O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

sexta-feira, 31 de julho de 2020

Sexo na Pandemia




O sexo na pandemia
voltou para sua caixinha
Se, de forma saudável,
não dá para viver sem,
a pergunta que não quer calar
é como e com quem,
pois não há que dizer
que, no isolamento, não tem?
Tem?
Não tem?
Sexo fiel
Sexo sem terceiros
Sexo só com um parceiro
Sexo com um só companheiro
Sexo para viver plenamente
Sexo para ficar só entre a gente.

Salvador, 28 de junho de 2020.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Servir na Pandemia




Há muitas formas de servir,
inclusive na pandemia!
Talvez, no fundo, se permitir
amenizar a agonia
de simplesmente desconhecer
o que reserva o futuro
e, por isso, aprender
a superar o tempo duro
sem esperar nada em troca,
mesmo sem sair de sua toca,
é possível exercitar
a missão de se entregar
em lives ou campanhas,
realizar grandes façanhas
de profunda solidariedade,
descobrindo a alteridade
e o prazer do voluntariado
em servir quem está ao lado
somente pela sensação
de dividir seu próprio pão
e fazer a coisa certa
por manter a mente aberta
para aprender a lição
que Gandhi ensinou com o coração:
“Quem não vive para servir
não serve para viver”

Salvador, 28 de junho de 2020.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

São João na Pandemia



Festa junina na pandemia
é diferente do São João
quando os dias da gente
eram apenas “normais”

Os amigos e as famílias,
como antes, não estão
presencialmente
ao lado e juntos mais

Se não dá mais para abraçar,
isso não quer dizer
que a vontade de cantar
tenha que desaparecer

Se não dá mais para beijar,
isso não quer dizer
que a ausência do tocar
anule o desejo de viver

Hoje, pode não ter dança
ou mesmo um brinde com quentão,
mas sempre terá a esperança
que aquece o coração

de que, se não abraçados
fisicamente,
continuaremos ligados
espiritualmente,

e isso renova a alegria
e o desejo por dias melhores,
que é o combustível da folia
e a ordem para que não chores

pois, na nossa folia,
pode até faltar licor,
mas, nunca na vida,
faltará o amor.

Salvador, 24 de junho de 2020.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Privacidade na Pandemia









O que é meu
e de mais ninguém?
Qual é o local
onde alguém
não pode entrar
sem ser convidado?
No mundo das lives,
audiências e webinars,
será que ainda existe
uma esfera onde
não se possa penetrar?
Quando a privacidade
se abre de verdade,
não há, na realidade,
mais qualquer intimidade...
Quando o privado
público se tornou,
talvez não haja espaço
sequer para o pudor...

Salvador, 02 de julho de 2020.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Poesia na Pandemia





Na inspiração
da solidão,
surgem visões
ou reflexões
até mesmo explicações
para novas canções
É na alma
ou na tristeza
que os pensamentos
encontram a certeza
de que a beleza
superior
pode estar
no nosso interior.

Salvador, 28 de junho de 2020.

domingo, 26 de julho de 2020

Peso na Pandemia








Na Pandemia
Tudo pesa
O corpo
A consciência
A tristeza
A solidão
O peso
faz faltar
um pouco de cor
e muito de ar
no enfrentar a dor
na coragem para lutar.

Salvador, 28 de junho de 2020.

sábado, 25 de julho de 2020

Perdas na Pandemia







De todas as perdas
na pandemia,
Não se sabe o que é pior...
Silêncio
Saudade
Nunca mais voltar
Nunca mais sonhar
Emprego
Morte
Esperança
Paz
De todas as perdas
na pandemia,
Não se sabe o que é pior:
a dor da perda
ou de não poder se despedir...

Salvador, 28 de junho de 2020.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Páscoa na Pandemia




A Páscoa na Pandemia
é uma Páscoa sem alegria...
Comemorando o renascimento
no momento do isolamento

Uma Páscoa diferente
Uma Páscoa sem gente
Sem família e sem festa
Sem contato e sem seresta

Chocolate e Coelhos
trocados por Medos e Anseios
No persistir da esperança
de tempos de bonança

E, no final das contas,
Talvez seja o clima ideal
Para refletir sobre o que somos,
o que fizemos e o que fomos
No caminho para o final...

Salvador, 12 de abril de 2020, domingo de Páscoa...

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Paranóias na Pandemia









Lavar a mão
Tirar a roupa
Colocar a máscara
Não tocar em nada
Ou em ninguém

Viver assustado
com a proximidade
de outrem
ou mesmo com o som
de um simples espirro

Medo da Morte
ou da Doença,
no temor do porvir
e de desconhecer o pior:
a tristeza ou a solidão.

Salvador, 28 de junho de 2020.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

O Tempo na Pandemia







O que é o tempo
na pandemia?
É a chuva que não cessa
ou a água que não sacia?
É o relógio que não para
ou a tal meritocracia?
Não adianta voltar para o ontem,
porque eu era alguém diferente.
Não adianta cogitar como será o amanhã,
pois não saberemos se sobreviveremos...
O que é o tempo
na pandemia?
É um eterno esperar
pela realização do pensamento,
pelo cessar do isolamento
pelo fim deste tormento.

Salvador, 28 de junho de 2020.

terça-feira, 21 de julho de 2020

Normalidade na Pandemia





O que é normal?
Era o que se vivia
até então?
Era somente
a nossa percepção?
Era algo que
não existe
ou, se existiu,
nunca mais existirá...
Se o normal não voltará,
talvez nunca terá mesmo existido,
pois o normal será construído
no caminho que será vivido...

Salvador, 28 de junho de 2020.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Maratonar na Pandemia




Séries, filmes
Sexo, vinhos
Tudo pode ser maratonado
Quando se está isolado
É viver um novo mundo
A dois
ou buscando companhia
no zapear
do controle
até alcançar a satisfação
do canal do seu coração.

Salvador, 28 de junho de 2020.

domingo, 19 de julho de 2020

Literatura Brasileira na Pandemia




Ficar confinado na pandemia
pode trazer uma alegria:
ser a oportunidade
de saciar a vontade
de refazer a leitura
de tudo que a cultura
um dia nos proporcionou.

Deleitar-se com Machado,
aprofundar-se em Jorge Amado,
desvendar as aventuras
de Guimarães Rosa,
saborear a gostosura
do verso e da prosa
de quem tudo iniciou...

E, de repente, descobrir
novos deslumbres no porvir
do enfrentar uma vida dura
com a beleza da literatura,
pois não há, na quarentena,
melhor companhia que um poema
ou uma história sincera de amor.

Salvador, 02 de julho de 2020.

sábado, 18 de julho de 2020

Futebol na Pandemia




Será que nunca mais
terei a oportunidade
de, a um estádio, comparecer
para, por meu time, torcer?

Será que ficou para trás
a incomensurável felicidade
de soltar o grito da garganta
e que nada mais adianta?

Quero muito poder gritar,
abraçar e comemorar
o momento mágico do gol,

pois, na curta estrada da vida,
minha única arte desenvolvida
é ser tudo o que sou.

Salvador, 03 de julho de 2020.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Força Maior e Pandemia



Inevitável
Imprevisível
O impossível
aconteceu
E a profecia
apocalíptica
tornou-se
realidade...
Não foi uma guerra,
nem um desastre natural,
mas, sim, um vírus
que a tudo atingiu,
fulminando negócios,
extinguindo relações,
destruindo economias,
despedaçando corações...
E a força maior
tornou-se a resposta
e a desculpa
para todos e todas,
na certeza
que a normalidade
nunca mais retornará
à nossa realidade...

Salvador, 30 de junho de 2020.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Esperança na Pandemia




Ficar bom
Ficar saudável
Na tristeza e na Dor,
busca-se um Salvador
Um sonho
Uma vacina
Uma segurança
Uma lembrança
De quando ainda
acreditava no futuro...
E, mesmo no escuro,
não há como abrir mão:
Só há um único direito
verdadeiramente inalienável
e é o de ter esperança...

Salvador, 28 de junho de 2020.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Desigualdade na Pandemia







Enquanto uns estão em isolamento,
outros continuam no movimento
da contínua servidão,
herança da escravidão,
de estar na mesma tempestade,
e não no mesmo barco, de verdade,
em que a única coisa gritante
é perceber, em um instante,
o que é desigualdade.

Salvador, 28 de junho de 2020.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Desespero na Pandemia






Medo
Pânico
Tristeza
Desespero
“Se tudo vale a pena
quando a alma não é pequena”,
a pandemia faz surgir
o que pode nos destruir...

Salvador, 28 de junho de 2020.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Descobertas na Pandemia






Novos planos
Nova vida
Novas conquistas
Novos horizontes
Novo tempo
Velhas Esperanças
Descobertas
na Pandemia.

Salvador, 28 de junho de 2020.

domingo, 12 de julho de 2020

Comemoração na Pandemia




Festas nunca mais?
Quem disse
que abandonamos
nossos rituais?
Talvez não possamos mais
viver outros carnavais,
mas ainda podemos
buscar paz
na certeza
de que uma boa mesa
pode ser virtual
e ainda ser sensacional
para não deixar passar
o que se deve comemorar
com a alma e o coração.

Salvador, 28 de junho de 2020.

sábado, 11 de julho de 2020

Cabelo na Pandemia







Na pandemia,
muitas coisas
crescem
sem parar
É o medo,
o receio
ou mesmo o terror.
Mas, abstraindo
o horror,
melhor falar
de uma coisa
com menos
(ou tanto)
terror!
É o cabelo que,
pelo lockdown,
não para de
me deixar mal!
Cresce, cresce,
Sem parar
Brancos
Assumidos
Grandes
Sem pentear
Sem pintar
Sem cortar
Sem controle
Sem ficar
no seu lugar...
Mas, aí dele,
pois, um dia,
voltarei
a cortar!
E, nesse dia,
hei de me vangloriar:
meu cabelo,
no espelho,
poderei olhar!

Salvador, 28 de junho de 2020.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Arte na Pandemia




Aprendemos a viver
sem bares e restaurantes,
sem coisas que fazíamos antes,
mas não conseguimos
abrir mão da poesia,
do sentimento de alegria,
da música que contagia,
da arte que nos inebria...
Se há algo que se aprendeu
no isolamento da pandemia
foi que a arte sempre vive
e sempre será vida
no nosso dia-a-dia.

Salvador, 28 de junho de 2020.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Amores na Pandemia




A pandemia traz terrores,
mas também renova amores,
pois, por medo da solidão,
amores vêm e vão,
na busca de companhia
ou apenas dormir de conchinha,
pois o amor que sobrevive ao isolamento
persiste infinitamente em seu belo momento.

Salvador, 28 de junho de 2020.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

(Re)Encontros Virtuais na Pandemia







Há tanto tempo
que eu não te via
que parecia
uma lembrança
de um mundo distante...
Mas, neste instante,
parece que foi ontem
que me despedi de nosso papo,
que disse até amanhã,
que marcamos uma saída,
que vivemos a nossa vida...
Um brinde ao reencontro,
ainda que virtual,
pois, em tantos desencontros
da quarentena presencial,
há a plena certeza
de uma única fortaleza:
sempre volta a alegria,
até mesmo na pandemia,
pois o isolamento é efetivo,
mas nunca precisará ser afetivo...

Salvador, 28 de junho de 2020.