Será possível definir o momento
em que se passa a crer em algo?
Se isto for aceitável,
por que não o seria
o instante em que se perde a fé?
A fé como a certeza
no que não se vê...
A fé como a esperança
que não se está só...
A fé como a motivação
para ainda confiar em alguém...
A fé não se explica: sente-se...
como um sopro no calor,
um abraço no temor,
uma luz na escuridão,
uma pausa na aflição...
A fé consola e acalma,
traz paz ao fundo da alma,
transforma a derrota em vitória
e muda o sentido da história.
Em que se perde a fé?
No homem, na lição,
na promessa, na salvação,
no governo, no projeto,
no caminho estreito e reto...
Perde-se fé na igreja
ou na comunidade,
na capacidade benfazeja
de falar a verdade...
Há como não perder a fé,
quando isto soa inevitável?
Há como permanecer de pé,
diante do inominável?
Há como acreditar na graça,
sem esperar um salvador?
Perder a fé é uma desgraça...
E isto é desolador,
pois o que se pode fazer quando
se descobre ter perdido a fé?
Reencontrar a estrada de outrora,
como se tantos passos
já não tivessem sido dados?
Como se tantas experiências
não tivessem diferentes lados?
Como se fosse possível desprezar
toda a vida posterior?
Como se a vontade pudesse apagar
singelamente toda dor?
Perdi a fé,
perdendo a fé...
Salvador, 07 de novembro de 2010.
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