Rodolfo Pamplona Filho
Quando a paixão esfriar
e só o amor ficar,
duas vezes vou pensar
antes de me revoltar
com a comodidade
que vem com a idade
ou com a rotina
de usar a mesma cortina
ou do uso crítico da ironia
para combater a monotonia.
Quando a paixão parar
e só o amor ficar,
despertarei a madrugada,
ainda que para fazer nada,
mas só pelo imenso prazer
de um novo dia conhecer,
mesmo reconhecendo-se sem rumo,
pela falta de aprumo,
com a falsa sensação de liberdade
de uma marionete de verdade.
Quando a paixão terminar
e só o amor ficar,
saberei que o fogo do sexo
não é essencial, nem complexo,
e terei plena certeza
de que a vida vai além da mesa
e que há gozo na obediência,
desprezando a displicência,
cansando da loucura
de procurar sempre uma aventura.
E pensar que...
E sonhar que...
E permitir que...
E decidir que...
E reconhecer que...
E, finalmente, saber que...
que, sim, a desejada paixão
vai me deixar, um dia, na mão...
quando a paixão acabar,
só o amor vai me salvar...
Salvador, 05 de dezembro de 2010.
Lindo! Simplesmente fantástico, me fez recordar a época que eu escrevia versos para chamar atenção das meninas na escola. Muito bom, muito bom rsrsrsrsrsrs lembranças agradáveis. Quem disse que máquina do tempo não existe, é porque não leu esse lindo poema. Parabéns!
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