antes,
mas eu te amo muito, meu amigo:
nada na minha vida é relevante,
se eu não puder contar contigo.

Acordei assustado de madrugada,
pois sonhei que tinhas ido embora,
Por isso, corri para, em palavras,
registrar o que senti agora:

se, por acaso, eu me for
antes da tua partida,
guardas bem esta despedida

pois significa o fim do torpor,
que aprisionava meu sentimento
para fazer este testamento:

na vida, fui, de tudo, um pouco:
sucesso e fracasso, médico e louco,
gozo e cansaço, perda e laço,
lágrima e amasso, soco e abraço.

Mas nada valeu mais a pena
do que descobrir a pequena
jóia que dois homens de verdade
podem fazer para a eternidade

saber que não importa a distância,
nem o choro incontido de criança,
ou o inevitável decurso do tempo,

O mundo jamais verá algo mais puro
do que a amizade que rompe muros
e dura mais do que o sopro do vento.

Buenos Aires, 21 de junho de 2011, 4:30 am.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Soneto da Sintonia Infalível



Rodolfo Pamplona Filho

Ainda que divididos pelo Atlântico
e por fusos horários incompatíveis,
o que um sente de um lado,
o outro automaticamente responde.

Se um levanta assustado,
encontrará o outro conectado,
como se a energia gerada
fosse automaticamente repassada.

É realmente impressionante,
como tudo surge em um instante,
permitindo a imediata compreensão

pois o que, para muitos, é acaso,
para mim, é o mais evidente traço
de uma sintonia infalível de paixão.

Pamplona/Espanha, 03 de outubro de 2012.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Testamento


Rodolfo Pamplona Filho

Como seria bom poder controlar
os rumos da vida depois do meu passar,
em uma extensão pós-morte do querer,
como se houvesse luz após o anoitecer.

Ensinaria tudo que não deu tempo de falar...
Protegeria todos aqueles que aprendi a amar...
Apagaria os rastros dos meus erros no caminho...
Confortaria todos que ficaram sem carinho...

Pediria perdão a quem eu magoei...
Explicaria o que sentia quando chorei...
Mostraria o que é o fracasso e a glória...
Tentaria dar um sentido à minha história...

O registro autêntico da minha vontade
A declaração antecipada (e inútil) da minha saudade
A eternização da vida em um único momento
A força simbólica de meu testamento.

Salvador, 23 de maio de 2010

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

A ajuda vem


Rodolfo Pamplona Filho

A ajuda vem
de onde
menos se espera

A ajuda vem
de quem
nem se cogitava

A ajuda vem
da forma
menos ortodoxa possível

A ajuda vem
quando
a esperança
parecia esvair

A ajuda vem
quando
a consciência
supera o pudor

A ajuda vem
quando
se descobre haver
mais de uma forma de amor.

Rio de Janeiro, 21 de outubro de 2016.

domingo, 13 de novembro de 2016

Conte comigo!


Rodolfo Pamplona Filho 

Estar ao lado
não é só
aproveitar as coisas boas!
É dividir o peso!
É compartilhar a dor!
É emprestar o ombro!
É chorar pelo mesmo temor!

Estar ao lado
não é só
postar-se fisicamente!
É torcer na mesma linha!
É pensar em alternativas!
É vibrar na mesma sintonia!
É buscar uma mudança de vida!

Estar ao lado
não é só
dar uma mensagem de ânimo!
É unir seu desejo à sua emoção!
É transformar a palavra em ação!
É poder dizer verdadeiramente:
Conte comigo para todo o sempre!



Praia do Forte, 12 de novembro

sábado, 12 de novembro de 2016

Promessa Recíproca


Rodolfo Pamplona Filho

Promete morrer
depois de mim?
Prometo morrer
no dia que você morrer
para eu não ter de viver
um dia sequer sem você...

Assim eu choro...
Só chore na minha frente
para que eu possa enxugar
suas lágrimas com meus beijos
Obrigado por você ser perfeito
Eu é que agradeço por ser privilegiado por seu amor.

Somente vou descansar
no dia seguinte a você
para não ter que viver
uma noite sequer sem você

21 de outubro de 2016, no voo para Fortaleza.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Bela, recatada e do lar



Letra: Rodolfo Pamplona Filho e Marianna Chaves
Música: Adelmo Schindler Jr. e Ricardo Barata

Era bela, recatada e do lar
Moldada em uma velha lição
Pra ter só uma preocupação
Polêmica não venha criar
Se calada ficar e agradar

Era bela, recatada e do lar
Foi criada para não reclamar
Educada pra trabalho não dar
Mas não aceitava imposição
De um modelo de castração

Bela, recatada e do lar
Fera sensitiva e do bar
Sabia que o trabalho era duro
As vezes se perdia no escuro
Mas no fim só queria sambar

Bela, recatada e do lar
Sagaz e sabia mandar
Sua moral e suas éticas próprias
Nas loucuras pouco sóbrias
Que fazem o corpo dançar

Era bela, recatada e do lar
Queria ter apenas o mundo
Viajar no tempo em um segundo
Dominar as notícias e o fogão
Tudo que despertasse a paixão

Era bela, recatada e do lar
Seja linda desbocada e meretriz
Judiada descuidada e atriz
A alegria pavimenta o sonhar
Até de quem não é...
ou não quer virar...



Bela, recatada e do lar

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Soneto para Catarina



Rodolfo Pamplona Filho

O mundo ganhou nova cor
e se tornou pleno de carinho,
quando o fruto do amor
chegou devagarzinho...

Bem-vinda à vida,
pequena Catarina!
Que seu olhar tranquilo
seja o mais doce abrigo

para acalmar o coração
de quem ama sem juízo
e se entrega em paixão...

Que todo dia seja especial,
como o seu lindo sorriso,
que nos traz paz, afinal.

No vôo de Salvador
para Imperatriz-MA (via Brasília),
09 de novembro de 2011.

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Preconceito



Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Adelmo Schindler Jr. e Ricardo Barata

Sou baiano,
Negro,
Pobre
E Gay
Sou cigano
Feio,
Baixo e
Chinês
Nordestino ou
Argentino
Mendigo ou
Indigente
Idoso ou
Menor Carente
Deficiente ou
Impotente

(Refrão)
Crente ou
Ateu
Árabe ou
Judeu

Umbandista ou
Adventista
Testemunha ou
Kardecista
Migrante ou
Imigrante
Presidiário ou
Proletário
Refugiado ou
Desabrigado
Bêbado ou
Drogado
Alcóolatra ou
Viciado
Desempregado ou
Condenado

(Refrão)
Crente ou
Ateu
Árabe ou
Judeu

Sou muito mais que tudo isso...
Se, não na carne, no espírito
de solidariedade com aquele
que sofre, chora e morre
não pelo que faz ou fez,
mas pelo sentimento incontrolável
de quem não compreende...
Nem faz qualquer esforço para isso...

É preciso sentir na pele,
por vezes, literalmente,
para dimensionar a loucura
de julgar o outro
sem um dado objetivo
que justifique esta postura.

Sou baiano,
Negro,
Pobre
E Gay
Sou cigano
Feio,
Baixo e
Chinês
Nordestino ou
Argentino
Mendigo ou
Indigente
Idoso ou
Menor Carente
Deficiente ou
Impotente

(Refrão)
Crente ou
Ateu
Árabe ou
Judeu

Umbandista ou
Adventista
Testemunha ou
Kardecista
Migrante ou
Imigrante
Presidiário ou
Proletário
Refugiado ou
Desabrigado
Bêbado ou
Drogado
Alcóolatra ou
Viciado
Desempregado ou
Condenado

(Refrão)
Crente ou
Ateu
Árabe ou
Judeu

Não é fácil matar
um leão por dia
e ser excluído pelo
grau de melanina
OU por quem você suspira
OU pela sua conta bancária
OU pela sua luta diária
OU de onde vai ou vem
OU de quem você crê no além...

Esqueça-me por um dia
ou – melhor! – definitivamente,
pois o meu maior defeito
é parecer diferente
aos olhos de quem esqueceu
qual é o sentido de
ser gente...

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Sobre o presente e o futuro...


Rodolfo Pamplona Filho
Eu tenho planos para você,
não programações ou agendas...
Já pensei em deixar você...
já olhei tantas vezes para o lado...
mas quando penso em alguém...
é por você que fecho os olhos....

Eu não preciso dizer mais nada.
Eu te amo com toda força do mundo..

Salvador, 26 de novembro de 2010

domingo, 6 de novembro de 2016

Quando o dia termina....



Rodolfo Pamplona Filho
E o dia termina
sem teu cheiro em minha roupa...
E a noite começa
sem promessas loucas...

Mas a manhã renovará a esperança...
de te amar a cada nova dança...
Sonhando com cada oportunidade
de renovar um amor de verdade...

E a saudade invade o vento,
toma todo meu pensamento,
arrebata a minha emoção
e fulmina meu coracao...

Nutrindo meu desejo constante
de estar com você a todo instante.
Por isso, esta é a minha sina,
quando o dia termina...

Salvador, 22 de outubro de 2010, no meio do Caia Cultural.

sábado, 5 de novembro de 2016

Vivendo Antônimos



Rodolfo Pamplona Filho

Realmente, o que aconteceu
parece um sonho (ou um pesadelo?)
Um sonho que jamais imaginaríamos
realizado em tão pouco tempo...

Talvez por isso,
esteja sendo,
ao mesmo tempo,
tão maravilhoso e angustiante.

Sinto que encontrei uma musa
que me deixa à vontade
para fazer tudo que quero,
o que, definitivamente, é algo raro...

Perto de você, sinto-me, simultaneamente,
mais homem e mais mulher,
o que, em si, já é uma contradição,
mas que você entende perfeitamente...

Estar com você me faz bem.
Na verdade,
estar com você
é viver antônimos...

Quero viver
da forma que der...
da forma que for...
pois é isso que sinto quando perto de você...

Anseio por oportunidades assim,
mas, ao mesmo tempo,
quero me doutrinar e disciplinar
para não ficar tão dependente...

Se fosse somente carnal,
seria muito fácil de controlar...
Mas quero me convencer
que posso controlar isso também...

Se é difícil ficarmos juntos o resto da vida?
De forma alguma!
É a coisa mais fácil do mundo,
só não sei como...

É uma sensação
que beira à estranheza,
pois ficamos anos sem nos conhecer
e nunca sentimos falta verdadeiramente disso!

De repente, porém, parece que
o ar falta se não tiver um contato...
Nunca senti tanta ansiedade
Nunca senti tanta necessidade

na espera de um OK,
de uma resposta,
de uma mensagem,
de um abraço...

Você é meu macho e minha fêmea,
minha razão e minha loucura,
meu amor angelical
e meu tesão próximo do incontrolável...

Perto de você, sou forte e frágil,
sou lento e ágil,
proteção e dependência,
saciedade ou carência...

Vejo-me vivendo com você
(da forma que for),
brigando, sentindo sua falta,
amando, falando, chorando...

tudo com você é bom e bem..
é perfeito pra mim, paixão,
e, por isso, também
não pretendo abrir mão.

Sinto, hoje, que sempre quis
alguém forte e sensível;
que me deixasse acolhida e segura
(essa é a palavra que mais define você pra mim);

que quisesse dormir comigo
sem ter que pensar sempre em sexo;
que, mesmo não sendo,
ficasse frágil e dependente dele.

Sinto que você, no fundo,
queria uma mulher ao lado
que inspirasse a viver,
a escrever e a rir à toa...

sem métodos ou rotinas...
uma mulher que, ao mesmo tempo,
fosse forte e se tornasse frágil
com um abraço seu;

uma mulher que instigasse
suas fantasias mais abstratas,
suas vontades mais loucas
e não te julgasse pelos seus desejos;

O que é isso?
Sei que é amor...
Sei que é atração...
Sei que é paixão...

Mas é também algo
diferente de tudo que já senti...
Precisamos trabalhar isso...
Até para poder sobreviver a isso...

E manter este amor
pelo resto de nossas vidas,
sem machucar ninguém...
Vivamos. Também...

Salvador, 14 de outubro de 2010.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Soneto para a Chegada de Gabriella e Giovanna


Rodolfo Pamplona Filho




Duas estrelinhas surgiram
no céu de nossa cidade!
Duas pequenas rosas nasceram
no jardim da felicidade!

Será que existe maior alegria
do que viver cada dia
na enorme expectativa
do momento de sua vinda?

Se uma só já seria amada,
recebermos duas na mesma fornada
é amor que não mede tamanho!

Venham ver como a vida é bela,
Giovanna e Gabriella
Assunção Stolze Gagliano

No vôo de Salvador para São Paulo,
para assistir o show do Pearl Jam,
em 04 de novembro de 2011.


segunda-feira, 31 de outubro de 2016

A Poesia é Meu Refúgio


Rodolfo Pamplona Filho
Quando a tristeza me assalta
e fico imerso na melancolia;
Quando a solidão me oprime
e a depressão me consome;
Quando a rotina me irrita
e a monotonia me maltrata;
Quando o stress me atormenta
e o cansaço me anestesia;
Quando não sou compreendido
ou me sinto abandonado ou perdido;
A Poesia é Meu Refúgio...

No voo de Santiago para Puerto Montt-Chile, 29 de junho de 2012.

domingo, 30 de outubro de 2016

Soneto da Relação Cama, Mesa e Banho



Rodolfo Pamplona Filho
Adoro a ideia de uma relação
em uma nova e abrangente versão,
talvez com diferente tamanho,
na cama, mesa e banho...

Cama, por tudo que explode
ou, no mínimo, se pode
fazer em cima ou por causa dela
 (e não necessariamente nela);

Mesa, por ser uma refeição
de mil talheres de satisfação
e de inesgotável prazer;

e banho, por limpar da monotonia,
saciando minha sede, outrora  vazia,
com toda a plenitude do viver.

Salvador, 30 de julho de 2012.

sábado, 29 de outubro de 2016

Carinho



Rodolfo Pamplona Filho

Preciso demais
Preciso de mais
Preciso de monte
Preciso para ontem...
Preciso para frente...
Preciso para sempre...
Preciso loucamente
Preciso serenamente
Preciso não ser mais sozinho
Preciso imensamente de carinho.

Salvador, 31 de julho de 2012.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Montanha Russa da Vida



Rodolfo Pamplona Filho
Tudo na vida
tem seus altos e baixos.
O segredo é subir lentamente
e não pensar na loucura...
Claro que os riscos são calculados,
mas nada mede a adrenalina
que é sentir a velocidade
e a sensação da aventura...
Quando já se chega ao topo,
sabe-se, porém, que todo o resto
é realmente ladeira abaixo,
a menos que haja, escondida,
uma nova subida a encarar...
Por isso, pergunte-se sempre:
se as coisas estão em movimento
e nada está fora dos trilhos,
por que não aproveitar o passeio?

Salvador, 09 de setembro de 2012.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

O Canto do Cisne



Rodolfo Pamplona Filho
A proximidade da despedida
faz com que a melodia
mais encantadora
seja continuamente entoada,
como a forçosamente lembrar
os momentos de fascinação
que ficaram no passado
e que nunca voltarão...
Assim, sai de cena o Cisne,
dando lugar, no palco da vida,
a quem viverá o futuro...

Madrid, 06 de outubro de 2012.