Rodolfo Pamplona Filho
Ontem, perdi um poema.
Apaguei-o, sem querer,
na multidão de meus textos
e não terei como recuperá-lo,
pois o sentimento de outrora
não pode mais ser vivido,
já que, se pudesse viver de novo,
nova vida eu teria
e não o mesmo caminho
que não necessariamente seguiria...
Racionalmente, quero reproduzir
a idéia que insiste em se repetir
pelo brilho do momento da criação
ou do sentimento traduzido à perfeição.
Quero me apaixonar de novo
pela surpresa da palavra lida,
pelo gosto do abraço imaginado
e pelo arrepio na pele provocado.
Resgatar o que não se aproveitou
de um passado que não volta atrás
é uma metáfora da própria vida
em que se quer, hoje,
viver o que se perdeu
e amar o que já não existe mais...
San Francisco, 29 de setembro de 2010.
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