O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

O viço



E se, de repente,


eu te dissesse que não queria mais


viver no mesmo teto, na mesma cama


e que tudo que planejamos


não era mais essencial pra minha chama




E se, de repente


eu te dissesse que meu coração foi tomado


por uma vontade imensa de viver


que não engloba a rotina


que você tem a me oferecer




E se, de repente,


a pergunta que aparecesse


fosse: "Você não me ama mais?”


ou “Você arranjou outra?"


Seria o comum a se falar


pois rupturas ensejam esse pensar




E se, de repente,


tudo que era sólido


se desfizesse no ar


como grãos de areia nas mãos de uma criança,


caindo incessamente na ampulheta da vida.




Isso tudo nada teria a ver com amor,


pois eu continuarei te amando


da mesma forma pura e feliz...


Isso tudo nada teria a ver com amor,


mas com o viço que eu sempre quis...




Será que este viço se perderá?


Se este viço, sem querer, se perder


não será por outro alguém,


mas pelo próprio destino maduro


de uma essência que quer mais do que se tem.




Salvador, 28 de outubro de 2010.


quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

As Lindas Rugas do Amor

 


 



A clareza de nosso amor

já desponta sem pudor...

não se pode mais esconder

e nem vinte anos irão esmorecer



...o desejo da sua companhia...

...as doces palavras do nosso dia-a-dia...

...a relação de cumplicidade...

...essa relação de muitas verdades...



O tempo já não existe

e não adianta mais certos fetiches

pois nosso poema é eterno...

...e meu coração está completo.



E se tiver que esperar um tempo,

seja ele qual for,

garanto que, ainda assim,

vou te amar com o mesmo ardor,



pois, mesmo na espera,

dividiremos nossa vida

e cada ruga que desperta

será sempre mais linda.



Salvador, 14 de dezembro de 2010.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Tensão Sexual

 

 




Há uma estranha tensão

entre dois corpos em atração,

despertada, em um pulsar,

por um perfume, um olhar,

uma palavra proferida, solta no ar

ou, de pele ou cabelo, um leve roçar.



Não se trata de amor,

mas, sim, incontrolável calor,

como a bússola busca o norte,

como um imã atrai o ferro,

como o destino busca a sorte...

Assim é como eu te quero!



De 4 a 6 cordas, pode dar certo

ou pode explodir, longe ou perto,

pois quando o que se vê em hordas

funde-se, misturando tudo,

pode surgir um baixo de cinco cordas

ou uma guitarra sem o mi agudo...



Sei que, como um canalha, serei visto,

mas não quero ser canalha contigo...

Sei que confundem amor com sexo,

mas isto é por demais complexo

quando se deseja mutuamente viver

a realização plena do próprio ser!



Salvador, 13 de dezembro de 2010.


terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Pelos Filhos

 





Pelos filhos, fazem-se loucuras,

mata-se ou morre-se, passa-se fome,

sucumbe-se a travessuras,

muda-se até de nome...



Pelo amor aos filhos,

troca-se a aventura pela segurança,

a liberdade pelos trilhos,

a programação pela esperança...



Para ver os filhos crescerem,

renuncia-se a um grande amor,

chora-se até as lágrimas se perderem,

entrega-se aos leões sem medo da dor...



Pela felicidade dos filhos,

abdica-se da individualidade,

esquece-se a própria mortalidade,

vive-se como se não mudasse de idade.



Vivendo para os filhos eternamente,

corre-se o risco de se anular,

de desaprender a ser gente,

de nunca mais voltar a sonhar...



Mas, mesmo assim,

é uma opção consciente em cena...

um investimento sem retorno ou fim...

um sacrifício que vale a pena...



Praia do Forte, 26 de dezembro de 2010.



segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Vinte Anos





Você esperaria vinte anos por mim?

Esperaria mesmo sem certeza do fim?



Esperaria ainda que sem perspectiva?

Esperaria sem ver sinais de vida?



Esperaria nossos pais falecerem?

Esperaria nossos filhos crescerem?



Esperaria nossa aposentadoria?

Esperaria renovar a luz do dia?



Esperaria diminuir o fogo sexual?

Esperaria esfriar o espirito de Natal?



Esperaria conseguir relaxar?

Esperaria reaprender a brincar?



Esperaria zerar meu trabalho?

Esperaria organizar meu horário?



Esperaria esquecer meu passado?

Esperaria encontrar novo significado?



Esperaria?

Esperaria?



Se você está disposta a enfrentar

tantos sacrifícios, sem demora,

eu não tenho que hesitar:

eu quero você aqui e agora!



Salvador, 13 de dezembro de 2010.


domingo, 15 de dezembro de 2024

A fé que vai nos sustentar








História não é destino:

O que, algum dia, eu fui 

 não pode me condicionar 

 ao que quero ser 

 e nem deve me privilegiar!

 Não sou obrigado a repetir erros 

 ou manter os meus acertos!



Saber o que se crê:

 É preciso saber o conteúdo 

 e o objeto da sua confiança !

 Fundamentar em evento específico

 Certificando a sua convicção

 por algo pelo qual vale a pena viver e morrer...

 (Se Jesus não ressuscitou, é vã a sua fé...)



A fé que vai mudar 

 sem impor a mudança:

 Não se pode ter vergonha

 quando se percebe que está no erro!

 Impor sua verdade (a quem quer que seja)

 somente desvaloriza a sua própria crença!

 Crer deve ser um convite à aceitação!



A fé que aprende a descansar 

 na certeza do cuidado divino,

 a despeito de tudo que sinto!

 Por mais que sofra,

- e não se nega o sofrimento -

têm-se sempre a certeza 

 de que Deus cuida de mim...



A fé que sabe que a familiaridade 

 com a indefectível verdade

 não gera salvação!

 Não basta conhecer a liturgia,

 mas, sim, ser transformado!

 O que liberta é a prática e o testemunho 

 de que não somente se sabe, mas se vive...



Salvador, 23 de agosto de 2015, domingo...


sábado, 14 de dezembro de 2024

Não te prometo nada

 




Não te prometo onde morar...

nem tão pouco como não surtar

quando a vontade de estar junto

fortemente apertar...



Não te prometo como agir...

nem tão pouco como não sorrir

quando a vida nos cruzar

e nossos olhos entrelaçar



Não te prometo vida confortável

nem tão pouco rotina estável

quando os sonhos insistirem em minar

toda forma padrão de amar



Não te prometo um anel de brilhantes

nem tão pouco que não aja com rompantes

quando quiser materializar

o que este sentimento tem a falar



E, sabe por que eu não te prometo nada?

porque você sempre me deu

a certeza de todo seu amor

também....



Salvador, 25 de outubro de 2010.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Deserto




Minha vida se torna um deserto,

se não consigo estar com você...

Por dentro, impera o tédio

e eu sofro por não poder...

... te amar


... te abraçar

... te lançar contra a parede

... e até chamar para brigar...



Agora, eu me valeria de tudo, amado,

para poder estar em seus braços,

sentir todo seu cuidado

e me deleitar nos seu afagos...

E a febre, com certeza, subiria,

mas, não, pela doença instalada,

e, sim, pelo ardor que se cultiva

dessas nossas vidas separadas....



Salvador, 25 de outubro de 2010.


quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Soneto das Promessas Vãs




Promessa celebrada

com evidente fervor,

mas que vale nada

sem qualquer pudor...



Juramentos lançados

com animus de acontecer,

mas totalmente quebrados

sem sequer perceber...



Não saber o que lhe tira o gás:

a tristeza da monotonia

ou a expectativa vazia,



pois o problema não é o que se faz,

mas o que se deixa de fazer:

palavras dadas para não valer...



Salvador, 12 de agosto de 2012.




quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Dura Realidade





A vida é um conjunto

de ocorrências aleatórias,

desprovidas de significado

ou qualquer substância.

Nascemos sem qualquer culpa

ou a menor responsabilidade,

sendo expostos, sem misericórdia,

a uma série infinita de humilhações,

projetadas para reforçar

nossa absoluta impotência

diante de um universo

que nunca nos quis...

Mas, ainda assim, resistimos...



Salvador, 12 de agosto de 2012.