É preciso mesmo
ter sentido na pele
para sustentar
um posicionamento?
É necessário
passar o dissabor
para defender
o sofredor?
Será que a empatia
não libera a poesia
de se sentir irmanado
a quem sofreu o atentado?
Será que a fraternidade
não é aceitável
como esforço da humanidade
para reparar o irreparável?
O ideal do lugar de fala
é ser lugar de quem não se cala,
e que, mesmo não tendo sofrido a dor,
sabe reconhecer o seu valor
Se é certo que traz legitimidade
ao apresentar sua verdade,
exigir sua aplicabilidade
como única verdade
também pode se tornar
um mecanismo de exclusão,
em uma profunda distorção
de uma boa e sincera intenção.
Salvador, 18 de março de 2017, terminada em Machu Picchu, 14 de abril de 2017.
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