Rodolfo Pamplona Filho
quando o máximo da produção
era uma novela de época;
quando demorava no trânsito
há mais de uma década;
quando reclamava do calor
antes do aquecimento global;
quando sonhar com um amor
era o caminho natural;
quando fazia refeição
em viagem de avião;
quando era a inflação
nossa maior preocupação;
quando tínhamos de decorar
toda a taboada;
quando o carburador
era a peça mais complicada;
quando tínhamos de nos preparar
para uma sabatina;
quando podíamos caminhar
da casa até a esquina;
quando éramos inocentes
do que está ao nosso redor;
quando éramos só sementes
e não estávamos sós...
No voo para Brasilia, na madrugada de 29 de novembro de 2016.