Rodolfo Pamplona Filho
Chega uma hora em que
seu pai é um estranho
seu irmão, seu inimigo
e você quer ter coragem,
quer acreditar em Deus,
para poder se matar,
mas nem isso você consegue!
É o estupro pelo prazer de ver o medo nos olhos da mulher...
É o cavalo-de-pau em pleno quilômetro de arranque...
É a vontade de cortar os pulsos para ver o sangue escorrer...
É o real apetite por destruição!
É deixar crescer cabelo e barba pela vaidade
de se tornar mais feio ou menos higiênico
somente para ser diferente dos outros.
É um querer-não-querendo que os outros
sintam imensa pena de você
(a piedade é a soberba disfarçada!)
É o orgulho e a dor de ser íntima,
misturados com o desejo de matar alguém
só para sentir como é que é!
Ser doente e doentio,
podre e escorregadio,
escrevendo para não falar,
calando para não amar,
sofrendo para não viver.
É isto que sou: um chato (ou um louco?)
(16.01.92)
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