Na penumbra da casa, a dor se esconde, No sussurro cortado, um grito responde. Olhos roxos, marcas na pele, Histórias de medo que ninguém revele.
O amor travestido em punho cerrado, Promessas vazias de um passado quebrado. "Eu mudo, eu juro", ele diz com fervor, Mas o ciclo se fecha em pancada e pavor.
Copo no chão, espelho estilhaçado, A alma se perde num corpo calado. Ela finge sorrir, disfarça a ferida, Mas no fundo implora por uma saída.
A vizinha escuta e baixa a cabeça, O silêncio é o preço que a culpa arremessa. E as horas se arrastam no peso do açoite, Cada dia é um fim que se veste de noite.
Quem há de ouvir o que não é dito? Quem vai enxergar além do grito? Há vozes presas no medo escuro, Esperando a chance de um amanhã seguro.
Pois violência não é destino selado, Nem lágrima eterna ou caminho traçado. Haverá justiça, haverá redenção, E do pó do abuso renascerá o coração.
Aracaju, 18 de outubro de 2024.
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