Rodolfo Pamplona Filho
Será que há uma mínima pista
do mistério que envolve os seus
seguidores fiéis de um artista,
de um político ou um Deus?
A idolatria ou fascinação
é de tamanha proporção
que não faz diferença
qual é o motivo da crença:
o encantamento estético,
um projeto técnico ou ético
ou a esperança da salvação,
na busca visceral por redenção.
Embora em qualquer lugar
se possa exercitar o louvar,
há sempre um lugar para tal ato,
seja um templo, palácio ou teatro.
Somente as suas canções
merecem ser entoadas,
como se outras versões
devessem ser rejeitadas...
E suas palavras impõem respeito,
proporcionando ordens ou prazer,
seja "Aleluia", "Eu Prometo",
"Toca Raul" ou "Bota pra fuder"...
Mas, ao contrário do que se pensa,
cultuar não é um problema,
desde que se saiba o que se avença,
para não cair em um velho esquema
de ser mera bucha de canhão,
vitima inocente de manipulação,
por quem quer apenas dominar
o que você tem a lhe dar:
sua vida, sua alma ou seu dinheiro,
doando-se por inteiro,
não, infelizmente, para seu bem,
mas para o deleite de alguém
que nem acredita no que você crê,
mas faz questão de parecer
que está além do que se vê,
sonhando pelo que ainda há de ser...
Por isso, pratique o seu culto,
da forma que lhe soar normal,
não cedendo ao interesse oculto
de pouco valer seu gosto pessoal...
... e seja feliz...
Rio de Janeiro, 10 de outubro de 2011.