Rodolfo Pamplona Filho
Dos dias
Do calor
Das vidas
Do amor
De nada
De tudo
Do nada
Do mundo
Bogotá, 05 de outubro de 2013, em conexão para o Brasil, olhando o entardecer..
Dos dias
Do calor
Das vidas
Do amor
De nada
De tudo
Do nada
Do mundo
Bogotá, 05 de outubro de 2013, em conexão para o Brasil, olhando o entardecer..
Muzuá é a armadilha,
que espera sua vítima
ou decora uma casa;
Puçá é a rede
que impede o siri
de se desvencilhar;
Caçuá é o cesto
que transporta a cangalha
no lombo de um jegue:
Muzuá, Puçá e Caçuá,
três formas de entrelaçar
o que o destino proporcionar.
Salvador, 02 de novembro de 2020
Gratidão não se exige,
não se pede, nem se espera...
É presente de um coração puro,
que não vê outra forma de agir,
na memória da marca do passado
e do alívio do auxílio no desespero...
Por isso, a ingratidão machuca
como punhaladas nas costas,
como um tapa no rosto,
como uma dor fatal no peito...
O ingrato merece mais do que repúdio:
é pena de morte no coração,
que se fecha em uma ferida purulenta,
cujos bálsamos somente são
o ostracismo ou a ressurreição do perdão...
Reconhecer-se grato é o exercício da verdadeira humildade,
que é saber que, sozinho, não se consegue nada,
pois conquistas isoladas são vitórias de Pirro,
em que obter o resultado não significa necessariamente desfrutá-lo...
Gratidão é a resposta sincera
que o afeto exige por coerência!
É a marca que renova a esperança,
que não é a última que morre, posto imortal,
mas, sim, a certeza de que
ainda se pode ter fé na humanidade
Maceió, 03 de setembro de 2010
Querido
Você nem imagina como estou ligada em você...
Você nem imagina como estou ligada a você
Eu me emociono só de pensar
em como seria maravilhoso
ouvir nossas musicas com você...
Descobrir sua essência, além da casca,
fez despertar o amor e a ansiedade de estar perto.
Quero ficar com você em meu colo, vendo o por do sol até a lua iluminar sua face...
Quero fazer um cafuné, deslizando minha mão sobre seus cabelos, ate sentir sua pele...
Quero beijar seu rosto delicadamente, ate fazer você acreditar que não está sonhando...
Quero até mesmo brigar com você, só para ter o prazer da reconciliação...
Você tem um efeito perturbador em mim...
É um sentimento forte, que toma todo meu pensamento...
que me anestesia em alguns momentos
quando imagino nossas vontades reunidas...
E a única coisa que me faz melhorar é chorar...
mas é um choro de alívio e de esperança
de que, algum dia, poderemos
rir juntos e felizes...
...apenas por estar pertos um do outro.
...e você tentar me calar...
...e eu continuar falando que nem uma matraca...
...e você rir porque se diverte comigo...
...e porque não consigo disfarçar
meu nervosismo
de ter transformado
essa fantasia em realidade...
Você é parte de mim,
não como um agente externo,
mas como um complemento de mim mesmo.
Nosso amor não tem amarras, nem barreiras...
e é como um primeiro namoro...
no qual ficamos ávidos por um contato...
na palavra e no carinho...
Não consigo mais pensar na minha vida sem ter você.
Você está fora de todo tipo de definição.
Não posso dizer que é meu amigo,
nem amante, nem ficante,
nem pretendente, nem confidente...
não há rótulos....
Não somos nada disso e, dificilmente, alguém compreenderia esta relação.
Ela está fadada a permanecer apenas na publicidade de nossas almas e corações.
É como se você fosse eu...
como se meu pensamento estivesse em você.....
Por isso que me completa....
e ninguém me entende...
então ninguém entenderia você, dessa forma, na minha vida...
San Francisco, 25 de setembro de 2010.
Saudade é o meu sangue,
meu ar, meu nome do meio.
Saudade é o som da música,
meu tempo livre, meu espelho.
Saudade é o chão que piso,
a água que bebo,
a cama que deito...
Saudade é o horizonte,
a memória perdida,
a esperança de vida...
Saudade é tudo aquilo
com que simplesmente convivo
e, no dia que deixar de sentir,
é porque não estarei mais vivo...
Em algum lugar, em 2018.
Rodolfo Pamplona Filho
Onde encontrarei
o nosso Poema Maior?
Nosso Poema Maior reside no coração:
parceria, intimidade e cumplicidade!
Nosso Poema Maior
não precisa ser escrito para existir...
Ele não precisa de tinta e papel...
Nossas mãos tocam mais do que papel:
tocam corações, mentes e almas...
e esse desejo de estar junto
está fadado ao universo,
que conspira e inspira
toda nossa capacidade
de se entregar...
Nosso poema toca esperanças;
toca sonhos; toca lábios;
trocam-se sensações
que nunca antes foram sentidas...
Separados pela vida
e reunidos pelo destino,
seremos um casal
casado em espírito,
mesmo que em casas separadas...
casados no coração,
ainda que dormindo com outros amores...
casados no amor real e puro,
no qual jamais haverá divórcio...
Nunca me entreguei a alguém
como me entrego a você:
meu macho alfa, meu oásis no deserto,
minha enzima, minha fonte de vida,
o alface da minha salada...
A quem mais eu poderia
chamar assim
com tamanho amor?
Nunca fui amada
como sou com você...
e repito mil vezes:
eu te amo como
ninguém jamais te amou,
em todos e vários sentidos,
em todos os versos,
em todas as metáforas
de nosso Poema Maior.
São Paulo, 07 de outubro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
Todo mundo não quer enganar, sim,
Nem todo táxi cobrará mais caro!
Há comidas que não têm gosto ruim
E, na verdade, é a maioria do prato.
E as crianças não ficarão doentes,
pelo menos não necessariamente,
se não comerem toda a comida,
ainda que não imediatamente!
Um sorriso não é uma coisa bem
tão difícil assim de esboçar,
mesmo quando não se tem
tanta prática assim a contar...
Caminhar não é idéia a desprezar,
ainda mais se desperta o apetite,
O planeta é imperfeito para morar,
mas não é assim tão triste...
Sei que parece impossível tentar,
mas consiga um dia sem reclamar
do tempo, da vida, das dores,
que só se sente porque há amores...
Pense que para não enjoar,
basta, por exemplo, variar,
pois não fazer o mesmo sempre
é o inicio de um caminho diferente.
Sei que não é assim para você...
são os outros que vêem equivocado,
mas faça um esforço para perceber
não é lógico todos estarem errados
quando simplesmente têm esperança
que você ache o prazer na dança
de curtir o prazer desta vida breve
pois é preciso viver mais leve...
Buenos Aires, 21 de junho de 2011
Rodolfo Pamplona Filho
Quantas vezes eu gostaria
de alterar a ordem do dia
e poder fazer de forma diferente
o que encontro no tempo presente.
Vejo como eu poderia encontrar alegria
onde, hoje, só vejo melancolia
e descobrir uma felicidade
que perdi pouco a pouco com a idade...
Será que é possível mudar
opções que fiz no caminhar
por não saber o que me esperava
ou o que na minha vida faltava...
Como eu poderia saber ou prever
que o destino reservaria novo prazer,
encontrando novo sentido no viver
e uma forma alternativa de ser...
Ainda terei coragem para novo desafio?
Ainda enfrentarei tudo com brio?
Conseguirei ser outro alguém?
Encontrarei um mundo além?
Dúvidas são uma constante
em uma mudança tão fulminante
e o receio não é uma temeridade
no encontro da essência de verdade!
Conheço o que já tenho e não é perfeito!
Sei o que quero e o que não mais aceito!
A esperança é o gás da Transformação
e o Tempo é o Senhor da Razão...
São Paulo, 20 de novembro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
Voce é meu último romance...
Você é, na realidade,
o meu primeiro e único lance,
a quem me entrego de verdade...
Quero amar como se não houvesse
qualquer impedimento ou estrutura,
pois minha alma envelhece,
se não me entrego à doce loucura
de apenas em você pensar...
de nunca me arrepender de tentar
aproveitar cada sensação vivida,
após alguém finalmente encontrar
com quem possa compartilhar
a cama, a palavra e a vida.
Salvador, 09 de junho de 2012.
Rodolfo Pamplona Filho
Sou um cachorro vira-lata,
solto nas ruas,
em busca de comida
e de carinho...
Procurando um refúgio,
onde possa ser amado
e não ter mais subterfúgio
para me sentir abandonado...
Puerto Varas-Chile, 02 de julho de 2012.
Rodolfo Pamplona Filho
Na vida, há mais dúvidas
do que certezas...
Não se sabe quanto tempo se vive,
nem o que se terá às mesas...
Uma convicção, porém,
que todos certamente têm
é que impostos pagarão
e, um dia, morrerão...
Eu, porém, tenho a sorte
de mais uma certeza ter:
que nem terminará a morte
o meu amor por você...
Santiago/Chile, 27 de junho de 2012.
Rodolfo Pamplona Filho
Apego é sofrimento
Possuir vira tormento
Debater-se para manter
o que possui (ou pensa deter).
Arrasar-se por não querer
passar sem algo específico ter
Por isso, para ser feliz,
aprenda a dizer não,
das coisas, abrir mão...
e pare de se debater...
descobrindo o prazer
de finalmente
e simplesmente
viver...
Santiago/Chile, 27 de junho de 2012.
Rodolfo Pamplona Filho
Toques delicados e sorrisos leves,
sob a brisa do mar, ao anoitecer,
e os lábios sabem exatamente o que querem
quando o adeus tem que ocorrer
Preste atenção nos meus olhos:
eles brilham feito ouro
pois desejam, como poucos,
o teu amor sem decoro.
É difícil esquecer teu gosto
e ter que aceitar novos beijos
para manter nossos postos....
Meu coração está no abismo
e anuncia, a cada esquina, sem cinismo,
que a direção pode mudar..
Salvador, 29 de outubro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
A raiz da xenofobia
é o medo de se perder
no tipo de amor e simpatia
que o mundo não quer ver.
É um clichê através dos anos,
desde o inicio dos tempos:
que, quanto mais seres encontramos,
mais nos isolemos...
A história não se cansa
de ver o ódio aberto
a quem se arrisca na dança
de um papel outrora incerto.
O universo está repleto
de histórias de amantes
que não ficam por completo,
só por ser de lugares distantes...
Romeu e Julieta, como exemplo,
é a pior história do universo do homem,
pois, em vez de celebrar um tempo
de amor entre desiguais no nome,
consagra a sua derrota
como se fosse a forma de paz
para a única resposta
da busca por algo a mais...
Por que ter medo de olhar para o lado?
Por que ter ódio do diferente?
Somente pelo temor escancarado,
virtual ou evidente,
de ser "contaminado"
por uma forma influente
de pensar, de crer,
de amar ou de ser...
A melhor forma de combater
o preconceito a outra crença
é se misturar, a não poder,
até não perceber a diferença...
O meio perfeito de terminar,
por completo, a discriminação
é não ter medo de buscar
a pura e simples miscigenação.
Praia do Forte, 30 de dezembro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
Realmente, o que aconteceu
parece um sonho (ou um pesadelo?)
Um sonho que jamais imaginaríamos
realizado em tão pouco tempo...
Talvez por isso,
esteja sendo,
ao mesmo tempo,
tão maravilhoso e angustiante.
Sinto que encontrei uma musa
que me deixa à vontade
para fazer tudo que quero,
o que, definitivamente, é algo raro...
Perto de você, sinto-me, simultaneamente,
mais homem e mais mulher,
o que, em si, já é uma contradição,
mas que você entende perfeitamente...
Estar com você me faz bem.
Na verdade,
estar com você
é viver antônimos...
Quero viver
da forma que der...
da forma que for...
pois é isso que sinto quando perto de você...
Anseio por oportunidades assim,
mas, ao mesmo tempo,
quero me doutrinar e disciplinar
para não ficar tão dependente...
Se fosse somente carnal,
seria muito fácil de controlar...
Mas quero me convencer
que posso controlar isso também...
Se é difícil ficarmos juntos o resto da vida?
De forma alguma!
É a coisa mais fácil do mundo,
só não sei como...
É uma sensação
que beira à estranheza,
pois ficamos anos sem nos conhecer
e nunca sentimos falta verdadeiramente disso!
De repente, porém, parece que
o ar falta se não tiver um contato...
Nunca senti tanta ansiedade
Nunca senti tanta necessidade
na espera de um OK,
de uma resposta,
de uma mensagem,
de um abraço...
Você é meu macho e minha fêmea,
minha razão e minha loucura,
meu amor angelical
e meu tesão próximo do incontrolável...
Perto de você, sou forte e frágil,
sou lento e ágil,
proteção e dependência,
saciedade ou carência...
Vejo-me vivendo com você
(da forma que for),
brigando, sentindo sua falta,
amando, falando, chorando...
tudo com você é bom e bem..
é perfeito pra mim, paixão,
e, por isso, também
não pretendo abrir mão.
Sinto, hoje, que sempre quis
alguém forte e sensível;
que me deixasse acolhida e segura
(essa é a palavra que mais define você pra mim);
que quisesse dormir comigo
sem ter que pensar sempre em sexo;
que, mesmo não sendo,
ficasse frágil e dependente dele.
Sinto que você, no fundo,
queria uma mulher ao lado
que inspirasse a viver,
a escrever e a rir à toa...
sem métodos ou rotinas...
uma mulher que, ao mesmo tempo,
fosse forte e se tornasse frágil
com um abraço seu;
uma mulher que instigasse
suas fantasias mais abstratas,
suas vontades mais loucas
e não te julgasse pelos seus desejos;
O que é isso?
Sei que é amor...
Sei que é atração...
Sei que é paixão...
Mas é também algo
diferente de tudo que já senti...
Precisamos trabalhar isso...
Até para poder sobreviver a isso...
E manter este amor
pelo resto de nossas vidas,
sem machucar ninguém...
Vivamos. Também...
Salvador, 14 de outubro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
E se, de repente,
eu te dissesse que não queria mais
viver no mesmo teto, na mesma cama
e que tudo que planejamos
não era mais essencial pra minha chama
E se, de repente
eu te dissesse que meu coração foi tomado
por uma vontade imensa de viver
que não engloba a rotina
que você tem a me oferecer
E se, de repente,
a pergunta que aparecesse
fosse: "Você não me ama mais?”
ou “Você arranjou outra?"
Seria o comum a se falar
pois rupturas ensejam esse pensar
E se, de repente,
tudo que era sólido
se desfizesse no ar
como grãos de areia nas mãos de uma criança,
caindo incessamente na ampulheta da vida.
Isso tudo nada teria a ver com amor,
pois eu continuarei te amando
da mesma forma pura e feliz...
Isso tudo nada teria a ver com amor,
mas com o viço que eu sempre quis...
Será que este viço se perderá?
Se este viço, sem querer, se perder
não será por outro alguém,
mas pelo próprio destino maduro
de uma essência que quer mais do que se tem.
Salvador, 28 de outubro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
A clareza de nosso amor
já desponta sem pudor...
não se pode mais esconder
e nem vinte anos irão esmorecer
...o desejo da sua companhia...
...as doces palavras do nosso dia-a-dia...
...a relação de cumplicidade...
...essa relação de muitas verdades...
O tempo já não existe
e não adianta mais certos fetiches
pois nosso poema é eterno...
...e meu coração está completo.
E se tiver que esperar um tempo,
seja ele qual for,
garanto que, ainda assim,
vou te amar com o mesmo ardor,
pois, mesmo na espera,
dividiremos nossa vida
e cada ruga que desperta
será sempre mais linda.
Salvador, 14 de dezembro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
Há uma estranha tensão
entre dois corpos em atração,
despertada, em um pulsar,
por um perfume, um olhar,
uma palavra proferida, solta no ar
ou, de pele ou cabelo, um leve roçar.
Não se trata de amor,
mas, sim, incontrolável calor,
como a bússola busca o norte,
como um imã atrai o ferro,
como o destino busca a sorte...
Assim é como eu te quero!
De 4 a 6 cordas, pode dar certo
ou pode explodir, longe ou perto,
pois quando o que se vê em hordas
funde-se, misturando tudo,
pode surgir um baixo de cinco cordas
ou uma guitarra sem o mi agudo...
Sei que, como um canalha, serei visto,
mas não quero ser canalha contigo...
Sei que confundem amor com sexo,
mas isto é por demais complexo
quando se deseja mutuamente viver
a realização plena do próprio ser!
Salvador, 13 de dezembro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
Pelos filhos, fazem-se loucuras,
mata-se ou morre-se, passa-se fome,
sucumbe-se a travessuras,
muda-se até de nome...
Pelo amor aos filhos,
troca-se a aventura pela segurança,
a liberdade pelos trilhos,
a programação pela esperança...
Para ver os filhos crescerem,
renuncia-se a um grande amor,
chora-se até as lágrimas se perderem,
entrega-se aos leões sem medo da dor...
Pela felicidade dos filhos,
abdica-se da individualidade,
esquece-se a própria mortalidade,
vive-se como se não mudasse de idade.
Vivendo para os filhos eternamente,
corre-se o risco de se anular,
de desaprender a ser gente,
de nunca mais voltar a sonhar...
Mas, mesmo assim,
é uma opção consciente em cena...
um investimento sem retorno ou fim...
um sacrifício que vale a pena...
Praia do Forte, 26 de dezembro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
Você esperaria vinte anos por mim?
Esperaria mesmo sem certeza do fim?
Esperaria ainda que sem perspectiva?
Esperaria sem ver sinais de vida?
Esperaria nossos pais falecerem?
Esperaria nossos filhos crescerem?
Esperaria nossa aposentadoria?
Esperaria renovar a luz do dia?
Esperaria diminuir o fogo sexual?
Esperaria esfriar o espirito de Natal?
Esperaria conseguir relaxar?
Esperaria reaprender a brincar?
Esperaria zerar meu trabalho?
Esperaria organizar meu horário?
Esperaria esquecer meu passado?
Esperaria encontrar novo significado?
Esperaria?
Esperaria?
Se você está disposta a enfrentar
tantos sacrifícios, sem demora,
eu não tenho que hesitar:
eu quero você aqui e agora!
Salvador, 13 de dezembro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
História não é destino:
O que, algum dia, eu fui
não pode me condicionar
ao que quero ser
e nem deve me privilegiar!
Não sou obrigado a repetir erros
ou manter os meus acertos!
Saber o que se crê:
É preciso saber o conteúdo
e o objeto da sua confiança !
Fundamentar em evento específico
Certificando a sua convicção
por algo pelo qual vale a pena viver e morrer...
(Se Jesus não ressuscitou, é vã a sua fé...)
A fé que vai mudar
sem impor a mudança:
Não se pode ter vergonha
quando se percebe que está no erro!
Impor sua verdade (a quem quer que seja)
somente desvaloriza a sua própria crença!
Crer deve ser um convite à aceitação!
A fé que aprende a descansar
na certeza do cuidado divino,
a despeito de tudo que sinto!
Por mais que sofra,
- e não se nega o sofrimento -
têm-se sempre a certeza
de que Deus cuida de mim...
A fé que sabe que a familiaridade
com a indefectível verdade
não gera salvação!
Não basta conhecer a liturgia,
mas, sim, ser transformado!
O que liberta é a prática e o testemunho
de que não somente se sabe, mas se vive...
Salvador, 23 de agosto de 2015, domingo...
Rodolfo Pamplona Filho
Não te prometo onde morar...
nem tão pouco como não surtar
quando a vontade de estar junto
fortemente apertar...
Não te prometo como agir...
nem tão pouco como não sorrir
quando a vida nos cruzar
e nossos olhos entrelaçar
Não te prometo vida confortável
nem tão pouco rotina estável
quando os sonhos insistirem em minar
toda forma padrão de amar
Não te prometo um anel de brilhantes
nem tão pouco que não aja com rompantes
quando quiser materializar
o que este sentimento tem a falar
E, sabe por que eu não te prometo nada?
porque você sempre me deu
a certeza de todo seu amor
também....
Salvador, 25 de outubro de 2010.
Rodolfo Pamplona Filho
Minha vida se torna um deserto,
se não consigo estar com você...
Por dentro, impera o tédio
e eu sofro por não poder...
... te amar
... te abraçar
... te lançar contra a parede
... e até chamar para brigar...
Agora, eu me valeria de tudo, amado,
para poder estar em seus braços,
sentir todo seu cuidado
e me deleitar nos seu afagos...
E a febre, com certeza, subiria,
mas, não, pela doença instalada,
e, sim, pelo ardor que se cultiva
dessas nossas vidas separadas....
Salvador, 25 de outubro de 2010.
Promessa celebrada
com evidente fervor,
mas que vale nada
sem qualquer pudor...
Juramentos lançados
com animus de acontecer,
mas totalmente quebrados
sem sequer perceber...
Não saber o que lhe tira o gás:
a tristeza da monotonia
ou a expectativa vazia,
pois o problema não é o que se faz,
mas o que se deixa de fazer:
palavras dadas para não valer...
Salvador, 12 de agosto de 2012.
A vida é um conjunto
de ocorrências aleatórias,
desprovidas de significado
ou qualquer substância.
Nascemos sem qualquer culpa
ou a menor responsabilidade,
sendo expostos, sem misericórdia,
a uma série infinita de humilhações,
projetadas para reforçar
nossa absoluta impotência
diante de um universo
que nunca nos quis...
Mas, ainda assim, resistimos...
Salvador, 12 de agosto de 2012.
Rodolfo Pamplona Filho
Flores de plástico
são muito práticas
para ser amorosas...
Flores de verdade
são muito perenes
para ser perpetuadas...
Flores são como amores:
etéreos e eternos,
materiais e espirituais,
que dizem muito de quem dá,
mas também de quem recebe...
As flores são tudo e são nada
para quem as sente,
no toque, no perfume,
e no contemplar
a beleza que se esvai
ou se dilui com o tempo,
mas cujo significado
jamais passará...
Salvador, 18 de agosto de 2012.
Liberdade é
uma palavra
para dizer
que não há mais nada
a perder...
Salvador, 11 de agosto de 2012.
Rodolfo Pamplona Filho
Reformar o lustre
para caber na sala
Aceitar que promessas
não passem de palavras...
Fazer amor sem som ou ardor
para não acordar as crianças
Não clamar por calor
para não criar expectativa
Anestesiar a sede de vida
para evitar a despedida
Levar o dia-a-dia sem vibração
só para não se sentir frustração...
Salvador, 31 de julho de 2012.
Tomar milk shake
Comer tangerina
Ouvir Van Halen
Andar de montanha russa
Sexo selvagem
Uma palavra doce
Um abraço apertado
Um prato de macarrão
Tudo que desperta
uma boa sensação
e aquece e aperta
o seu coração.
Salvador, 26 de julho de 2020.
Apanhar quando se espera carinho
Ser acusado quando se queria um beijo
Explicar o que já foi entendido
Desculpar-se pelo que não fez
Um choro calado
pela surpresa da reação
Uma tristeza profunda
pela incompreensão
Uma saudade incontida
de um simples abraço
Uma lembrança bendita
de que ainda existe esperança.
Cusco, 15 de abril de 2017.