(discurso como Patrono dos Formandos em Direito da UFBA 2016.1)
O que se faz em cinco minutos?
Para quem espera, parecem muitos...
Para quem fala, parece nada,
pois toda oportunidade é joia rara
para poder passar uma mensagem
a quem se propõe a uma viagem
de conhecimento da vida profissional.
E, por isso, não me levem a mal
se eu, cumprindo o esquema,
resolver fazer um poema
sobre o que se fazer
quando se tem que escolher
cada palavra ou sentimento
para cumprir rigorosamente o tempo.
Em cinco minutos, tudo é possível,
desde que, com disciplina incrível,
consiga-se condensar
tudo que se quer manifestar.
Usarei cinco minutos, de verdade,
para, agradecido, falar nesta solenidade
e, para não ser chato ou cansativo,
serei extremamente objetivo.
Fui honrosamente galardeado
com o convite que me foi dado
de ser Patrono, com louvor,
de uma turma de que não fui professor.
E estou muito bem acompanhado
pois o Corpo Docente pranteado
é uma verdadeira constelação
que merece expressão menção:
O Paraninfo que encabeça o plantel
é o encantador Fabiano Pimentel,
que está acima do Bem e do Mal,
pois ensina Processo Penal.
E os demais professores homenageados
merecem ser sempre lembrados,
dominando, cada um, a sua arte,
na Sua graduação, fazendo parte.
Meu eterno colega e administrativista
é também um excelente guitarrista,
meu velho amigo Durval,
que exerce a magistratura federal,
tal qual um ex-aluno e hoje parceiro,
indiscutível bom companheiro,
o Professor Fábio Roque,
sempre pronto para dar um toque,
assim como outro cidadão idôneo,
o grande tributarista Helcônio.
Nosso Presidente também é um Astro:
o diligente Diretor Celso Castro,
que transferiu a autoridade da regência
para nossa colega de docência,
Isabela Fadul de Oliveira,
minha colega desde o Antônio Vieira!
O secretário dessa sessão
é um funcionário da coordenação,
Senna, que também já foi cantor,
antes de se tornar servidor.
Completam essa seleção
Suzane, da Coordenação,
e, da Biblioteca, Marivaldo Santana,
gente boa, que honra essa fama.
Mas não posso extrapolar a duração
da proposta desse discurso diminuto,
que é conseguir a proeza e a satisfação
de fazer tudo sem passar um minuto.
Em cinco minutos, cozinha-se um ovo,
descobre-se algo novo,
prepara-se o macarrão
ou perde-se a condução.
Em cinco minutos, pode-se fazer diferença,
independentemente de qualquer crença,
pois tudo pode acontecer
quando se dedica para valer...
Em cinco minutos, pode-se virar um jogo,
pode-se salvar alguém do fogo,
pode ser o momento da despedida
ou ser tudo que resta da vida.
Em cinco minutos, apaixona-se à primeira vista,
desenvolve-se a arte da conquista,
clama-se a Deus com todo o coração
ou, em um debate, perde-se a razão.
Por cinco minutos, atrasa-se para uma entrevista,
apaga-se, na perícia, uma pista,
dá para passar um bife no alho
ou tomar revelia na Justiça do Trabalho.
Cinco minutos é mais do que suficiente
para quem decide ser diferente,
para beijar seu filho no começo do dia
ou um sorriso iluminar uma alma vazia.
Em cinco minutos, arrumo-me para um compromisso
- claro que, para as mulheres – não se aplica isto! –
escrevo um soneto, ouço uma canção,
vejo o canal pamplona ou faço uma oração.
Em cinco minutos, tira-se uma soneca,
devolve-se um livro na biblioteca,
desiste-se de uma prova,
cava-se até mesmo a própria cova.
Em cinco minutos, mesmo sendo um instante,
cochila-se em uma aula maçante,
confere-se um gabarito,
vai-se do sussurro ao grito...
Em menos de cinco minutos, fiz este discurso
e vocês coroaram o seu curso.
Em menos de cinco minutos, pronunciei-me para celebrar sua vitória
e vocês passaram a fazer parte da minha história.
Declamado em 06 de janeiro de 2017,
na Reitoria da Universidade Federal da Bahia, em Salvador/BA
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