Rodolfo Pamplona Filho
As mãos gelam
As pernas pesam
Sinto um frio na barriga
que nunca senti antes
Embarque encerrado
A porta foi lacrada
Uma voz informa instruções...
...de emergência?
Quero uma mão para apertar,
um ombro para chorar,
um ouvido para gritar
tudo que tenho a relatar...
O motor é ligado...
Vejo a terra tremer...
Tudo começa a se deslocar
Meu Deus, onde fui parar?
Sinto que estamos subindo
Engulo em seco e abro os olhos
Respiro fundo e tomo coragem
de, finalmente, olhar a janela...
E tudo se acalma
com a beleza do mundo diminuindo,
com a certeza de que não estou caindo
com as nuvens do tapete de algodão
com um novo olhar longe do chão
E tudo se acalma
com um horizonte que é uma pintura
com a bonança depois da loucura
com a paz que se tem na altura
com um medo que fácil se cura
Voando pela primeira vez...
Para a menina que sentou ao meu lado, em pleno vôo da Azul, 26/10/2010
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