O objetivo deste blog é divulgar toda a minha produção poética, sem prejuízo de continuar a ser postada também no Portal de Poesia Rodolfo Pamplona Filho (www.rodolfopamplonafilho.blogspot.com).
A diferença é que, lá, são publicados também textos alheios, em uma interação e comunhão poética, enquanto, aqui, serão divulgados somente textos poéticos (em prosa ou verso) de minha autoria, facilitando o conhecimento da minha reflexão...
Espero que gostem da iniciativa...

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Perdendo a Fé




Será possível definir o momento

em que se passa a crer em algo?

Se isto for aceitável,

por que não o seria

o instante em que se perde a fé?

A fé como a certeza

no que não se vê...

A fé como a esperança

que não se está só...

A fé como a motivação

para ainda confiar em alguém...


A fé não se explica: sente-se...

como um sopro no calor,

um abraço no temor,

uma luz na escuridão,

uma pausa na aflição...

A fé consola e acalma,

traz paz ao fundo da alma,

transforma a derrota em vitória

e muda o sentido da história.


Em que se perde a fé?

No homem, na lição,

na promessa, na salvação,

no governo, no projeto,

no caminho estreito e reto...

Perde-se fé na igreja

ou na comunidade,

na capacidade benfazeja

de falar a verdade...


Há como não perder a fé,

quando isto soa inevitável?

Há como permanecer de pé,

diante do inominável?

Há como acreditar na graça,

sem esperar um salvador?

Perder a fé é uma desgraça...

E isto é desolador,


pois o que se pode fazer quando

se descobre ter perdido a fé?

Reencontrar a estrada de outrora,

como se tantos passos

já não tivessem sido dados?

Como se tantas experiências

não tivessem diferentes lados?

Como se fosse possível desprezar

toda a vida posterior?

Como se a vontade pudesse apagar

singelamente toda dor?


Perdi a fé,

perdendo a fé...

Salvador, 07 de novembro de 2010.

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