Rodolfo Pamplona Filho
Enquanto alguém crê que há
somente uma dualidade
é capaz de acreditar
que existe uma única verdade
a simplesmente adestrar
a inteira humanidade.
Na guerra, um terceiro eixo;
No teatro, um terceiro ato;
No jogo, um terceiro tempo;
Na alma, um terceiro olho.
Talvez a trindade
seja, na realidade,
a mais perfeita expressão
do poder da variação,
em que o pai é também o filho,
mas ainda um terceiro ser,
sem problema ou empecilho
de amar ou compreender.
Então, por que soa difícil
aceitar minha identidade,
como se não fosse possível
exercitar minha liberdade?
Será que sou uma terceira via
para a opressão que silencia?
Talvez um terceiro sinal
para o machismo cruel e mortal?
A singularidade precisa de autonomia
A complexidade requer isonomia
A beleza não reside na normalização
A vocação vai além da orientação.
Em um mundo que me olha como abjeto,
quero apenas meu espaço, respeito e afeto.
Salvador, 22 de setembro de 2016, no V Congresso Internacional do IBDFAM.
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