O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

sábado, 31 de outubro de 2020

Elegância





 Rodolfo Pamplona Filho


Paul Valery descreveu 

Elegância como “a arte 

de não se fazer notar, 

aliada ao cuidado sutil

de se deixar distinguir”.


Algumas pessoas têm 

um tipo de elegância 

que as fazem chamar atenção 

por onde passam 

independente do que estejam vestindo, 

com quem estão andando 

ou de que assunto estejam falando. 


Não sei se tudo isso decorre

do estilo de vestimenta 

ou do sorriso dos lábios, 

mas tenho certeza 

de que o faz roubar a atenção

talvez tenha sido a pureza da alma...


Salvador, 21 de agosto de 2020.

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Amores Virtuais

 


Rodolfo Pamplona Filho


Relacionamentos espirituais 

podem ser tão fortes

quanto presenciais 


Desejos a distância 

têm a mesma intensidade 

que os da proximidade


Contatos telefônicos 

são tão acachapantes 

quanto os de um instante 


Beijos virtuais 

são deliciosos,

mas apenas enquanto

não se tornam reais...


Salvador, 21 de agosto de 2020.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Você

 





Rodolfo Pamplona Filho


Você é 

meu alpha e

meu ômega,

meu início e

meu fim,

meu caminho e

meu destino,

minha água e

meu vinho,

meu espinafre e 

minha kriptonita,

minha gasolina e

meu furo no tanque,

minha luz e

minha escuridão,

meu sono e

minha disposição,

meu silêncio e

minha canção.


Salvador, 14 de agosto de 2020.

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Nada a dizer




 Rodolfo Pamplona Filho 


Eu não tenho a dizer

Eu não tenho nada a falar

Eu não tenho nada para contar 

Eu não tenho nada para explicar

Eu quero apenas viver a minha vida 

E, se você quiser chegar, será bem-vindo

Boas vindas 

Boas vidas 


Salvador, 12 de agosto de 2020.

terça-feira, 27 de outubro de 2020

A Raiva como Companhia

 






Rodolfo Pamplona Filho


A raiva 

de ter alguém 

que não me vê 

e deveria ver


A revolta 

de assistir 

o fim de uma vida

sob seus protestos


A fúria 

de se sentir 

injustiçado 

por quem se ama


A ira

que toma o corpo 

e a mente de quem 

teve a esperança de ser feliz.


A raiva 

A revolta 

A fúria 

A ira

são a companhia 

de quem não se conforma

com o que lhe restou...


Salvador, 05 de agosto de 2020.

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

É preciso ensinar a falta

 





Rodolfo Pamplona Filho


É preciso ensinar a falta

para que a presença seja valorizada 

É preciso ensinar a falta

para que a pessoa não fique mal acostumada 

É preciso ensinar a falta

para que o esforço seja reconhecido

É preciso ensinar a falta

para que o amor seja correspondido

É preciso ensinar a falta

para que a lágrima vire riso com a idade

É preciso ensinar a falta

para que o essencial nunca falte de verdade 


Salvador, 12 de agosto de 2020.

domingo, 25 de outubro de 2020

Indisponível

 











Rodolfo Pamplona Filho  


Não estar disponível 

para abrir mão de nada

da sua zona de conforto 

para viver em relação ao outro 


Não estar disponível 

para poder  participar 

do que a vida tem a proporcionar 

nas esquinas do seu caminhar 


Não estar disponível 

para finalmente conhecer 

o que está livre para viver

e ultrapassar os limites do seu ser.


Salvador, 05 de agosto de 2020.

sábado, 24 de outubro de 2020

O que fazer com minha tristeza?

 





Rodolfo Pamplona Filho


O que fazer com minha tristeza,

se não há opção de não vivê-la?


O que fazer com minha tristeza,

se não tenho como esquecê-la?


O que fazer com minha tristeza,

se não sei abandoná-la?


O que fazer com minha tristeza,

se não consigo superá-la?


Quem disse que tenho de fazer algo?

Quem disse que tenho de deixar 

o que se tornou parte de mim mesmo 

e é a definição do meu próprio eu?

Quem disse que tenho de desprezar 

os sentimentos que me tomam

em vez de vivê-los para chegar 

até o seu (ou o meu) fim?


Salvador, 05 de agosto de 2020.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Evolução

 






Rodolfo Pamplona Filho

Bustiê

Top

Croped 


Ginástica 

Malhação 

Treino 


Datilografar

Digitar 

Ditar


Em algum lugar 

há de estar 

quem queira 

não história contar

mas sim dela testemunhar.


Salvador, 01 de agosto de 2020

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Coisas que é impossível ficar triste fazendo...

 





Rodolfo Pamplona Filho


Tomar milk shake

Comer tangerina

Ouvir Van Halen

Andar de montanha russa

Sexo selvagem

Uma palavra doce

Um abraço apertado

Um prato de macarrão 

Tudo que desperta

uma boa sensação 

e aquece e aperta

o seu coração.


Salvador, 26 de julho de 2020.

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Glosa, Grosa e Groza

 







Rodolfo Pamplona Filho



Glosa Contabil 

Grosa matemática

Groza mortal


A diferença 

entre a regra técnica,

a fórmula aritmética 

e a arma fatal


pode estar em uma letra,

em uma intenção 

ou no seu destino final.


Salvador, 09 de julho de 2020.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Alegria e Tristeza

 






Rodolfo Pamplona Filho


Alegria

é convexa,

como é complexa 

a forma como irradia 

para o mundo exterior 


Tristeza 

é côncava,

como um ângulo 

que absorve 

a profundidade da dor 


Alegria 

é estridente,

como o som

que ensurdece 

e impede a comunicação 


Tristeza 

é silenciosa,

como um quarto vazio

em que ausência 

torna real a escuridão 


Alegria 

é sol,

que traz energia

e harmonia 

na luz do dia


Tristeza

é nuvem

que cega o que está em volta,

bloqueia a sua revolta 

e cala a sua voz.


Salvador, 05 de agosto de 2020

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Outubro Rosa

 






Rodolfo Pamplona Filho


No mundo das cores,

que lhe identificam dores,

o rosa foi escolhido 

para se mostrar vívido 


o desvelo na atenção

de se tanto conhecer, 

buscando a prevenção

a cada novel alvorecer 


na luta pela e para vida

e pela saúde da mulher,

que sabe o que bem quer:


além de qualquer gênero,

o cuidado ao seio e à flor

na delicada biologia do amor.


Salvador, 11 de outubro de 2020.

domingo, 18 de outubro de 2020

Realidade Imperativa






Rodolfo Pamplona Filho

Viver uma Imperativa 

Realidade

de não conseguir conter 

a hipersensibilidade;

em que não irritar 

é uma impossibilidade;

pois o outro é coberto

pela invisibilidade...

Ausência total de

piedade,

em que não chega

a saciedade 

para exercitar 

a alteridade,

na persistência

da incapacidade 

de perceber outra dor,

tendo a fragilidade

de só encarar o espelho,

na dubiedade 

de considerar normal 

a perversidade 

de não enxergar 

com a exigibilidade 

de ainda querer ser visto

com a suavidade 

de alguém agradável.


Salvador, 05 de agosto de 2020.

sábado, 17 de outubro de 2020

Superando a Rejeição

 




Rodolfo Pamplona Filho


Não é fácil sobreviver,

não é fácil suportar

uma vida inteira para viver

e ninguém para contar


como ombro amigo na tristeza,

repouso certo no cansaço da idade,

fim da turbulência na natureza,

porto seguro na tempestade...


Só há um diário momento

na rotina de sofrimento,

em que a vida me dá um alento

amenizando meu tormento:


é quando leio frases com nova cor...

talvez, palavras com um tal calor

do verdadeiro e sincero amor,

que o destino não me rejeitou...

Salvador, 03 de janeiro de 2011.

sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Sofrendo por amor

 





Rodolfo Pamplona Filho


Essa noite, chorei até cansar,

entreguei-me ao desesperar,

no pensar que poderia estar

em teus braços a te amar...


Meu corpo logo fadigou

de tanta angústia e sofrimento

com a frustração do que sonhou

na viagem do meu pensamento


e, silenciosamente, adormeceu,

com a roupa que estava,

com a imagem do rosto teu,

com a dor que dilacerava...


E no meio da noite, despertei

e, em você, de logo, pensei

e meu olhar, antes tenso

foi tomado por brilho intenso


de ter certeza de seu amor

e saber que minha dor

é infinitamente menor

que o nosso calor


e o que eu desejo, na esperança?

Ser paciente, confidente, coerente

pois, nesse amor, a perseverança

moverá minha vida daqui para a frente...

Salvador, 04 de novembro de 2010.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Meu amor será eternamente seu

 




Rodolfo Pamplona Filho


Mesmo quando meu coração chorar

e partir em mil pedaços,

meu amor será seu.


Mesmo com mãos vazias,

esperando um toque dos seus lábios,

meu amor será seu.


Mesmo com os olhos longe

em um mar repleto de esperanças,

meu amor será seu.


Mesmo sem porquês...

Mesmo sem respostas...

meu amor será seu.


Mesmo que eu vá embora

para longe do que se conhece,

meu amor será eternamente seu.

Salvador, 05 de janeiro de 2011.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Pressão

 





Rodolfo Pamplona Filho


A cabeça dói...

O ar diminui...

O tempo parece ser curto demais

para fazer qualquer coisa...


As tarefas se acumulam...

As pendências vão a cem...

Será que, no universo, alguém

sente o que sinto também?


Parece que vou explodir...

Meu desejo sincero é sumir

e ir para algum lugar

onde possa voltar

a viver e respirar...


Mas este desejo é em vão,

pois, na sombra das horas,

novos compromissos virão,

mais demandas surgirão

e o universo continuará

em uma paranóica conspiração

de nunca diminuir a pressão...

... até ...

... até não resistir...

... até explodir...

Salvador, 07 de janeiro de 2011.


terça-feira, 13 de outubro de 2020

Escuridão


 



Rodolfo Pamplona Filho


Há quem

tenha medo

da escuridão!

Eu, não!

A escuridão não me assusta,

pois você é meu farol

em toda bruma

que me encontro...

pois eu te amo...


nenhuma escuridao

vai minar

o meu amor por você,

pois, mesmo nela,

eu enxergo sua alma...

nem a escuridao que,

por vezes, maltrata

e assola nossos pensamentos

vai vencer o que sinto...

pois eu te amo muito...


Nenhuma escuridão

é forte o bastante

para sufocar

o grito da alma...

o clamor do amor...

a intensidade da canção

que vem do coração....

pois eu te amo para sempre....


Salvador, 08 de janeiro de 2011.


segunda-feira, 12 de outubro de 2020

O Cachorro da Minha Infância

 




O cachorro da minha infância

me ensinou muito mais do que eu poderia ensiná-lo.

Aprendi, com ele, que lealdade e amor não têm preço;

que é possível estar só no meio de um mundo de gente;

e que nunca se é só se há um amigo do lado...


Aprendi que não é loucura conversar sozinho,

pois haverá quem sempre entenda com um olhar

o sentimento de quem não consegue expressar

em palavras o que se carrega dentro do peito

como um segredo que se tem medo de compartilhar...


Aprendi que não é preciso morar junto

para ter a sensação que o outro faz parte da sua vida;

que conviver é a arte do respeito à diferença

e que a alegria do reencontro é a retomada

de uma estrada que nunca foi interrompida...


Aprendi que uma boa caminhada ajuda

a colocar muitas idéias no seu devido lugar...

que hora de carinho é hora somente de carinho,

sem me preocupar com quem está em volta...

e hora de brigar é hora de rosnar e colocar os dentes para fora...


Aprendi que companheirismo significou muito mais

do que comer o mesmo pão junto...

Foi brincar de dois amigos contra o mundo,

dois heróis contra o universo,

dois corações irmanados sem filtros da razão.


Tudo isso eu poderia aprender sozinho

ou com qualquer outro ser humano,

lendo, amando ou simplesmente vivendo...

mas, na verdade, foi mesmo convivendo

com quem, para mim, era muito mais do que gente:

O cachorro da minha infância...


Para Linho (1980-983) e Trois (1985-1990), os cachorros da minha infância

Campina Grande, 08 de maio de 2010

domingo, 11 de outubro de 2020

Incompatibilidade de Vidas

 


Rodolfo Pamplona Filho


Ele ainda quer paixão

Ela só pensa em comprar o pão

Ele quer uma nova chance

Ela nem lembra mais o lance


Ele quer sexo selvagem

Ela quer voltar da viagem

Ele busca romance no olhar

Ela só sabe reclamar


Ele quer experimentar novos sabores

Ela fotografa as mesmas flores

Ele quer dançar no meio da rua

Ela reprime quem olha para mulher nua


Ele busca nova diretriz

Ela se preocupa com o café

Ele ainda sonha em ser feliz

Ela tem certeza que é...


Ele.já desistiu de insistir

Ela ainda não percebeu

Ele já decidiu desistir

Ela pergunta se o erro foi seu?


Ele ainda a ama

E ela o ama também

mas suas vidas mudaram na cama,

na rotina e no que mais têm


e deixaram de ser casais

para virar sócios materiais,

espirituais e emocionais

de um passado que não volta mais...


Orlando, 27 de fevereiro de 2011


sábado, 10 de outubro de 2020

Amor em Disney

 



Rodolfo Pamplona Filho


Eu não quero mais

a tranquilidade do carrossel

e, sim, a adrenalina

da montanha russa...


Eu quero experimentar

novos e diferentes sabores

e, não mais, o mesmo

feijão com arroz que sempre comi...


Eu quero tomar um caldo

e correr o risco do resfriado,

em vez de me recolher seco

em algum canto protegido...


Eu quero me jogar

do alto da torre,

e não ficar esperando

o horário do almoço...


Eu quero a surpresa e o suspense

do encontro na madrugada

e não a eterna rotina

da atividade programada...


Eu quero isso tudo...

e muito mais...

tanto na viagem,

quanto na vida,

que não merece ser vivida

com medo do que virá,

mas, sim, com o desejo intenso

de aproveitar tudo que ela nos deixar...


Orlando, 28 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Desmascarando o Canalha






 Rodolfo Pamplona Filho


Você se diz infinito,

acreditando que

seu poder é ilimitado,

mas está errado!


Você não passa de

um acidente da natureza,

um câncer da criação,

um tumor com ilusões de grandeza...


É hora de extirpá-lo...

jogando-o no lixo, que é o seu lugar,

para que eu dance sobre seu caixão

e escarre em sua sepultura...


Apenas mais irritantes que

as trombetas da moralidade alheia

(pois a própria não vale nada...)

só os sepulcros caiados

que posam de vestais nas cerimônias,

sem pudor da sua podridão interior...


Praia do Forte, 09 de março de 2011.

quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Cheiro

 




Rodolfo Pamplona Filho


Seu cheiro em minha roupa

é a prova mais louca

de um amor real

mas, para muitos, imoral...


Guardo seu cheiro na memória

na esperança que o inesperado

possa mudar a nossa história

e nos dar a esperada vitória


....de um amor pleno,

que, sempre a contento,

cresce e se fortalece....


...de um sentimento sincero,

que, um dia, espero,

possa ser tão público quanto seu perfume.


Praia do Forte, 23 de janeiro de 2011.

Reforma Agrária do Coração

 



Rodolfo Pamplona Filho


Quando o amor é um latifúndio,

a melhor proposta ao mundo

é conhecer toda sua área

para fazer uma reforma agraria.


Com os alqueires de seu coração,

partilhar cada mínimo espaço,

retirando quem vivia em solidão

pela falta de um simples abraço.


E a vantagem desta redistribuição

é que não há limites efetivos

para realizar estes objetivos...


já que, em matéria de emoção,

menos que tudo não é aceitável,

pois a fonte é sempre inesgotável.


Congonhas, na conexão de Salvador para Cuiabá, 28 de outubro de 2011.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Surto





Rodolfo Pamplona Filho


Há momentos em que surto

por considerar um absurdo

não podermos ser publicamente

o que resolvido está em nossa mente.


Diriam que temos problemas

E que surtaremos freqüentemente

pois nenhum amor suporta tanta ausência

e nosso destino é quedarmos doentes...


mas pensamos diferente,

já que o que seria problema

para nós é realização plena

do amor não como tema

mas como sentimento latente


E teremos sempre presente

o mais gostoso antídoto e calmante,

que é com seu cheiro ficar,

depois de temporariamente nos separar,

quando o que queria era só te beijar...


Praia do Forte, 23 de janeiro de 2011.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Ladainha

 




Rodolfo Pamplona Filho



Como é possível

ouvir exatamente

a mesma coisa,

a cada momento,

a cada encontro,

a cada lamento...


Será que Deus gosta

que fiquem buzinando

as mesmas palavras

recém proferidas

e já antes ditas

por tantas vezes

e tantas pessoas

quanto o querer

possa conceber...


Soa como uma goteira

interminável e inteira

não sobre nossas cabeças,

mas, sim, aos nossos ouvidos,

esperando que a repitamos

ou enlouqueçamos...


Um dia, o mundo se cansará

da mesma companhia,

com asco, perceberá

a trágica monotonia

e, finalmente, cessará

a irritante ladainha...



Salvador, 01 de fevereiro de 2011.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Não há novas mensagens

 




Rodolfo Pamplona Filho


Verificando e-mail


Não há novas mensagens

Não sei o que é pior:

O silêncio ou a angústia da espera?

Não sei o que é melhor:

Uma palavra ou a sensação de entrega?


Sentir falta da presença

reforça a velha crença

de que ninguém consegue viver

sem interagir com outro ser...


Se um contato real

pode ser fundamental,

um romance virtual

pode virar inferno astral


quando se ultrapassam os limites

e se percebe sempre triste...

quando o mundo concreto

não desperta mais seu afeto...


quando não se sabe o que é seu...

quando, na mente, faltam imagens...

quando verificando seu email,

não há novas mensagens...

Salvador, 29 de janeiro de 2011.

domingo, 4 de outubro de 2020

Desejo de Poetizar

 




Rodolfo Pamplona Filho



Nem tudo sobre o que escrevo

foi obrigatoriamente vivido por mim,

mas tudo foi, sim,

pensado e ruminado,

como se tivesse passado,

verdadeiramente sentido

o trauma, o desejo ou a libido....


Preciso refletir

sobre fatos e sentimentos

que não compulsoriamente vivi,

mas que outros têm o lamento

e a vontade de discutir

para decidir o que fazer

ou sobreviver...


Assim, conjugo minha necessidade

com um exercício de solidariedade,

pensando em como seria

seguir uma outra via,

descobrir novo caminhar

ou simplesmente realizar

meu Desejo de Poetizar



Salvador, 04 de maio de 2011.

sábado, 3 de outubro de 2020

Empatados e Ferrados

 




Rodolfo Pamplona Filho


Descobrir um novo sentido

para um caminho que parecia certo,

buscando conforto e abrigo

em quem passou a estar mais perto

do que, outrora, escondia do mundo,

enterrado na alma, bem lá no fundo.


Não se tem a menor estimativa

de tempo para ficar juntos.

Quer apenas a perspectiva

de, um dia, estar em sua companhia.


Não vê como fazer isso,

pois não deixa de amar seu arranjo,

mas quer um ao outro

como nunca quis outra pessoa...


Empatados, pois impedidos,

mas, também, de situação igual,

sem sair do zero a zero...

sem deixar de viver mal

sem fazer, publicamente,

o que o coração manda afinal...


Ferrados, pois amarrados,

agrilhoados, acorrentados,

sem real perspectiva

de uma outra saída...


Sempre na esperança

De que a vida se redirecione

como um sopro

e mude a qualquer instante


Empatados e Ferrados...

Mas absolutamente apaixonados...


Salvador, 01 de fevereiro de 2011.

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Querer Ser

 




Letra: Alexandre Machado e Rodolfo Pamplona Filho

Música: Alexandre Machado


Quando amanhecer, quero ser o sol...

Quando o céu escurecer, o luar...

Se o dia estiver triste, ser a chuva a molhar...

Ser quem você realmente amará...


Quando ficar tudo frio, quero ser o cobertor...

E, se, um dia, tiver chance, seu amor...

Quero ser a sua vida, quero ser esta canção...

Quero abrigo no seu coração


Quero subir pelas paredes...

Quero ser o que faltava...

Quero ser a cura

para a solidão que nos tomava


Quero ser seu desespero

Quero ser o seu alento

Quero roubar a cena

e eternizar este momento


De janeiro a janeiro, quero ser sua estação

e, num golpe, ocupar sua paixão...

Quero ser sua saída, sua fuga, seu prazer,

mas também que seja só eu e você


Dizem que me apaixonei

pela pessoa errada...

Queria muito - isso, eu sei! -

fosse uma só estrada...


Desejo queira ser

não mais de todos ou de ninguém,

alguém a me conhecer,

não mais tantos que vão e vêm...


Na conexão Salvador-Praia do Forte, 06 de fevereiro de 2011.

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Quem deu asas ao tempo?

 




Rodolfo Pamplona Filho


O tempo não é pássaro para flutuar.

Apenas voar é mais rápido que correr...

Se o tempo voa, por que o arrastar

quando se está a sofrer?

Ou se espera uma resposta de alguém?

Ou se quer algo para nosso bem?


O tempo não é físico para tocar,

muito menos para andar ou voar...

Então por que o tempo é cruel,

muda a perspectiva do céu,

machuca com gosto amargo de fel

e nem sempre cumpre o seu papel?


Se o tempo e o espaço são ligados,

ambos estão no vácuo sem fim...

Se assim são, o tempo não é parado,

nem voa, como dizem por aí...

O tempo flutua...

como minha mente ao ver você nua...

como uma bailarina em um solo...

como minha cabeça no seu colo...


Quem deu asas ao tempo?

Não fui eu... Não sei, nem quero saber...

Mas todo tempo será pouco,

enquanto eu não tiver você... 


Na Conexão Praia do Forte-Salvador, 06 de fevereiro de 2011.