Entre códigos e ritos, nasce o trato:
uma
justiça apressada, sem contrato exato.
Dizem:
"é consenso, avanço,
modernização",
Mas não será apenas uma farsa em ação?
Aceleram-se julgamentos, cortam-se direitos…
O
tempo é rei, e a pressa, preceito.
Se
a perfeição pede um passo lento,
por
que a celeridade virou argumento?
O Estado imenso, o réu sufocado:
entre
ambos, o peso não é
equilibrado.
Ritmo e ponderação se esvaem na
maré…
de garantias, resta apenas o que o
acordo der.
O Ministério Público, empunhando poder,
revela
o destino que o réu vai viver.
E
nessa expansão do penal horizonte,
quem
vigia a mão que pressiona a fronte?
Um negócio jurídico entre o Estado e o cidadão:
há mesmo justiça ou só imposição?
Quando o pacto vale mais que o Direito,
quem é esmagado, em nome do efeito?
Assim segue o processo, veloz e inclemente,
com a
negociação tida como eficiente
e,
entre o ritmo imposto e a liberdade sonhada,
fica a dúvida: foi justiça ou barganha
selada?
Aracaju, 18 de outubro de 2024.
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