Como não se apaixonar?
Rodolfo Pamplona Filho
Normalmente, o que escrevo
ninguém entende ou presta atenção:
você lê, interage e complementa.
Normalmente, o que faço
é considerado como uma loucura:
você gosta e incentiva.
Normalmente, o que poetizo
é visto como um arroubo ou piada:
você diz que eu sou a própria poesia.
Normalmente, o que sinto
é tido como insegurança ou carência:
você acha que sou forte e acolhedor.
Normalmente, o que protejo
é entendido como excesso de zelo:
você se sente calma e segura.
Normalmente, o que choro
é interpretado como frescura:
você adora minha sensibilidade.
Normalmente, o que desejo
é reprimido como concupiscência:
você goza e considera natural.
Normalmente, o que respeito
é afirmado como uma fraqueza masculina:
você vê como o cumprimento de uma promessa.
Normalmente, o que admiro
é rejeitado como um sonho pueril:
você toma como um projeto de vida.
Normalmente, o que amo
não é aceito pelo meio que vivo:
você é tudo que sempre quis...
Praia do Forte, 12 de outubro de 2010.
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